O Mundo das Esponjas
Eles estão sentados
Parados... de boca aberta
A saliva escorrendo pelo queixo
Eles estão sentados
Ouvindo tudo
Sugando tudo
Seus cérebros guardam as informações
Mas suas almas não captam as mensagens
Eles estão sentados
Não sentem
Não pensam
Não amam
Suas nádegas amassadas nas cadeiras
Seus olhos fixos
Esbugalhados
Eles estão sentados
De expressão pesada
Eles não sorriem
Ou choram
Eles não querem sonhar
Querem dinheiro
E um pouco de glamour
Eles querem novela
E nenhum papel no mundo
Querem coluna social
Fofoca e carnaval
Eles querem reality show
Gaiolas e televisão
Eles estão sentados
E nada os tira dali
Seus corpos guardam o vírus
De um mundo de ar-condicionado
Esperando o belo dia
Em que serão pessoas felizes
Enquanto dizem por aí
Fazer o quê?
É a vida...
O que é o amor? Um sentimento louco, distorcido... que soa pesado e lento, violento... que não tem tom definido ou limite escolhido. O que é o amor? Uma gota divina nesse poço mundano, vulgar e profano. O sagrado dentro dos ímpios. A arte dos mundos. O que é o amor? Indefinido... indiscritível... eterno... etéreo... lisérgico. O amor é um perfume doce... amargo... azedo... salgado... ou cítrico... amadeirado... ou perfeito. É a combinação dos mais puros elementos... um sonho dentro de um sonho... ou talvez... um espetáculo ruidoso... ou também... um epitáfio bauzaqueano... só sei que ele chegou até mim, fez casa no meu corpo... trouxe a febre mais ardente e padeço como símbalo estridente... e me fortaleço tal qual o medo diante do medo. Eu sou o amor agora... e o que sinto é vivo e mórbido... cadavérico e renascente. Só sei que o que eu era eu não sou mais, depois que decifrei os códigos do meu amor.... e fim.
Não sei por que agüento a tua frieza, o teu descaso, a tua indiferença. Hoje tudo está tão pesado, minha alma não suporta meu corpo, meu corpo não suporta minha alma, minha cabeça parece vítima de microfonia. Sem saída, a rua acabou. É hora de procurar outro lugar pra caminhar. Jamais hei de acostumar-me com esses abraços gelados, com esses beijos esquivos, com essas palavras forçadas. Não... jamais! Não sou um fantoche, tão pouco sou sua. Sou minha e não me permito seguir quando percebo que o amor não cabe a mim.
Universo Estranho
Chega perto de mim
Não tenha medo
Minha maldade às vezes se esconde
Eu sei o que você guarda
Por detrás desses olhos castanhos
Eu conheço o teu sonho mais doce
Teu medo mais violento
Eu conheço o que você pensa
Quando está sozinho
Trancado em seu quarto
Eu sei o que você tem
Dentro de suas gavetas mais secretas
Eu posso te ajudar
Cuidar dos teus abismos
Eu posso amar você
E te dar colo nos dias tristes
Eu sei como falar
E como calar quando a chuva sussurra
E escorre pela nossa janela
Que deixa o vento passar
Que balança as cortinas tão leves
Que toca nossos rostos pálidos
Nas noites tranqüilas e poéticas
Perfumadas por incensos suaves
Eu sei... eu sei o que você quer
E sei o que te falta
Eu sou um chão de gelo
Que se enrijece quando é preciso
Eu sou a voz que te chama no escuro
E a luz que consome as sombras
Dos teus pesadelos
Eu sou o mal que te amedronta
Mas sou o bem que te acalenta
Eu sou um universo incerto
Pronto para ser descoberto...
Adentre em mim e veja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário