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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

a cartomante

há pouco mais de um ano, uma cartomante-leitora-de-mãos, com um índio incorporado que nunca-se-engana, previu a morte de uma pessoa querida. previu e acertou. ela disse também que havia um homem, que eu não desconfiava, que já tinha uma pessoa, mas que guardava por mim amor platônico. disse mais: falou que ficaríamos juntos, que ele deixaria da dita mulher e que seríamos felizes. engraçado, somente a tragédia se configurou. pode parecer tolo, mas a previsão da cartomante ficou em mim. tanto que a cada novo rosto, procuro esse homem. mas nunca, nunca o encontrei. existem bilhões de pessoas na terra, mas nenhuma que tenha dito “eu te amo” & “vamos ficar juntos”, “não precisa mudar, te amo assim” ou “quero ficar só com você”, como diz aquela música de amor urbano e contemporâneo. fico pessimista e penso: se eles, os homens, fossem bons, eu não teria os abandonado ou eles não teriam me abandonado. se eles fossem bons, eu não estaria só, acreditando em previsões de velhas bruxas clarividentes. o amor é como um personagem lendário que teimamos em acreditar. como um duende, um elfo ou coisa que o valha. tenho quase certeza de que ele não existe, mas a lenda permanece e me (des)conforta o peito. tenho quase certeza que efraim medina reyes estava certo quanto aos atributos certos que as mulheres precisam ter para serem amadas por um homem e que não importa se elas atravessam as fases da lua em nado celestial: nada vale, senão as formas & perfumes, pesos & medidas. dados etéreos são démodé. felizes dos homens, pois as mulheres já não são assim. meus olhos são prova disso. então, desculpe, madame. mas sua previsão é furada. homem nenhum é capaz de amar o que a dor me fez. agora, devolva a vida daquela que a tua previsão levou. e demita o índio velho, porque ele finalmente se enganou.

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