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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

James D.

James D., discípulo de Charles B., O Ébrio, sempre desembarcava na estação e sentia que algo lhe faltava. Mas o que lhe faltava? Diriam os psicanalistas que sua compulsão desenfreada pelos cigarros conotaria claramente a falta do seio materno, substituído pelos seios de uma qualquer, sem amor, sem calor de mãe. Sempre embriagado, as máscaras lhe ficavam tão bem que parecia possuído. Inventava amores & histórias com cada uma das meretrizes da taberna que freqüentava para maquiar a sua dor carnívora & incansável. Por vezes, raras vezes, colocava-se a vomitar seus mais verdadeiros & rochosos sentimentos sob os seus colos já suados, desde que a quantidade de álcool fosse tão severamente alta que pudesse desmanchar suas muralhas tão bem feitas.
Suas antigas esposas assombravam-lhe a mente. Todas haviam o deixado pois não podiam amar um pobre coitado, alcoólatra, fracassado que não era capaz de satisfazer os menores de seus anseios materiais, nem a mais suave das pressões sociais que declinavam-se sob seus ombros cansados. Mas havia uma em especial, sua primeira esposa, seu primeiro e único amor: Gertrude, A Perversa. Gertrude o deixara depois de tê-lo atormentado por cinco longos anos com suas críticas mordazes & ferrenhas. James D. era um fantoche em suas mãos cheirosas. Fazia tudo o que ela queria. Cortara seus longos cabelos, aparava a barba minunciosamente a cada manhã, deixara a literatura, sua amante mais irresistível, e foi ter com um emprego penoso & massante.
Mesmo assim Gertrude não estava satisfeita. Dizem as más línguas que ela tinha um romance com o Luis, o Açougueiro. Como devem saber os açougueiros são os melhores amantes, assim como as enfermeiras & seus bustos fartos.

(Texto provavelmente sem fim)

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