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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Chapecó em: Cultura Viva & Emoção Intensa

Peças que, unidas, formam uma grande tela colorida – uma exposição de formas e estilos variados de 23 artistas plásticos de Chapecó e região.


Obras que surgem de propostas e temáticas pensadas cuidadosamente pelos artistas, expostas em um evento gratuito, promovido através de uma parceria entre a Revista Flash Vip e a Fundação Cultural. É o “Chapecó Cultura Viva & Emoção Intensa”, que acontece hoje, a partir das 19h30, na sala Cyro Sosnoski, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes.
Quadros, esculturas e instalações que, muitas vezes, fazem com que o público se desprenda do olhar estático. “Temos trabalhos bidimensionais e tridimensionais. Cada artista trabalhou dentro da sua linguagem artística”, comenta a coordenadora de Artes Visuais da Fundação Cultural de Chapecó, Sandra Borsoi.
Vinte e três artistas plásticos de Chapecó e região participam com duas obras cada, totalizando em 46 peças. Haverá um coquetel de lançamento da exposição, seguido de um leilão beneficente que terá parte do dinheiro revertido para a Associação Amigos da Orquestra Sinfônica de Chapecó (AAOSC). Um segundo leilão ainda será realizado, com dinheiro revertido para o próprio artista. Algumas obras ficarão expostas entre os dias 28 de julho e 8 de agosto.
“A população está convidada, não só para participar dos leilões como para visitar a exposição”, explica Sandra. Essa é a segunda edição do evento. “No ano passado, tivemos mais de 300 convidados. Foi um grande sucesso e esperamos repeti-lo nesse ano.” O valor arrecadado para a associação na edição passada foi R$ 12 mil. A questão social é um ponto forte do evento. “O que devemos enfatizar, é a consciência desses artistas. Eles estão preocupados, estão envolvidos com a sociedade e com a responsabilidade social.”
A editora e jornalista responsável pela Revista Flash Vip, Carla Hirsch, enfatiza que a intenção do evento é estimular a população chapecoense para que crie o hábito de apreciar obras de arte e recitais de orquestras. “Antes da construção do Centro de Eventos, não tínhamos um espaço para isso. Essas atividades culturais existiam e existem na cidade, mas elas não são populares. A ideia é aproximar a comunidade dos talentos locais.” Com isso, a cultura é fomentada, aliada de uma ação filantrópica. Conforme Carla, desde 2009 a orquestra sinfônica está em formação, precisando constantemente de manutenção.
Com uma dinâmica diferenciada, o leilão dá a oportunidade para a população comprar obras de arte a um preço bem inferior ao normal. “As obras chegam aqui com um preço inicial 40% menor do que o preço de mercado. Algumas obras até iniciam com lance livre”, complementa a editora. A expectativa é superar a meta do ano passado, considerando a inserção de obras de novos artistas e a qualidade das obras. Outra diferença é que na primeira edição foi leiloada apenas uma obra de cada artista.

DESENCAIXE SOCIAL

Cesar Zanin trabalha com pintura, mas seus últimos quadros envolvem o conceito de arte gráfica. Nascido e crescido em Chapecó, bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), Cesar tem 45 anos e há mais de 20 trabalha com a arte. Viver dela, é quase uma ideia surrealista. Para levar a vida, dá aulas. Mas vê novas possibilidades de comercialização do trabalho artístico com a inserção da arte contemporânea.
Mais do que espaço de simples comércio, eventos como esse, para ele, têm o significado maior de mostrar o trabalho do artista. As suas duas obras expostas no “Chapecó Cultura Viva & Emoção Intensa” tratam do deslocamento do indivíduo regional. Um personagem real, disposto em um contexto de desencaixe social, em um cenário de globalização, pós-modernidade, transformações e excesso de informações – tidas pelo artista como “signos do não-lugar”. Mapas existentes, mas não visíveis ao olho humano, assim como as ondas sonoras, fazem parte de sua arte que une fotografia e mídia.
Uma das peças mostra a foto de um agricultor, trabalhada no Photoshop, no meio de um trânsito caótico – com elementos psicodélicos –, submerso no mapa aéreo real da América Latina.

“DO EMARANHADO DA LINHA, SURGE O PRODUTO FINAL”

Formado em Artes Plásticas pela Unochapecó, Sid Geremia usa uma linguagem bastante própria. “Na faculdade, fazíamos exercícios com materiais alternativos e eu me identifiquei com o arame pela questão do desenho. Minha obra é um desenho, em um espaço tridimencional. Quando se desenha no papel, faz rabiscos, linhas são sobrepostas. Com o arame é a mesma coisa. Do emaranhado da linha, surge o produto final.”
Entre as suas esculturas expostas no evento, está a chamada “Pseudo-Morte da Mãe”, uma brincadeira com a figura materna. “Dentro da aranha maior, tem duas aranhas menores.” A escultura virada, de pernas para cima, representa a morte da aranha. O seu trabalho faz sentido através do movimento, da união de várias peças, não de peças isoladas. “Ele funciona enquanto instalação”, pondera.
Sid tem 31 anos, há dez faz arte, embora diga que ela esteja inserida em sua vida desde a infância. “Desde pequeno, minha mãe dizia que eu fazia arte”, descontrai. Depois da graduação, começou a produzir intensamente e fazer exposições. No “Chapecó Cultura Viva & Emoção Intensa”, vê uma chance de dar mais visibilidade ao seu trabalho e ainda colaborar com a orquestra.
Viver da arte? Um tanto difícil. “Sempre digo que temos que trabalhar em outros lugares para bancar o trabalho artístico”. Sid é também professor, de desenho, expressão visual e musicalização – uma outra maneira que usa para manter a cultura viva e a emoção intensa.

(Publicado no Voz do Oeste em 28 de julho de 2010)

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