Depois de tanto ver fotos maravilhosas, em um site de relacionamentos, de um lugar distante chamado Dublin, Irlanda, decido fazer uma entrevista com a dona das fotos, Suzana Faccio Pezzini. Mando um recado para ela, que responde com euforia. Marcamos a entrevista pelo MSN e assim conheci melhor esse espírito aventureiro.
Suzana, ou Suzi, como é conhecida pelos mais próximos, tem 26 anos é chapecoense. “Com muito orgulho!! Em qualquer lugar do mundo, sempre chapecoense.” É formada em Letras Inglês pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), com pós-graduação em Negócios Internacionais e agora se encaminha para o mestrado.
Chegou em Dublin, não só a maior cidade como também a capital da Irlanda, em 14 de setembro de 2009. Quatro dias antes do seu aniversário. “A minha experiência está sendo ótima. Desde o momento em que eu cheguei aqui até agora. Não é sempre mil maravilhas, óbvio. Mas, se você se dispõe a uma aventura, tem que saber que alguns momentos serão bons, outros nem tanto.”
O espírito aventureiro e curioso estava disposto a desbravar tudo o que poderia “nessas terras distantes e absorver o máximo de experiência.” “Vai do espírito de cada um. Alguns são inquietos e inconformados com a mesmice, curiosos demais com o mundo. Bem, o meu espírito é assim: gosto de desafios, gosto de apostar grande.” Preferiu não criar muitas expectativas antes de chegar, para também não se frustrar ao descobrir o que estaria por vir. “Minha ficha foi caindo aos poucos. Quando eu estava dentro do avião, tinha um Mapa Mundi na minha frente e nele um aviãozinho desenhando a rota que estava fazendo. E, nossa, quando eu me dava conta que estava dentro daquele avião e que o meu destino era 'looooonge', muito longe, senti todos os tipos de sensação que se possa imaginar”, relata.
Suzi diz que Dublin é muito diferente de tudo o que já havia visto. Porém, como já tinha viajado para os Estados Unidos da América anteriormente, o aeroporto não foi tão chocante. “Até foi mais fácil do que eu imaginava, já que nos EUA a burocracia para se entrar tira até a paciência de um padre de pedra. Mas aqui foi bem tranqüilo”, brinca.
Quando chegou, se viu em cenas do filme Trainspotting, várias vezes. “A arquitetura é como a dos filmes, claro, são feitos na Irlanda!” Uma arquitetura completamente diferente daquela do Brasil. “A arquitetura da Irlanda e do Reino Unido são muito parecidas. A Irlanda foi colônia do Reino Unido por muitos anos. Então, a relação e a semelhança são grandes.” O país foi fundado pelos Vikings, que o dominaram até 1170.
Aproximadamente 2 milhões de pessoas vivem em Dublin. Na Irlanda, o número fica em torno de 4 milhões. Brasileiros, são 30 mil. “Tem muitos brazucas perdidos por aqui.” A Irlanda é considerada a “fazenda da Europa”. “E é mesmo. Não conseguia pensar que isso poderia ser verdade antes de vir”, comenta.
Chegou com “a grana” exigida pela imigração. “Para a gente, no Brasil, é muito dinheiro. Mas aqui não é quase nada.” Eram momentos de crise. “Aí no Brasil, falamos em crise e tudo mais, mas a gente não sente tanto. Aqui, senti na pele e é muito difícil de se viver em um lugar em época de crise.” Suas memórias estão sendo base para um livro. “Tô escrevendo um livro sobre tudo que está se passando por aqui, sobre o que vivi e como tudo aconteceu. Espero que um dia eu possa mostrar ele aos outros aventureiros curiosos como eu.”
No meio da conversa, Suzi me mandou o link do seu blog, onde conta muitas dessas experiências. Enquanto ela foi preparar uma torrada, eu lia o diário de bordo da caminhante, Locopéia Desvairada: http://locopeiadesvairada.blogspot.com
Sexta-feira, 5 de março de 2010
Suzana, ou Suzi, como é conhecida pelos mais próximos, tem 26 anos é chapecoense. “Com muito orgulho!! Em qualquer lugar do mundo, sempre chapecoense.” É formada em Letras Inglês pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), com pós-graduação em Negócios Internacionais e agora se encaminha para o mestrado.
Chegou em Dublin, não só a maior cidade como também a capital da Irlanda, em 14 de setembro de 2009. Quatro dias antes do seu aniversário. “A minha experiência está sendo ótima. Desde o momento em que eu cheguei aqui até agora. Não é sempre mil maravilhas, óbvio. Mas, se você se dispõe a uma aventura, tem que saber que alguns momentos serão bons, outros nem tanto.”
O espírito aventureiro e curioso estava disposto a desbravar tudo o que poderia “nessas terras distantes e absorver o máximo de experiência.” “Vai do espírito de cada um. Alguns são inquietos e inconformados com a mesmice, curiosos demais com o mundo. Bem, o meu espírito é assim: gosto de desafios, gosto de apostar grande.” Preferiu não criar muitas expectativas antes de chegar, para também não se frustrar ao descobrir o que estaria por vir. “Minha ficha foi caindo aos poucos. Quando eu estava dentro do avião, tinha um Mapa Mundi na minha frente e nele um aviãozinho desenhando a rota que estava fazendo. E, nossa, quando eu me dava conta que estava dentro daquele avião e que o meu destino era 'looooonge', muito longe, senti todos os tipos de sensação que se possa imaginar”, relata.
Suzi diz que Dublin é muito diferente de tudo o que já havia visto. Porém, como já tinha viajado para os Estados Unidos da América anteriormente, o aeroporto não foi tão chocante. “Até foi mais fácil do que eu imaginava, já que nos EUA a burocracia para se entrar tira até a paciência de um padre de pedra. Mas aqui foi bem tranqüilo”, brinca.
Quando chegou, se viu em cenas do filme Trainspotting, várias vezes. “A arquitetura é como a dos filmes, claro, são feitos na Irlanda!” Uma arquitetura completamente diferente daquela do Brasil. “A arquitetura da Irlanda e do Reino Unido são muito parecidas. A Irlanda foi colônia do Reino Unido por muitos anos. Então, a relação e a semelhança são grandes.” O país foi fundado pelos Vikings, que o dominaram até 1170.
Aproximadamente 2 milhões de pessoas vivem em Dublin. Na Irlanda, o número fica em torno de 4 milhões. Brasileiros, são 30 mil. “Tem muitos brazucas perdidos por aqui.” A Irlanda é considerada a “fazenda da Europa”. “E é mesmo. Não conseguia pensar que isso poderia ser verdade antes de vir”, comenta.
Chegou com “a grana” exigida pela imigração. “Para a gente, no Brasil, é muito dinheiro. Mas aqui não é quase nada.” Eram momentos de crise. “Aí no Brasil, falamos em crise e tudo mais, mas a gente não sente tanto. Aqui, senti na pele e é muito difícil de se viver em um lugar em época de crise.” Suas memórias estão sendo base para um livro. “Tô escrevendo um livro sobre tudo que está se passando por aqui, sobre o que vivi e como tudo aconteceu. Espero que um dia eu possa mostrar ele aos outros aventureiros curiosos como eu.”
No meio da conversa, Suzi me mandou o link do seu blog, onde conta muitas dessas experiências. Enquanto ela foi preparar uma torrada, eu lia o diário de bordo da caminhante, Locopéia Desvairada: http://locopeiadesvairada.blogspot.com
Sexta-feira, 5 de março de 2010
da vida do lado de cá
passando pelo mesmo lugar de sempre, admirando a sessão de bolo e sem um puto no bolso, apenas com minha moedinha da sorte de 2 euros que restou.
na cabeça, eu só tinha em mente: “vou enfiar o dedo dentro de um bolo e sair correndo!”
estava decidida a fazer isso. com fome, com frio, cansada de procurar emprego olho para minha moedinha, com olhos cansados e não menos esperançosos, sigo rumo ao café.
(...) chego na frente do caixa, uma branquela ruiva de 2 metros de altura me atende com um sorriso e eu penso “te verei mais vezes” e peço um café com um ar de “estou comprando o mundo”, com a moedinha na mão, de coração apertado em me desfazer dela.
chega meu café, o mais barato do lugar, já que era a única coisa que eu poderia comprar. entrego minha moedinha e digo: “você é uma pessoa de sorte, conseguiu conquistar minha última merreca pelo seu café, agora sou mais pobre do que os pobres pedindo esmola.”
e peço como quem não quer nada, afinal, já estava tudo perdido mesmo...
“você se importaria, além de te pedir um café, se te pedisse para deixar meu currículo?”
ela então pega o papel com suas mãos magras e brancas, o analisa e pergunta: “conhece essas comidas?” digo “claro, nunca comi, mas já sei que são deliciosas.”
“tens roupa preta?”, pergunta. “tenho da cor que você quiser!”, mesmo não tendo nenhuma.
e ela me responde: “então, você é uma garota de sorte, você começa a trabalhar aqui amanhã!” ah, como poderei reclamar das coisas, do destino, da ironia do destino, de quanto e do tanto que devemos sentir as coisas na pele antes delas acontecerem realmente. nunca, me proíbo de reclamar e de desistir de tentar!
segunda-feira, irei no casamento dela, da menina branquela e ruiva, serei madrinha da cerimônia =D a vida realmente é cheia de ironias...
Postado por Suzana Faccio Pezzini
O PRIMEIRO DIA DE NEVE
“Começou a nevar exatamente às 11h do último dia do ano. Foi o máximo. Todos estavam esperando. Esse inverno foi considerado o mais frio dos últimos tempos. A neve é lindamente gelada, mesmo não chegando a nevar em grandes quantidades, ainda era bonito e super divertido. Me lembro de janeiro. Chegou a nevar tanto (considerando que o povo aqui não está acostumado com isso) que a cidade virou um caos em alguns momentos. Aqui sempre foi muito frio, com muita chuva e muito vento, mas não neve. Aí a cidade não tem preparo para isso. Os carros não tem pneus para neve e a falta de preparo para esse tipo de situação gerou fatos engraçados e curiosos. Quando nevava muito, trem não funcionava, ônibus não funcionava, os carros não andavam, para andar de bike ou a pé era uma comédia, porque a queda era inevitável.”
Alguém que sempre confiou na sua sorte. Suzana acredita que a intuição foi sua grande aliada na viagem. Lá, pôde constatar que a fama irlandesa de simpatia e receptividade é verdadeira. “Vim com um curso que comprei já no Brasil para estudar inglês em uma escola de idiomas. A receptividade foi muito boa. Logo no primeiro dia fiz amigos que hoje considero irmãos. Com certeza, são anjos que foram colocados no meu caminho. Tenho muito a agradecer pelos grandes momentos que passei e estou passando ao lado deles. São pessoas realmente especiais.” Para seguir pelo caminho que ela escolheu, “é preciso ter vontade, coragem, a mente aberta para não julgar nada nem ninguém e manter o medo bem dosado.”
Como conta no texto do blog, em Dublin, trabalhou em um café, o “Brambles”. “Por essa empresa trabalhei na doceria, em um café e em eventos também.” Chegou a um ponto que estava trabalhando em eventos para a presidente da Irlanda. “Os encontros principais que tiveram aqui, trabalhei.” Isso incluiu evento da Academia de Letras, palestras presidenciais, eventos em museus. Conheceu pessoas da política, literatura, artes, música, celebridades e principalmente autoridades, como diplomatas e parlamentares.
Voltar para o Brasil? Não tão cedo. Agora, está em uma nova fase, está começando tudo de novo, tudo novo de novo. “E estou empolgadíssima. Lembro da sensação que tive antes de vir e é a mesma. A ansiedade, a curiosidade, saber que irei desbravar um outro lugar do mundo, que irei crescer com a experiência, que será única e incrível.”
Sua primeira viagem por aqueles lados, foi para a Bélgica. “Uma das grandes amizades que fiz na Irlanda foi com uma menina da Bélgica, Clarisse. Até aprendi francês com ela. Me deu grandes dicas e até participou da viagem. Fiz quase o país inteiro, se bem que não é grande coisa, porque em 1h se atravessa toda a Bélgica.”
Na seqüência , foi para a Holanda. “A Holanda é linda, mágica. Um lugar perfeito para se perder em todos os sentidos. Parece que a bússola que temos dentro de nós se perde ao chegar lá.” Foi então para o Reino Unido, parte da Escócia, “com seus castelos inesgotáveis e muito whisky”. Conheceu a parte inglesa do Reino Unido, como Liverpool – a cidade dos Beatles –, Manchester, e Londres está nos planos para os próximos dias. Por último foi para a Itália. Visitou mais ou menos 40 cidades. “Me apaixonei pela Itália. Florência, a Capital Mundial da Cultura. Sem contar o sorvete, mamma mia! Cheguei a tomar sete em um só dia, nem comia, só queria saber de tomar sorvete.”
Gostou tanto da Itália, que em setembro, antes do seu aniversário, se muda para Roma. “Acho que a surpresa é meu grande presente.” Na sexta, vai viajar de carro pela Irlanda. “Vou me aventurar a alugar um carro e viajar pela contra-mão. Vai ser uma boa aventura.” Ao contrário da maioria das pessoas, Suzi viaja de forma diferente. “Fazer uma grande trip conhecendo o que todo mundo conhece, não é bem meu estilo. Procuro viajar para um país e visitar o máximo do que eu puder lá, aprender a cultura, visitar diferentes cidades. Da capital à terra da Conchinchina que ninguém conhece.”
(Publicado no Voz do Oeste em 29 de julho de 2010)
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