
Após 30 anos da morte de John Lennon, o líder dos Beatles continua fazendo parte da vida de Paulo e do filho Paulinho, integrante das bandas Mister Magoo e Power Trio
Filho do vendedor de bananas Osvaldo – dono da primeira fruteira da cidade, onde fica hoje a Nostra Casa – Paulo Dorvalino Franzmann odiava ser chamado de “bananeiro”. Chegava a fingir que não era com ele quando ouvia o apelido por aí. Até que depois de um grande sucesso de Jorge Ben, regravado pelos Incríveis, “Vendedor de Bananas” (Olha a banana / Olha o bananeiro / Eu trago bananas prá vender / Bananas de todas qualidades / Quem vai querer), Paulo e seus amigos da banda The Jokers resolveram adotar o nome Os Bananas.
“Bananeiro”, hoje com 59 anos, nascido em 26 de julho de 1951 em Chapecó, era guitarrista e vocalista da banda “rebelde” chapecoense de rock Os Bananas, surgida em 1967. “Aquilo que a gente não gostava quando éramos bem jovens, virou a nossa marca”, conta o roqueiro. A banda durou aproximadamente cinco anos. Costumavam fazer covers de bandas que gostavam, inclusive dos Beatles. Faziam show-bailes, tocando por cinco horas a fio. “Era para curtir e para dançar. Uma banda de baile, com repertório grande”, comenta o ex-integrante de Os Bananas, que chegou a gravar algumas fitas K7 na época.
“Um ser totalmente estranho”, influenciado pela Jovem Guarda, Paulo, um garoto de cabelos compridos e roupas extravagantes, alvo de discriminação, preconceito e até violência na Chapecó dos anos 60 e 70, foi uma das maiores inspirações do filho Paulo Ricardo, o Paulinho, integrante das bandas Mister Magoo e Power Trio, nascido dias antes da morte de John Lennon (Liverpool, 9 de outubro de 1940 — Nova Iorque, 8 de dezembro de 1980) em 18 de novembro de 1980. “A nossa banda acabou bem antes dele nascer. Por um tempo, houve um silêncio. O violão, até ele ter uns 14, 15 anos, ficou guardado. De repente, ele descobriu o violão. Foi até um motivo para eu buscar o instrumento de novo.”
Beatles, banda formada em 1960, foi uma verdadeira explosão, na definição de Paulo. “Imagine, a gente, longe, aqui no interior, a dificuldade que havia para conseguir um disco. Sorte que tínhamos amigos que traziam de fora. Não havia a facilidade da internet. Essa facilidade que tem agora, de chegar em frente ao computador e de baixar tudo o que quiser. Para tocarmos as músicas na banda, tínhamos muita dificuldade, porque precisávamos ouvi-las várias e várias vezes para tirarmos a letra. Não tinha letra impressa. Mas, como a gente era fã e gostava muito, valia o esforço. Passávamos o vinil para a fita K7. Repetíamos cem vezes para entender a letra direitinho.”
Quando o casal soube da morte de John Lennon, foi um impacto muito grande. “A maneira como ocorreu foi chocante. Ele era novo ainda (40 anos), e saber da forma como ele morreu, justamente por um fã, alguém que dizia adora-lo, foi muito forte.”
Para “Bananeiro”, “um garoto do interior”, os Beatles e John Lennon representaram uma espécie de descoberta. “Ninguém me falou deles. O meio de comunicação que tínhamos era o rádio AM. Aquilo bateu no ouvido e marcou. Havia muita dificuldade para conseguir as músicas, que chegavam depois de muito tempo em Chapecó. Hoje, toda essa moçada tem influência, nós não tínhamos essa raiz do rock.”

Quando morrer, Paulo quer como trilha sonora a música composta por Ben E. King, Jerry Leiber, Mike Stoller, “Stand By Me”, regravada pelo ídolo John Lennon. “É um som que vai ser preservado para sempre. Com 40, 50 anos da morte de Lennon, o som vai permanecer. Daqui 50 anos, ainda vão cantar e tocar Beatles e John Lennon.”
“When the night has come
And the land is dark
And the moon is the only light we'll see
No I won't be afraid, No I won't be afraid
Just as long as you stand, stand by me”
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