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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cinco minutos com Galeano

Outro dia, uma moça desconhecida comentou em um texto rápido – que falava do universo e suas experiências – do meu blog (http://cafecigarrosedesordem.blogspot.com): “a vida é eterna em cinco minutos.”

Pesquisei, e descobri uma canção de Victor Jara, “Te Recuerdo Amanda”, que tem essa frase. “Son cinco minutos / la vida es eterna / en cinco minutos / Suena la sirena / de vuelta al trabajo / y tu caminando lo iluminas todo / los cinco minutos / te hacen florecer”

O comentário me remeteu ao livro que traz a beleza e a emoção dos “pequenos momentos”, de Eduardo Galeano, “O Livro dos Abraços”. Me foi indicado por um amigo (ver Perfil dessa edição do Caderno Comportamento) em uma noite no Morrison Rock’n Blues Bar. O estranho é que nos dias seguintes, a obra “caiu em minhas mãos” e eu entendi os bons comentários que ouvi. Eu floresci naqueles pequenos momentos.

Nunca havia lido o autor das veias abertas da América Latina. Ali, pude perceber o motivo dele ser tão admirado. “O Livro dos Abraços” apresenta textos miúdos de passagens por cidades de paises diferentes, histórias curiosas ouvidas pelo autor e sentimentos em noites tortuosas, tudo isso junto de um punhado de ilustrações em negro que parecem ser de tempos remotos ou de um estilo passado. Quase um livro de recordações, já que recordar, do Latim re-cordis, é “tornar a passar pelo coração”, como diz na página que antecede os momentos de Galeano.

“Na América Latina, a liberdade de expressão consiste no direito ao resmungo em algum rádio ou em jornais de escassa circulação. Os livros não precisam ser proibidos pela polícia: os preços já os proíbem.” Esse é um recorte de um texto sentido por Galeano que me tocou, chamado “A televisão/3”.

O autor e também jornalista, nascido em 1940, é uruguaio, mas foi exilado na Argentina e na Espanha, entre 1973 e 1985. Escritor premiado, Eduardo Galeano, de cinco em cinco minutos, se faz necessário como dose diária de um abraço que pode ir do calmo ao intranqüilo, assim como a vida.

(Publicado no Caderno Comportamento em 18 de setembro de 2010)

Um comentário:

Anna Blume disse...

Moça Desconhecida, Anna Blume, também chamada Amanda B. ;)