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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mão áspera & estômago nervoso

Se a beat generation já era transgressiva, Charles Bukowski nem se fala. O autor, muito lido na atualidade, extrapola até mesmo a geração beat. Em “Crônica de um amor louco” dá uma amostra do melhor do seu trabalho, ao se afundar no submundo da cidade de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos, palco de tórridas histórias (ou seriam estórias?) de personagens como Cass, “A mulher mais linda da cidade”. “Das 5 irmãs, Cass era a mais moça e a mais bela. E a mais linda mulher da cidade. Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: um fogaréu vivo ambulante. Espírito impaciente para romper o molde incapaz de retê-lo.”

“Crônica de um amor louco” ganhou versão no cinema nos anos 80, com status de cult, sob a direção do cineasta italiano Marco Ferreri. No filme, a vida e a obra do escritor underground Charles Bukowski, incapaz de suportar as convenções sociais, sua relação com Cass e com o lado marginal de Los Angeles.

Os textos de Bukowski são de mão áspera. O Sonho Americano descrito com a brutalidade de um estômago nervoso, pronto para por para fora toda a frustração impregnada. Em contos como “Kid Foguete no matadouro”, os dias de um homem submetido aos piores bicos que se possa imaginar. “as pernas de porco continuavam vindo e eu a girar, pregado no chão, que nem um crucificado de capacete, e não acabavam mais de chegar, carrinhos e mais carrinhos, cheios de pernas e mais pernas de porco, até que afinal ficaram todos vazios, e eu ali parado, zonzo, o corpo oscilante, respirando o fulgor amarelado das lâmpadas elétricas. uma verdadeira noite no inferno. ué, porque estou me queixando? sempre gostei de trabalho noturno.”

Um dos escritores contemporâneos mais conhecidos dos EUA, Charles Bukowski é famoso também por ser o poeta mais influente e o mais imitado. Nascido em 16 de agosto de 1920, em Andernach, na Alemanha, cresceu em Los Angeles e lá viveu durante 50 anos. Publicou seu primeiro conto em 1944, com 24 anos, e começou a escrever poemas com 35. Publicou mais de 45 livros de prosa e poesia. Morreu em San Pedro, Califórnia em 9 de março de 1994, aos 73 anos, pouco depois de ter terminado seu último romance: Pulp.

3 comentários:

Rounds disse...

esse cara é um dos meus. tu sabes! -rs

bj

edl disse...

Aahh sim, muito bom

totalmente recomendável
:)

Carla Farinazzi disse...

Olá,

Adorei seus textos. Gostei da menina Patrícia e de sua mãe/avó Iracema. Existem tantas realidades nesse mundo... Tantas histórias e sobrevivências. Viver é admirável.

Beijo

Carla