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quinta-feira, 1 de julho de 2010

tabaco & desespero

desde que eu parti, sem querer, tenho arrastado os chinelos, como fazem aquelas velhas viúvas atrás das vidraças nos antigos casarões assombrados da infância. desde que você se foi, respiro com dificuldade, suspiro pesado, me aconchego nos cantos com o maior dos desassossegos na alma em pedaços, quebra-cabeça insolucionável. desde que tudo se foi, eu me sinto a última das criaturas, olhando vago, andando vago, falando vago para as paredes. não sou mais a mesma, desde que você partiu. me repito, me traio em frases feitas, me dispenso de viver. e “no fundo do peito esse fruto apodrecendo a cada dentada”, e o whisky não amortece mais a dor, e as músicas não são mais as mesmas, desde aquela despedida. não me encontrei mais em mim, não aspiro brasa nenhuma sem lembrar de ti. abandonada no jardim da tua casa, solitária, verme dos teus rastros meticulosamente apagados. desde a última vez, o ar me dói, esboço sorrisos amarelos, entre o tabaco & o desespero. do teu desdém, cavei minha cova. espero o sopro da morte súbita. espero ter essa sorte.

exagero & loucura,
uma certa garota.

Um comentário:

Rounds disse...

fabita,

tem selinho para você no on the rocks.

bj