Pesquisar este blog

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"i am the woman in the window"

certo, admito. nunca fui do tipo factual e noticiosa. gosto do jornalismo literário, cultural, alternativo, independente e humanizado. não sou dada às fontes oficiais, prefiro os anônimos, os anti-heróis, os gauches na vida. e é paixão antiga. lembro de uma passagem, aos meus 15 anos, quando tivemos que fazer uma entrevista para o colégio. quando me vi com o gravador no bairro mais pobre da cidade (vila sésamo, vulgo vila sapo), sabia que tinha me encontrado. dali, não queria mais sair. gravador na boca de uma senhora de braços pendidos na janela do casebre de madeira, a pobreza na língua, a miséria da fala, dezenas de filhos tímidos se escondendo pelos cantos. adorei aquele jornalismo amador que eu estava fazendo sem saber. foi uma das primeiras vezes que me encontrei na vida. e quer saber? factual e noticioso são conceitos relativos. tentar retratar uma realidade de gaveta, pode ser sim, “factuoso” e noticioso, recortes jornalísticos, sim, molduras de verdades subjetivas. verdades. e por que não inserir a primeira pessoa, por que não se inserir, não usar os adjetivos “aproximantes”, os enfeites da literatura? hoje ouvi falar que não existe jornalismo literário. o que existe é literatura e jornalismo, como conceitos distintos. não sei, não sei. mas acho que sempre há um lugar no mundo para que as pessoas possam trabalhar seus conceitos inexistentes, negados nas graduações e mestrados. e talvez eu tenha encontrado esse lugar. pode não ser definitivo, como nada é, mas está sendo bom e produtivo. e que assim seja, enquanto durar.

http://www.youtube.com/watch?v=TMt4vkV2wk0

Nenhum comentário: