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domingo, 26 de abril de 2009

Migalhas & misérias

Ah, as moléstias modernas
E o peito arde
E a cura tarda
E a vida segue

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Invisivel mente

Tem vezes que pareço dar lugar
A outra criatura que fala & escreve por mim
Possessão inconsciente, incorporação latente...
E então me leio e penso: será que isto é obra minha
Ou sou apenas uma carcaça de idéias
Que alguém despeja e sai
Invisivelmente?

"Ninguém segura esse meu delírio"


Concordo, não sei se esta é a melhor opção. Mas estou tão cansada dessa dor cansada, desse sofrimento por opção, dessa dor, dessa dor... Sou o que sou e isso me basta. Posso mudar, mas que isso seja lenta e verdadeiramente. Auto-piedade não vai ajudar. Nem desespero, nem preocupação. “Nem”, como diria o escritor gaúcho. Não sei o que virá, mas quem sabe? Esqueça os búzios, baby. Leve os dias como der e que venha o que virá. Ando nostálgica, querendo recuperar o tempo perdido, como se pudesse recriar os velhos dias. Quem sabe, quem sabe... Sinto uma energia incrível crescendo aqui dentro, de novo. Tenho apenas que voltar à vida, voltar a ser gente. E é isso que estou tentando fazer, com essa canção inesperada que compus sem pensar no meio da madrugada. Mas eu sei que enquanto isso os sinos rangem, a ampulheta dispara suas flechas certeiras, contra mim, contra-mão. E eu nem ligo. Quero seguir invertendo esses valores pré-fabricados “e que tudo mais vá pro inferno”. Seja meu delírio de inverno, e vamos ver no que vai dar.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"greek van peixe"


há quanto tempo não sinto esse vento frio do sul batendo no meu rosto & essas golas rolê & essas malhas diana listadas & estampadas de flores secas de outono. vermelho & marrom; café com chocolate; eu & você. esse cheiro de figueiras, esse mato repleto de margaridas saltitantes. esse céu. esse gosto de inverno do porvir. ah, esses dias. sinto como se nós fossemos filhos de um tempo que não vivemos. ou quem sabe vivemos? quem sabe estejamos voltando ao mundo com a velha roupagem dos tempos de luta & de alegria, alegria. te vejo dançar, tão primal. teus cabelos ruivos ao vento embaraçam os cachos com a energia do ar. te vejo se mover de dentro para fora & as batidas de uma banda vinda do subsolo, submundo, submersa greek van peixe. tuas pernas não são somente pernas humanas, são dois mecanismos feitos para a dança dos tempos. teu quadril, tu inteira é tão cheia de vida. despertaste há pouco, tem ainda aquele brilho fosco enrolado no pescoço. somos uma leva de jovens almas ressuscitadas ao mesmo tempo, em busca do tempo perdido. vivemos em uma mesma época, lutchamos, corremos, voamos, morremos vítimas de uma fogueira pútrida chamada capitalismo & reencarnamos nas mesmas malhas diana, nos mesmos tennis all star, entre os nós-cegos dos cachecóis da revolução. somos os mesmos seres do submundo, criando fanzines & filmes b nos buracos da sociedade desigual. queremos o mundo, o queremos agora, mas não sabemos o que fazer, qual é a ben/maldita missão que nos foi incutida. e nossos dias seguem rotos com cheiro de roupa velha, o gosto do marlboro na boca; os sonhos destruídos; o leite derramado. pensando em levar uma vida simples, sem grandes expectativas & esperas, sentindo apenas o vento bater na cara enquanto nos preparamos para o momento do fim: o fim dos medos, dos bloqueios, dos receios. o dia em que a missão florescerá como um verme de dentro de nós, sem aviso prévio, sem destino, sem anestesia. e ela virá, sublime, podre, densa, forte & inevitável. ah, se virá.

nunca mais


nunca mais, nunca mais, nunca mais
mas nunca mais é tempo demais
o corvo que o diga

quarta-feira, 8 de abril de 2009

a rosa & o bon vivant


eu queria ser apenas uma pessoa indo dormir
mas sou um imenso vazio, na escuridão
acenda-me, derreta-me, dá-me, toma-me!
antes que seja tarde, antes que a noite chegue
antes que a escuridão nos consoma vertiginosa a mente
matando um a um dos nossos sonhos & planos
para que o futuro não seja obra de ficção científica
sombra barata da poeira estelar que bateu em nós
enquanto andávamos com nossos rostos ao vento
nesse fim de mundo sereal killer, kiss-kiss-bang-bang!
sou a rosa tatuada no seu divã, me faça florescer
ervas-daninhas que descem ao chão, espinhos de hades
colha as folhas secas de lágrimas que caem das pupilas
seja meu ópio, meu semi-deus dos olhos & fumaças espirais
de ti, quero mais do que migalhas, quero teu cálice mais precioso
renda-se como eu me rendi, bon vivant dos ares distantes
mutante, sobrevivente de um tempo que não vivi
clareia, vago andante, clareia! avant, vivant!

sábado, 4 de abril de 2009

( )

(Inter) net é
_sub_ VIDA

Rezaguarda

Supernova vanguardista
Concretize meu poema
Leve-o para a era pop
Pop art, po pular
Ar transgressão!

_




(não há) vegas

La Playa

















Wander Wildner
Composição: Doberman

Yo no quiero mas estudar
Yo no quiero mas trabajar
Yo no quiero mas estudar
Yo no quiero mas
Yo quiero ir a playa
Yo te quiero mi querida
Yo te quiero mi amor
Yo te quiero em mis braços
Yo te quiero com calor

Tu te definhas


Vês, tu te definhas
A poesia já não é capaz
De livrar-te da morte

As paredes são frias
Tuas mãos estão vazias
E os segundos passam
Vestindo-se de anos

Não sabes o que fazer
Como e por que fazer
Então venda teus bens
Pegue o primeiro trem
Vá para bem longe daqui
Comprar um punhado
Das ilusões que crescem
Pendidas nos ares clandestinos

Foges, enquanto é tempo
Que o azul dos olhos dele
Te iluminem o caminho
Que a morte, vestida de veludo
Adie a sua hora marcada
Desligando os seus cordões
Em outra freguesia

Pois, vês, tu te definhas
Enferrujou o sorriso
O semblante, o sentido

O quarto escuro amanhece
Todo dia com os mesmos sons
E luzes que espremem-se
Entre os vãos da veneziana

Viva a poesia bem longe daqui
Mas saiba que teus anjos & demônios
Lhe aguardam na primeira esquina
E ao dobra-la, os levará consigo
No asco ou no delírio dos dias

sexta-feira, 3 de abril de 2009

baudelaireando


o som das palavras & das presenças
cede lugar ao vazio & ao silêncio
mas já estou tão acostumada que a dor nem chega
se tu não cedes, e eu não procuro ficar
tudo se vai & se acaba & morre
como tem de ser, como sempre é
pensei em sair, espairecer
mas por que e com quem?
sanguessugas pairam nas ruas
se despejam nos pescoços
que perambulam nos ócios da madrugada
elas chegam dos céus, elas roubam razões
amores, tesões, teus últimos tostões
lá fora está tão escuro, mas não tão escuro
quanto os tons que teimo em pintar
as paredes aqui dentro...
e o anjo vermelho já não tem
em seu anjo azul o pouso febril
e agora resta esperar o dia novo chegar
se é que ele vai chegar
cinema de constelações de cores, tuas & minhas
nossos tédios, furores & odores roxos
no palco do grande horrorshow que é a vida
e eu que já tecia um futuro feliz
agora padeço baudelaireando sem meu rimbaud

parafraseie, foucaut!