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sábado, 9 de outubro de 2010

dia de.

valentina corria rosa pelo sol do jardim com uma penca de balões agarrados à mão. bernardo também. a pelagem loura do guri, no sol, ficava ainda mais dourada. do seu nariz, a gosma descia livre. eu lia o caderno cultural que ajudei a compor, enquanto tentava fumar um cigarro. pensando que o que me faltava, era paz para escrever. a vó de bê veio até mim para se despedir.

- estou perdida na vida –, eu disse.

e ela, uma enfermeira aposentada, mãe, avó, dona-de-casa, retrucou:

- e quem não está? tem dias que eu tenho vontade de enfiar o dedo no cú e sair gritando, pelos quatro cantos do mundo!

nessa hora, tive certeza: o mal que me assola chegou na periferia de todas as almas.

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