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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

tempos de annabel lee

e encontrei um outro blog, meio bobo "diário de annabel lee" {http://annabel_lee.weblogger.terra.com.br}, também de 2004. mas, escolhi alguns escritos.

O Mundo das Esponjas


Eles estão sentados

Parados... de boca aberta

A saliva escorrendo pelo queixo

Eles estão sentados

Ouvindo tudo

Sugando tudo

Seus cérebros guardam as informações

Mas suas almas não captam as mensagens

Eles estão sentados

Não sentem

Não pensam

Não amam

Suas nádegas amassadas nas cadeiras

Seus olhos fixos

Esbugalhados

Eles estão sentados

De expressão pesada

Eles não sorriem

Ou choram

Eles não querem sonhar

Querem dinheiro

E um pouco de glamour

Eles querem novela

E nenhum papel no mundo

Querem coluna social

Fofoca e carnaval

Eles querem reality show

Gaiolas e televisão

Eles estão sentados

E nada os tira dali

Seus corpos guardam o vírus

De um mundo de ar-condicionado

Esperando o belo dia

Em que serão pessoas felizes

Enquanto dizem por aí

Fazer o quê?

É a vida...


O que é o amor? Um sentimento louco, distorcido... que soa pesado e lento, violento... que não tem tom definido ou limite escolhido. O que é o amor? Uma gota divina nesse poço mundano, vulgar e profano. O sagrado dentro dos ímpios. A arte dos mundos. O que é o amor? Indefinido... indiscritível... eterno... etéreo... lisérgico. O amor é um perfume doce... amargo... azedo... salgado... ou cítrico... amadeirado... ou perfeito. É a combinação dos mais puros elementos... um sonho dentro de um sonho... ou talvez... um espetáculo ruidoso... ou também... um epitáfio bauzaqueano... só sei que ele chegou até mim, fez casa no meu corpo... trouxe a febre mais ardente e padeço como símbalo estridente... e me fortaleço tal qual o medo diante do medo. Eu sou o amor agora... e o que sinto é vivo e mórbido... cadavérico e renascente. Só sei que o que eu era eu não sou mais, depois que decifrei os códigos do meu amor.... e fim.


Não sei por que agüento a tua frieza, o teu descaso, a tua indiferença. Hoje tudo está tão pesado, minha alma não suporta meu corpo, meu corpo não suporta minha alma, minha cabeça parece vítima de microfonia. Sem saída, a rua acabou. É hora de procurar outro lugar pra caminhar. Jamais hei de acostumar-me com esses abraços gelados, com esses beijos esquivos, com essas palavras forçadas. Não... jamais! Não sou um fantoche, tão pouco sou sua. Sou minha e não me permito seguir quando percebo que o amor não cabe a mim.


Universo Estranho


Chega perto de mim

Não tenha medo

Minha maldade às vezes se esconde

Eu sei o que você guarda

Por detrás desses olhos castanhos

Eu conheço o teu sonho mais doce

Teu medo mais violento

Eu conheço o que você pensa

Quando está sozinho

Trancado em seu quarto

Eu sei o que você tem

Dentro de suas gavetas mais secretas

Eu posso te ajudar

Cuidar dos teus abismos

Eu posso amar você

E te dar colo nos dias tristes

Eu sei como falar

E como calar quando a chuva sussurra

E escorre pela nossa janela

Que deixa o vento passar

Que balança as cortinas tão leves

Que toca nossos rostos pálidos

Nas noites tranqüilas e poéticas

Perfumadas por incensos suaves

Eu sei... eu sei o que você quer

E sei o que te falta

Eu sou um chão de gelo

Que se enrijece quando é preciso

Eu sou a voz que te chama no escuro

E a luz que consome as sombras

Dos teus pesadelos

Eu sou o mal que te amedronta

Mas sou o bem que te acalenta

Eu sou um universo incerto

Pronto para ser descoberto...

Adentre em mim e veja.

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