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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Imagem revolucionária

Há 40 anos morria Janis Joplin, cantora que tornou-se referência dos anos 1960

Por Renê Müller

Há 40 anos, desaparecia uma artista que será eternamente lembrada. Não por ter sido uma grande compositora, ou simplesmente por fazer sucesso. Também não era a rigor um símbolo sexual, embora fosse, da cabeça aos pés, uma provocação à libido dos seus contemporâneos. Janis Joplin, porém, era uma cantora maravilhosa, que, com sua personalidade e seu modo de encarar a vida, tornou-se a referência de uma época.

O final dos anos 1960 foi um período conturbado. Antes mesmo do Maio de 68, a intervenção militar dos norte-americanos no Vietnã era contestada por um número cada vez maior de jovens. A caretice provinciana que dominava a classe média ocidental, em especial na América católica (Latina) e evangélica (Canadá e EUA), era de certa forma virada do avesso com a geração que havia nascido entre 1940 e 1950.

O sexo deixava de ser um pecado, para ter mais significados do que o reprodutivo. Era alegria e recreação, ou elevação espiritual, e até mesmo uma maneira da mulher expressar sua emancipação. Nesse ambiente é que explodia Janis Joplin. Nascida no dia 19 de janeiro de 1943, cresceu numa cidade pequena do Texas, Port Arthur. Ultraconservador, fechado, o município abrigava alguns jovens que não se encaixavam em tal modo de vida.

Janis, é claro, integrava a patota que deixava a cidade para andar pelos clubes e espeluncas de má fama que, à época, eram muito mais divertidos do que os demais. Alguns deles eram de e para os negros. A música fazia parte do pacote, claro, sobretudo o blues. Assim como o folk, o lamento úmido das blueswoman – a inspiração maior da cantora talvez tenha sido Bessie Smith – já estava mas cordas vocais de Joplin desde a adolescência.

Não demorou muito para Janis chegar a São Francisco, que era onde tudo, em pouco tempo, estaria acontecendo. Começou em apresentações de folk e blues nas quais tinha Jorma Kaukonen – às que viria a integrar o Jefferson Airplane – nos violões. Janis virou a Janis que o mundo conheceu com a banda psicodélica Big Brother & the Holding Company. Não era uma formação ruim ou incompetente. Mas ficava claro, desde o início, que a estrela era aquela cantora pálida que, de início, parecia berrar – e depois assombrava a todos com o alcance de sua voz, a intensidade emocional e sensual que emanava de sua face e seu corpo.

Cheap Thrills, o segundo álbum do Big Brother, foi a estreia do grupo na poderosa gravadora Columbia – e foi um sucesso. O público jovem estava voltado ou para Londres ou para São Francisco – onde toda a cultura parecia fervilhar –, e Janis era a tradução desse momento.

Em seguida, a cantora partiu para sua primeira tentativa solo, o álbum I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!, e para a consagração em Woodstock. As imagens de sua apresentação no festival são praticamente a imagem que fica para a posteridade, escancarando toda sua capacidade e energia.

O segundo e último disco solo foi póstumo

Janis até gravou o segundo álbum, Pearl, seu maior momento em disco. Só que tornou-se um trabalho póstumo. Uma das 11 faixas é instrumental: Buried Alive in the Blues. Ela iria gravar seus vocais no dia 5 de outubro de 1970. Mas um dia antes, num hotel de Los Angeles, uma overdose de heroína a levou para “outro plano” – como era comum falar da morte na Califórnia florida de então.

Os problemas com as drogas – várias delas – não eram os únicos. A bebida castigava o organismo de Joplin, que também tinha personalidade difícil. Altos e baixos se sucederam até o fim de uma trajetória de intensidade poucas vezes igualada no showbiz. Se há alguma mulher que simboliza a liberação feminina, e toda a revolução que marcou a segunda parte da década de 1960, essa mulher é a inimitável, inesquecível Janis.

Um comentário:

fabita . disse...

prestei uma homenagem à janis joplin hoje. "easy rider" & "i need a man to love" a todo volume no carro emprestado pelas estradas. grande janis, te guardo comigo.