grande legramantti, tu bem sabes, não temos a petulância de dar conselhos aos escritores, porque tu bem sabes, como eu, que não valemos um escarro. antes, tiramos deles o nosso conselho, como vampiros que somos. bom te ter ao meu lado, para encarar o mostro que pintei com asas de anjo. bom te ter ao meu lado com aquele televisor preto & branco iluminando o quarto que arrombamos e aquela substância toda na mente e aquela lua e aquele campo de martes verdes fritos. legramantti, tu me conheces, assim como eu te conheço. se existe um deus e ele é o cara dos moldes, nos fez do mesmo clichê. mas, sabes, legramantti, pessoa diria que os deuses são deuses porque não se pensam. então imagines, meu caro, o quanto estamos longe da divindade. foi um sinal aquele dia, te encontrar na rua e te levar à cantina de dionísio. não achas? eu sei que achas, você acredita em sinais e em signos, como eu, e em desenhos rabiscados antes dos teus passos cronometrados na calçada. sabes, sei que o nosso papo foi bom, mas não faça de mim a tua salvadora. nem preciso dizer-te que sou só uma garota escrota também tentando se encontrar. se existirá alguém que poderá dizer-te quem você é, tu sabes, esse é o cara do espelho. mas quantas loucuras, legramantti, quantas loucuras naquela noite de sexta. senti tua sensibilidade extrema ao notar os freqüentadores daquele boteco. e, ah, legramantti, tu deverias escrever sobre eles e sobre as tuas madrugadas no bar. aproveita, meu velho, você nasceu homem. a madrugada é tua companheira. estava lembrando... recordas que me escreveu uma carta? onde está? quero ler. mesmo que esteja incompleta, legramantti, quero ler. querido, meu colchão vai guardar o teu sono e vai esperar o retorno das tuas curvas rudes ao amanhecer.
com amor,
aquela-que-não-é-madre-teresa,
fabita vênus nas peles.
Um comentário:
Obrigado pela conversa de sexta e pelo texto... Vc como sempre está anos luz na minha frente e me possibilitou um auto-conhecimento nunca antes sentido! Nesta segunda - feira acordei e pensei "vou fazer tudo dar certo..." que nada! isso de nao conseguir mudar o que a gente é ainda vai acabar comigo. Eis o peso de viver. Oh god!
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