Ritual do Mundo
O velho mago atravessou a rua
E entrou na bela Casa de Chás,
Na cidade estranha e distante,
Porém a mais linda de todas.
Ele pediu o chá mais saboroso,
Doce como o que passou
E inesquecível como os olhos negros
Que nunca deixam de ver o quanto não têm fim.
Trouxeram-lhe.
Ele bebeu com a força do seu pedido,
Mas ele não sabia, que haviam dado-lhe absinto...
É o que todos sempre fazem, adoram odiar.
Isso é o que chamam de mundo.
Sem Título
No fogo da cor, imagem, você.
Lembrança passada, mas tão presente
Que incertos seriam meus pensamentos sem ela.
Via sua presença exuberante, estranha,
Em meus olhos encantados, encantando
Presos nos tecidos de flanela da infância.
Via-te, senhor das alturas, auto-sacerdote de mim,
Naquela colina de fogo, com liberdade e distância nos olhos.
Via seus cabelos e segredos seguirem o vento constante da colina,
Monumental, extraordinário.
O céu, o seu céu, brasas ofegantes, deslumbrantes, errantes.
Perdido em seu olhar do passado,
Você do ontem e eu, menina em prantos a desejar-te.
Tão menina, que quase não entendia minha admirada e oculta visão.
Ouvia você, sentia, tocava.
Lembrava-te a cada instante sonhado na minha realidade.
Meu adorado sonhador,
Valente e certo de suas convicções,
Esvoaçava na longitude, na altura estonteante.
Só via, só vejo você.
Abaixo do céu dourado, o sol feito jóia,
Espalhava seus fios de ouro
Em qualquer lugar onde o olhar fitasse.
Este sol de ouro sempre me acompanhou,
Pois sua sombra me seguia.
Flor de Safiras
Você adormeceu,
E eu assistindo seu caminhar,
Leve, livre, lento... segui.
É aqui onde você se esconde?
É nesta porta,
onde anjos e suas asas de ouro adormecem?
Você é mais um?
Não, é o único.
Como será o seu nome?
Os segredos de suas madeixas,
Como será aí dentro?
Seu esconderijo é meu,
Mas você não sabe, pois até então, nem ao menos eu sabia
Que tenho a chave para seguir,
para ir ao portão profundo e prolixo do jardim,
do seu jardim das percepções.
Estava distante, pois seu andar atrapalhou-me,
Seu silêncio fez perder-me,
E eu desajeitada, tentava desvendar as pistas dos seus sonhos de prata,
Que se perdiam nos antigos caminhos de pedra
Nas estradas de ferro aonde o trem que vai para o vale das ilusões, esperava-me.
Você está lá, livre em seu ânimo,
Devaneando-se na fortaleza, na flor de safiras,
onde está a chave da volta,
Entrelaçada em suas guirlandas.
Aqui o céu gris como sua alma, está próximo
E as nuvens são como sonhos tranqüilos.
Sou como espiã da sua arte,
da sua morada do amor,
da sua palavra, é o seu silêncio.
Você aqui encanta, brilha.
Mas já é hora de voltar à rua do amor, onde você mora.
Volte é aqui onde estou.
Desperte, sacode os sonhos do cabelo minha linda e doce criança.
Sinta a suavidade do seu refúgio,
A paz como a noite que nele está,
Sinta que é só aqui o seu amparo,
Sinta meus passos incertos por somente te seguir,
Sinta a igualdade de nós,
Sinta, só sinta e depois veja...
É aqui onde você se esconde.
Morada Mórbida
Se além do portão houvesse algo,
Algo que dentro dele não há,
Existiria liberdade.
Tenho a chave do portão,
Mas não preciso abri-lo.
Se abrisse a porta
e deslizasse em um lugar invisível
porém único e que realmente existe,
Abriria a porta.
Algo cego quis levar embora nossos contos,
Nossos filmes inventados,
Nossas ruas de peles de campos
Raros e imortais.
A chuva chegou, mas a bela carruagem
Não encontrou o caminho.
A chuva bateu nas janelas e portas da casa sem fim,
Mas já tenho dito, não tem por que abri-las.
Chuva, chuva... Nada saberá antes de entrar.
Não lhe servirei o chá prometido,
Na hora combinada, inusitada.
Nunca mais verá os longos corredores
E as intermináveis portas.
Não se vier vazia, sem a carruagem,
Sem os cavalos negros, sem a madrugada.
Quebre agora as ampulhetas e as correntes,
Pois não mais suportaria
Seu vento soprando tempo e escravidão.
O cavaleiro seguiu uma estrada incerta,
Estranhamente morta, gélida e só,
E o poço que estava ao lado dela,
Escondeu-se, pois não reconheceu
O belo cavaleiro.
Não tens refúgio lá fora,
E lá a serpente vive,
Fugiu de sua morada mórbida.
Você sozinho lá fora,
As serpentes são as ruas,
Ela não está imobilizada
E de pronto o engolirá
Não espere que lhe guie,
Só lhe darei alento se quiseres,
E se quiseres, voltará,
Em sua imensidão,
Sorrindo tal como criança eterna que somos.
Mostrarei-lhe o esconderijo,
E não queira antes disso,
Caminhar pelo labirinto.
Madeira
Livros de papel envelhecido,
Mostram sua vida em guerra
Sangue e sorriso
Paz e morte
Medo
Ouça o som da noite,
Ouça o som da guerra.
O alquimista tocou sua alma,
Ouro negro.
Espiões de tiros
Agregados em máquinas
De sua pretensão
Acordem, escutem!
Nada são além de egocêntricos
Insanos em suas surdezes cegas
Nada são, nada pensam.
Com sangue escreverei as últimas palavras
Nos muros de pedras de verão
Com nostalgia,
Na cidade adormecida
Pelo medo de pensar.
Rainha das Pulsações
Os fios de ouro renderam-se no enegrecer da noite quando os cílios do dia fecharam-se, no cintilar das pálpebras, da púrpura escuridão. Inaugura os caminhos com o negro dos seus olhos. Meus passos, traços e atos encenam a insensatez dos sentidos. Fecharam-se as cortinas de veludo da ingênua lembrança, infância do anil que lhes cobria o íntimo, agora, cor da detonada vingança, explode em seu exército cor de sangue, escarlate, em reviravoltas celestiais.
Antes a cor gris do portão, ao qual tinha seu ânimo, seu prisma reluzido em forma de palavras, refletindo toda a cor da tua alma, delicada qual vestes de fadas e magos, guardiões de suas flores de safiras, seu fortim. Esqueça todo o brilho do passado. Saudações a todos, chegou o instante do fim. Esqueça seus sonhos de prata, pois cor prata será minha morada, com céus de mármore e paredes de madeira envelhecida. Esqueça seu esconderijo em mim, desta vez a cintilação afastará a alvor do dia. A insensatez não mais será vista, admirarão meu corpo de concreto, aplaudirão meu memorial e relembrarão em seu último dia.
A sentença de suas almas profanadas, em minha fornalha, no túnel de seus mundos apartados. Mas resguardem sua calma, pois "no fim do túnel sempre existe uma luz" uma luz que arde, o fogo de seus próprios umbrais, a ardência de seus sentidos, sepulcral, crucial.O veneno jorrou-se em forma de pranto e agora tudo está preparado. Eis o princípio de meu cerimonial. Evoco-os. Preciso de vossas faces e de suas veias para construir a minha veste, costurando uma a uma em meu corpo, para a cerimônia do fim.
Evoco-vos também, forças benignas, desçam dos céus seus anjos puros, mas que venham armados com adagas e punhais, pois haverá uma batalha, mesmo que a vitória já seja minha. Quero com seus punhais arrancar-lhes seus claros e encantadores olhos para construir minha coroa. E com suas adagas arrancarei-lhes seus dourados cachos de ouro, para contrastar com minha alma da noite. Então me tornarei rainha e eternos serão os espectros dos espelhos de meus olhos. Tornarei-me rainha dos suspiros de anjos e sagrados serão meus passos, na dança em brasas, feita com seus restos.
O velho mago atravessou a rua
E entrou na bela Casa de Chás,
Na cidade estranha e distante,
Porém a mais linda de todas.
Ele pediu o chá mais saboroso,
Doce como o que passou
E inesquecível como os olhos negros
Que nunca deixam de ver o quanto não têm fim.
Trouxeram-lhe.
Ele bebeu com a força do seu pedido,
Mas ele não sabia, que haviam dado-lhe absinto...
É o que todos sempre fazem, adoram odiar.
Isso é o que chamam de mundo.
Sem Título
No fogo da cor, imagem, você.
Lembrança passada, mas tão presente
Que incertos seriam meus pensamentos sem ela.
Via sua presença exuberante, estranha,
Em meus olhos encantados, encantando
Presos nos tecidos de flanela da infância.
Via-te, senhor das alturas, auto-sacerdote de mim,
Naquela colina de fogo, com liberdade e distância nos olhos.
Via seus cabelos e segredos seguirem o vento constante da colina,
Monumental, extraordinário.
O céu, o seu céu, brasas ofegantes, deslumbrantes, errantes.
Perdido em seu olhar do passado,
Você do ontem e eu, menina em prantos a desejar-te.
Tão menina, que quase não entendia minha admirada e oculta visão.
Ouvia você, sentia, tocava.
Lembrava-te a cada instante sonhado na minha realidade.
Meu adorado sonhador,
Valente e certo de suas convicções,
Esvoaçava na longitude, na altura estonteante.
Só via, só vejo você.
Abaixo do céu dourado, o sol feito jóia,
Espalhava seus fios de ouro
Em qualquer lugar onde o olhar fitasse.
Este sol de ouro sempre me acompanhou,
Pois sua sombra me seguia.
Flor de Safiras
Você adormeceu,
E eu assistindo seu caminhar,
Leve, livre, lento... segui.
É aqui onde você se esconde?
É nesta porta,
onde anjos e suas asas de ouro adormecem?
Você é mais um?
Não, é o único.
Como será o seu nome?
Os segredos de suas madeixas,
Como será aí dentro?
Seu esconderijo é meu,
Mas você não sabe, pois até então, nem ao menos eu sabia
Que tenho a chave para seguir,
para ir ao portão profundo e prolixo do jardim,
do seu jardim das percepções.
Estava distante, pois seu andar atrapalhou-me,
Seu silêncio fez perder-me,
E eu desajeitada, tentava desvendar as pistas dos seus sonhos de prata,
Que se perdiam nos antigos caminhos de pedra
Nas estradas de ferro aonde o trem que vai para o vale das ilusões, esperava-me.
Você está lá, livre em seu ânimo,
Devaneando-se na fortaleza, na flor de safiras,
onde está a chave da volta,
Entrelaçada em suas guirlandas.
Aqui o céu gris como sua alma, está próximo
E as nuvens são como sonhos tranqüilos.
Sou como espiã da sua arte,
da sua morada do amor,
da sua palavra, é o seu silêncio.
Você aqui encanta, brilha.
Mas já é hora de voltar à rua do amor, onde você mora.
Volte é aqui onde estou.
Desperte, sacode os sonhos do cabelo minha linda e doce criança.
Sinta a suavidade do seu refúgio,
A paz como a noite que nele está,
Sinta que é só aqui o seu amparo,
Sinta meus passos incertos por somente te seguir,
Sinta a igualdade de nós,
Sinta, só sinta e depois veja...
É aqui onde você se esconde.
Morada Mórbida
Se além do portão houvesse algo,
Algo que dentro dele não há,
Existiria liberdade.
Tenho a chave do portão,
Mas não preciso abri-lo.
Se abrisse a porta
e deslizasse em um lugar invisível
porém único e que realmente existe,
Abriria a porta.
Algo cego quis levar embora nossos contos,
Nossos filmes inventados,
Nossas ruas de peles de campos
Raros e imortais.
A chuva chegou, mas a bela carruagem
Não encontrou o caminho.
A chuva bateu nas janelas e portas da casa sem fim,
Mas já tenho dito, não tem por que abri-las.
Chuva, chuva... Nada saberá antes de entrar.
Não lhe servirei o chá prometido,
Na hora combinada, inusitada.
Nunca mais verá os longos corredores
E as intermináveis portas.
Não se vier vazia, sem a carruagem,
Sem os cavalos negros, sem a madrugada.
Quebre agora as ampulhetas e as correntes,
Pois não mais suportaria
Seu vento soprando tempo e escravidão.
O cavaleiro seguiu uma estrada incerta,
Estranhamente morta, gélida e só,
E o poço que estava ao lado dela,
Escondeu-se, pois não reconheceu
O belo cavaleiro.
Não tens refúgio lá fora,
E lá a serpente vive,
Fugiu de sua morada mórbida.
Você sozinho lá fora,
As serpentes são as ruas,
Ela não está imobilizada
E de pronto o engolirá
Não espere que lhe guie,
Só lhe darei alento se quiseres,
E se quiseres, voltará,
Em sua imensidão,
Sorrindo tal como criança eterna que somos.
Mostrarei-lhe o esconderijo,
E não queira antes disso,
Caminhar pelo labirinto.
Madeira
Livros de papel envelhecido,
Mostram sua vida em guerra
Sangue e sorriso
Paz e morte
Medo
Ouça o som da noite,
Ouça o som da guerra.
O alquimista tocou sua alma,
Ouro negro.
Espiões de tiros
Agregados em máquinas
De sua pretensão
Acordem, escutem!
Nada são além de egocêntricos
Insanos em suas surdezes cegas
Nada são, nada pensam.
Com sangue escreverei as últimas palavras
Nos muros de pedras de verão
Com nostalgia,
Na cidade adormecida
Pelo medo de pensar.
Rainha das Pulsações
Os fios de ouro renderam-se no enegrecer da noite quando os cílios do dia fecharam-se, no cintilar das pálpebras, da púrpura escuridão. Inaugura os caminhos com o negro dos seus olhos. Meus passos, traços e atos encenam a insensatez dos sentidos. Fecharam-se as cortinas de veludo da ingênua lembrança, infância do anil que lhes cobria o íntimo, agora, cor da detonada vingança, explode em seu exército cor de sangue, escarlate, em reviravoltas celestiais.
Antes a cor gris do portão, ao qual tinha seu ânimo, seu prisma reluzido em forma de palavras, refletindo toda a cor da tua alma, delicada qual vestes de fadas e magos, guardiões de suas flores de safiras, seu fortim. Esqueça todo o brilho do passado. Saudações a todos, chegou o instante do fim. Esqueça seus sonhos de prata, pois cor prata será minha morada, com céus de mármore e paredes de madeira envelhecida. Esqueça seu esconderijo em mim, desta vez a cintilação afastará a alvor do dia. A insensatez não mais será vista, admirarão meu corpo de concreto, aplaudirão meu memorial e relembrarão em seu último dia.
A sentença de suas almas profanadas, em minha fornalha, no túnel de seus mundos apartados. Mas resguardem sua calma, pois "no fim do túnel sempre existe uma luz" uma luz que arde, o fogo de seus próprios umbrais, a ardência de seus sentidos, sepulcral, crucial.O veneno jorrou-se em forma de pranto e agora tudo está preparado. Eis o princípio de meu cerimonial. Evoco-os. Preciso de vossas faces e de suas veias para construir a minha veste, costurando uma a uma em meu corpo, para a cerimônia do fim.
Evoco-vos também, forças benignas, desçam dos céus seus anjos puros, mas que venham armados com adagas e punhais, pois haverá uma batalha, mesmo que a vitória já seja minha. Quero com seus punhais arrancar-lhes seus claros e encantadores olhos para construir minha coroa. E com suas adagas arrancarei-lhes seus dourados cachos de ouro, para contrastar com minha alma da noite. Então me tornarei rainha e eternos serão os espectros dos espelhos de meus olhos. Tornarei-me rainha dos suspiros de anjos e sagrados serão meus passos, na dança em brasas, feita com seus restos.
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