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domingo, 12 de setembro de 2010

... E o rock permanece

Epopeia continua, bebendo da fonte do caos urbano

O samba de terreiro de Ruy Muriti era a trilha sonora da entrevista feita na casa, conhecida pelos amigos como Purple House, de dois dos quatro integrantes da banda de rock chapecoense Epopeia: Liza A. Bueno e Herman G. Silvani, o Niko. Paredes vermelhas e roxas, o contraste com o verde limão fluorescente da cortina de pedrarias falsas, as estampas de sol, as almofadas cintilantes, filmes, CDs, livros, muitos livros.

Acompanhados por Teckila, a fiel cachorrinha do casal, tomamos mate e comemos amoras do quintal, enquanto conversávamos sobre os tempos em que tocavam na X-Meleka, banda punk que se transformou em Tribo Audaz, que trouxe não somente o punk, como o hardcore, o ska e o rock. Da Tribo Audaz, veio a Epopeia – nome que referencia um estilo clássico de poesia, caracterizado por heroísmos, grandes acontecimentos e grandes personagens.

“O rock nasceu no pós-guerra. Querendo ou não, ele se tornou a primeira voz ativa e coletiva da juventude. Dá para se pensar na história do rock como uma epopeia contemporânea, moderna”, explica Niko, guitarra & voz da banda. Ele pensa o rock não somente como música, mas como comportamento, atitude, concepção.

A base da banda, criada em 2001, é o garage rock, o psicodelismo, bandas de meados da década de 1960 até meados da década de 1970, como as internacionais The Cream, The Who, The Velvet Underground and Nico e Pink Floyd, e as nacionais Os Mutantes e Patrulha do Espaço, além de bandas contemporâneas, como Plástico Lunar. Sonoridade pesquisada pelos integrantes, que contribuem com seus estilos preferidos na banda. “O rock está sempre presente. Não é um modismo. O rock permanece”, fala Liza.

Apesar disso, acreditam que o rock está perdendo um pouco da sua força com as novas gerações. “É só moda, é só visual. Mais visual do que som”, comenta Liza. “Os jovens absorvem muito mais a estética visual, pela televisão, pelos vídeos, do que a sonoridade. Estamos até pensando em fazer um novo estilo: rock universitário ou rock colegial”, brinca Niko.

Mas, não só o rock permanece como a Epopeia continua, bebendo da fonte do caos urbano, pelo motivo mais simples e nobre de todos: o amor. “Quem toca, é porque gosta de tocar. É como quem escreve, independente se há vendas ou não, você quer escrever, assim como quem toca quer continuar tocando”, prossegue Niko.

Com esse desejo, criaram o projeto “Entrevero de Rock”, para unir forças com as bandas chapecoenses que têm composições próprias, na vontade de criar um grande movimento musical na cidade, que agora, pretende ser feito no Morrison Rock’n Blues Bar.

Depois de dois álbuns gravados, “...canções noturnas & outras contravenções sonoras...” – 2007 (demo, quando ainda era um trio), e “em mo.vi.men.to” – 2009 (recente, com Eliz no vocal), a Epopeia pretende gravar um novo CD entre o final desse ano e o inicio do ano que vem.


Epopeia é composta por Fabrício Tubin (Tuba) na bateria, Elizangela A. Bueno (Liza) baixo & voz, Herman G. Silvani (Niko) guitarra & voz e Elizandra A. Bueno (Eliz) vocal.


A energia da Epopeia em ação, no Morrison Rock’n Blues Bar, no sábado (11):

(Publicado no Voz do Oeste em 13 de setembro de 2010)

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