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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

cerejas suicidas

encontrei um blog meu muito antigo {http://annabel-lee.weblogger.terra.com.br}, de 2004, que chamei de "cerejas suicidas ". nele, alguns posts memoráveis...

não me pergunte!

histórias e contos

são mais sábios que eu

deixe lhe contar

deixe que eu te mostre

o deserto dos meus olhos

o impulso das minhas vozes

meus demônios

meus anjos alados

minhas funestas verdades

poesia desmembrada

além de incerta

calma e inválida

vulgar e profana

deixe-me mostrar

o sagrado de mim

vagando na noite perdida

onde não há estrelas

ah, morrison

tu que foi tão forte

e teu corpo tão fraco

venha me buscar em uma noite qualquer

deixe-me escolher meu signo

vamos ouvir a noite cantar

e esperar o dia nascer

com dois sois multicoloridos

só pra variar

mais um pouco de nonsense para esquentar a noite

já que vinho se tornou risco de vida

mais uma dose de poesia absurda

mais cem copos de inconsciência, por favor

ninguém mais agüenta esse mundinho real

ningüém mais agüenta acreditar que somos simples mortais

sonho, sonho... me traga músicas dos beatles

com clipes nostálgicos... bem fora das leis

sonho, sonho... me traga o amor dos puros

e me diga pra qual estrada devo ir

em qual trem devo entrar

sonho, sonho... não me deixe tão só

preciso de beijos abstratos e abraços sem fim

sonho... seja bom... ao menos você

já que eu, sem querer, sou tão cruel e imperfeita

dúvidas

distância

frieza

descaso

solidão

antigüidades

sem valor

acomodação

sem amor

ponto final

Por mil anos procurei sua alma...

Quantos poemas comecei assim

Nada comparado ao que eu realmente sinto

Pois, como Nietzsche diria

As palavras estão mortas em nossos corações

Porém, mortas, vivas ou mortas-vivas

Teimo em libertá-las

Pois as vejo como libélulas enclausuradas

Borboletas de um inferno não maldoso

Mas conflituoso e furtivo

Que se despedaça a cada vil instante real

Que anceia por uma porta do mundo surreal

Como o de Alice No País Das Maravilhas

Insano, porém poético

Irritante, porém desconcertante

Impiedoso, porém fantástico

E nada irá roubar-lhe essas qualidades mais que humanas

E nada irá fazê-lo perder o perfume etéreo

E nada colocará um ponto final

Pois não existe final

É... existem estranhas formas de fugir quando se está em dias estranhos. Nada é aceitável... tolerável... digno de paciência. Quantas músicas ainda irei cantar para acalmar minhas fúrias instintivas? Quantos poemas pobres de rima, métrica ou estética farei antes da noite chegar? Não deveria ter aberto minha janela neste dia tão claro, tão cheio de dor. Se a morte chegará com o fim dos tempos, terei que aproveitar antes que o sol se dissolva e até lá é melhor ser pagão, do que ser pseudo-profeta nas surdezes do mundo.

Estou tentando achar o meio-termo... não quero ser grossa... mas também não quero mentir ou fingir, ser hipócrita. Não quero ser extremista, ser anti-social, mas também quero que as pessoas saibam o que eu penso, o que eu aprovo ou desaprovo nas suas atitudes... personalidades. Quero que elas saibam também que se estou ao lado delas é porque eu as amo e não por mera conveniência. Se procuro por elas é porque tenho bons sentimentos e não por não querer ficar sozinha, pois disso eu não tenho medo e mais, eu gosto disso muitas vezes. Não quero mais brigar, ficar magoada com ninguém... quero perdoar a todos e tentar enteder o lado de cada um... entender seus motivos. Saber que algumas pessoas amam com toda sua alma, mas expressam de formas diferentes. Entender que não existe superioridade, não existem pessoas ignorantes ou fúteis... todos têm algo a oferecer, sem distinção. E que o meio-termo não é algo morno... mas é um ponto que se aproxima muito da paz.

nada a dizer, palavras são tão vis... como se eu não fosse vil. sim, eu sou uma anti-epopéia, um impulso nervoso ou um dia estranho. é, eu sou uma flor do mal e nada mudará isso.

vamos correr, correr, correr! o deserto está próximo e a rainha da estrada está a procura do rei lagarto. vamos chorar, chorar, chorar e esperar que a noite traga seu exército púrpura. vamos gritar, gritar, gritar e nos escondermos no oeste porque o oeste é melhor. vamos amar, amar, amar, o xamã traz o pêndulo, a faca e o amuleto, nos sacrificaremos pelos belos, fortes e sábios e nos tornaremos mojos risings. sim, vamos cair, cair, cair, cada vez mais fundo na inconsciência, esqueçamos nossos nomes, esqueçamos nosso mundo. vamos girar, girar e girar pois o karma cósmico do desejo nos chama e já é hora de partir.

desânimo...ciúme...dor...ódio...amor...fim.

eu sei... eu sei! já não dá mais para se esconder atrás do muro de berlim... já não dá mais para deslizar pelas florestas úmidas antes de cair na inconsciência... eu sei... eu sei. somos anjos em céus de concreto... eu sei. mas eu também sei que podemos ser heróis, podemos ser heróis ocultos. não... não nos suicidaremos antes de amanhecer, nem morreremos imersos em uma banheira de hotel, nem fugiremos para Hamburgo. nós ficaremos e esperaremos as fases passarem, cantando músicas antigas e tomando café nas estações. não teremos overdoses, nem nos derreteremos nos cânceres modernos, nem nos renderemos ao capitalismo que espreita do outro lado... do outro lado do nosso mundo. não... não seria justo, tão pouco seria digno. não beberemos pelos pubs da cidade, nem andaremos em latas estridentes pelas músicas podres. não. não deixaremos que a tristeza nos sucumba... pois a poesia não precisa ser triste... e para sentir não é preciso sofrer... deste romance eu já cansei.


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