tenho mania de acreditar que sonhos dão respostas ou avisos. sempre que acordo, antes do café & cigarros que me deixam existir, com o emaranhado de cachos ruivos em desalinho, desperto com mil teorias. digo que amo, que tenho saudade, que entendo, que fulano vai morrer. hoje, foi mais um dia desses. sonhei contigo. calma, tu não vai morrer. acordei com aquela compreensão intensa, de ti e de mim. te compreendi, me compreendi. uma das coisas que entendi, com horas e mais horas de sono (está ficando cada vez pior, não levantei nem para comer um pedaço de torta do aniversário da minha mãe), foi que seres humanos se aproximam pela ilusão da igualdade entre si. na fase de idealização, projetamos tudo o que somos no outro. é a ilusão da semelhança que nos aproxima, o que faz com que aprendamos, que cresçamos juntos, porque, na verdade essa semelhança é muito menor do que se esperava ou muito maior do que se desejaria. passado o tempo de idealização, muitas pessoas se distanciam, simplesmente, e até brigam. a aproximação acontece também pelo motivo contrário. a diferença entre si é outro ponto que une. até que se nota, que ninguém é tão diferente assim da gente ou que a outra criatura é diferente demais para fazer parte do nosso cotidiano. sei que se não fosse essa ilusão toda, esse desejo de se encontrar no outro, talvez não nos aproximaríamos e perderíamos chances enormes de crescer. depois do sonho, entendi, que eu e você éramos diferentes demais e parecidos demais. parecidos pelo nosso medo louco da rejeição. diferentes, porque expressávamos isso de maneiras distintas: eu me destruindo e você me destruindo. não preciso nem dizer quem perdeu mais nessa história. de qualquer forma, te entendo. e acho até que, numa análise mais aprofundada, quem perdeu mais foi você. mas quem liga pra isso agora? não sou boa em matemática. meu bem, se não fosse a nossa ou a minha ilusão, jamais teríamos vivido alguns dos melhores anos das nossas vidas. então, obrigada. outro insight foi a respeito do que desejamos. imagine se tivéssemos tudo aquilo que desejamos, o quanto não sofreríamos, talvez sem necessidade. talvez, aquilo que desejamos veementemente, nos traga experiências já vividas e aprendidas, que não precisamos passar outra vez. nessas horas, parece existir alguém que lança um “pare” e não nos permite viver determinada situação desejada, no auge da nossa paixão. é claro que muitas dessas experiências que nos são privadas, poderiam trazer belos dias, mas, com eles, sem dúvidas, viriam ressacas intermináveis. algo que só se percebe tempos depois. começo a ver com resignação cada um dos dias, ainda que com impulsos de fúria. estou tentando manter um humor menos extremista. nem o ápice da melancolia, nem o auge da luminosidade. minha maior obra é in e nela me empenho as cem horas do dia. coisas de ser recluso, coisas de opção ou nem sempre. coisas minhas na tela branca do meu mundo.
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