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sábado, 4 de abril de 2009

Tu te definhas


Vês, tu te definhas
A poesia já não é capaz
De livrar-te da morte

As paredes são frias
Tuas mãos estão vazias
E os segundos passam
Vestindo-se de anos

Não sabes o que fazer
Como e por que fazer
Então venda teus bens
Pegue o primeiro trem
Vá para bem longe daqui
Comprar um punhado
Das ilusões que crescem
Pendidas nos ares clandestinos

Foges, enquanto é tempo
Que o azul dos olhos dele
Te iluminem o caminho
Que a morte, vestida de veludo
Adie a sua hora marcada
Desligando os seus cordões
Em outra freguesia

Pois, vês, tu te definhas
Enferrujou o sorriso
O semblante, o sentido

O quarto escuro amanhece
Todo dia com os mesmos sons
E luzes que espremem-se
Entre os vãos da veneziana

Viva a poesia bem longe daqui
Mas saiba que teus anjos & demônios
Lhe aguardam na primeira esquina
E ao dobra-la, os levará consigo
No asco ou no delírio dos dias

Um comentário:

Leonardo de Castro disse...

Gosta de Manuel Bandeira?