O WikiLeaks botou os jornalistas do mundo todo no chinelo. Jornalistas, com todo o método, senso de ética e medinho de ofenderem as fontes (oficiais ou não) e de se foderem bonito, não cumprem o papel que deveriam cumprir: o de informar a população sobre o que está acontecendo. Não sei se posso dizer que sou jornalista. Depois disso, tenho até vergonha de me dizer jornalista. Acabei de me formar e tenho tudo para aprender. Tampouco sou filósofa, não sei quem sou. Mas, de certa forma, me incluo nessa panela da imprensa, meio sem querer. Afinal, trabalho em jornais diários há mais de três anos, como repórter, e jornalismo é minha vida. Observando os respingos do WikiLeaks, percebi que falta muito para eu me considerar alguma coisa. Senti que podemos, em cada canto do mundo, cutucar a ferida. No mais remoto ponto (seja em Chapecó, Xanxerê ou Xaxim), é possível cutucar a ferida, investigar e publicar, desde que se tenha senso de estratégia. Revelando fontes ou não, mostrando as caras ou não, revelando autores verdadeiros ou não, é possível fazer. O WikiLeaks mostra a informação nos nossos tempos e como ela pode ser forte, maior até mesmo que grandes organizações. A informação é uma adaga das mais cortantes, dificílima de se deter. Informação é um direito e o dever da imprensa é levar a “verdade”, mesmo debaixo de ameaças de processo, prisão e de morte. Isso, pelo menos na teoria, na minha teoria. No meu exercício de informar, sinto que sou perceptiva. Não me detenho nas referências, mas muito mais nos sentimentos. O engraçado é que nunca me disseram na faculdade que jornalismo dava abertura para sentimentos. O meu procura dar. Esse pode ser um ponto bom do trabalho que decidi desenvolver. Mas me falta a ousadia desses “meros” ativistas. Enxergar o problema e/ou buscar o problema e depois escancará-lo. Em cidades pequenas, diz minha editora, que isso é tarefa difícil. Todos sabem quem você é, onde mora, onde trabalha. Ser anônimo e ser o meio de fontes anônimas, aqui, pode ser mais complicado, mesmo que seja algo feito em pequena escala. Aqui, há muito para se dizer também. Mas isso pode ser desculpa para não admitirmos que, pelo menos por enquanto, não somos capazes. Que seja. Ainda temos esse pequeno espaço de tempo chamado presente para aprendermos e, se tudo der certo, temos um futuro longo para desenvolvermos o aprendizado, conseguido em cada uma das correntes que compõem a sociedade. Com um pouco de humildade, se pode chegar mais alto. Ou, como diz Paulo Leminski, esse poeta paranaense dos nossos tempos, “isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além.”
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