Pesquisar este blog

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Carta de Plutão

Já faz algum tempo que pousei neste estranho mundo, mas até hoje não consigo entendê-lo. Não sei como explicar para vocês, mas hei de tentar através de alguns exemplos. Acreditem que por aqui há seres nada instruídos que comandam os espaços e são eles muitas vezes que possuem empresas. Nesses lugares, os seres que eu comentei acima, são chamados de chefes e eles deveras desconhecem as particularidades das empresas, porém recebem uma alta quantia de papeizinhos por isso. Eles não freqüentam muito esses lugares, pois existem outros seres que cuidam de tudo para eles, mas que fazem sem receber os tais papeizinhos, chamado de dinheiro, ou recebem bem pouco.
Por incrível que pareça, são justamente os chefes que ganham reconhecimento dos demais e eles andam em engenhocas que custaram muitos papeizinhos, viajam para outros ambientes, entopem suas casas de objetos dos quais não consigo identificar utilidade, enquanto aqueles que cuidam das empresas, costumam caminhar mesmo na chuva e no sol forte ou ainda em grandes engenhocas que não são deles e que os apanham no horário que lhe apraz. Eles se locomovem muitas vezes de pé, bastante apertados e ainda ofertam uma boa quantia de dinheiro para poderem andar naquilo. Ah, sim... Muitos deles não podem ao menos fugir da rota empresa – casa, casa – empresa. Já ia me esquecendo, casas são os lugares que eles se aninham, mais nem todos possuem uma, assim como nem todos podem ir até a empresa, pois vários não são convidados.
Uma coisa que acho muito engraçada, é o fato deles todos se esconderem para fazer coisas que são bem naturais, pois não podem mostrar o que fazem para ninguém, mesmo sabendo que todos fazem. Há uma tênue separação entre um lugar e outro e colocam uma espécie de portal para separar os dois. Ninguém pode fazer nada digno de vergonha do lado de fora daquele portal, pois isso poderá acarretar revoltas, náuseas e constrangimentos. Vergonha é uma palavra que não sei o que é, mas que eu ouço falar por aí quando interajo com os seres. Eles dizem: “Pare com isso! Não me faça passar vergonha!”.
Outra coisa que me deixa no mínimo intrigada é como eles se assemelham a animais que dizem se chamar macacos, porque assim como os tais macacos, eles reproduzem tudo o que enxergam. Eles seguem fielmente o que mostram as criaturinhas que cabem dentro de uma espécie de caixola e também de uns papéis aglomerados multicolores. Não entendo como aquelas criaturinhas tão pequenas podem intervir na vida de seres tão grandes. Elas dizem para usarem vestimentas iguais, terem os mesmos corpos, ouvirem os mesmos sons, falarem as mesmas coisas e do mesmo jeito... É tão esquisito vê-los andando por aí. Cada dia que passa, menos consigo diferenciá-los.
Esqueci de dizer, todos os dias vários deles chegam até mim falando sobre como está o tempo. Se estiver frio, querem que esteja calor. Se estiver calor, querem que esteja frio. Se estiver chovendo, querem sol. Se tiver sol, querem chuva. Humanos... Eu particularmente não os suporto mais!
Bem, por enquanto é só. Não vejo a hora de voltar para junto de vocês. Espero que seja em breve. Enquanto isso, vou me divertindo e me indignando com as particularidades desse mundo que é cheio de tabus, injustiças e um desejo de poder descomunal. Mas acho que vocês nem vão reconhecer essas palavras, já que elas foram abolidas no nosso mundo há muitas eras. Ainda bem!

Claves de luz violeta para todos,
Andarilha de Plutão.

Um comentário:

Carla Farinazzi disse...

Olá! Tudo bem?

Olha, de tirar o chapéu esses dois últimos posts!!! Parabéns, fica aqui a minha admiração, pode apostar!! Em alguns momentos, penso exatamente como você nessa minha vida...

Um beijo e o meu carinho

Carla