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domingo, 25 de julho de 2010

crônica retrô


o vcr não funcionava mais. quantos anos em desuso. mas, juntei partes do aparelho de som, outras do dvd e voilà! quando o ligo, uma surpresa: “zumbi 3”, de 1974, um dos filmes que mais gostei na vida. achei que o tivesse perdido, mas perdida estava somente a capa. ele estava lá, intacto. a produção franco-espanhola, distribuída pela poderosa filmes. uma viagem canibal pelo interior da inglaterra. acho que o encontrei em algum sebo, daqueles que costumava freqüentar antigamente. não me lembro. além dessa fita, notei outras memoráveis na velha mesinha, como “beleza americana”, “easy rider” e “o exorcista 2”, esse último gravado da televisão. um achado, pelo menos para o meu gosto. ele tem cenas hipnóticas, uma passagem para dentro do cérebro humano. depois de encontrar todas essas relíquias, percebi o porquê não sinto o mesmo entusiasmo pelos dvds. como eles são vulgares. será que as novas gerações não irão sentir essa maravilhosa sensação de ouvir a fita rodar dentro do vídeo cassete? retrocede-la, passa-la para frente, apertar o tracking para melhorar a qualidade, ficar até de madrugada para gravar filmes de terror da band? que pena tenho das novas gerações. não conhecerão o vcr, nem jogaram atari ou super nintendo. não sabem do prazer de assoprar uma fita do mario para faze-la funcionar. os filmes, já não mais em technicolor ou em p&b, vistos apenas através do computador. assim como os jogos, superdesenvolvidos, presos nas telas da modernidade. nossa, como estou velha. e como é bom ser velha. conhecer as produções originais das músicas, não somente versões, regravações, tributos. tenho medo que daqui há alguns anos, ninguém sinta o cheiro dos jornais impressos, dos livros de sebo, dos discos de vinil. eu mesma comecei a abandonar tudo isso. tenho medo que ninguém mais saia para andar de bicicleta aos sábados à tarde, procurando estradas desconhecidas. tenho medo, por mim. talvez eu me esqueça do cheiro de grama das praças e bosques, de andar com o cachorro, de atender o telefone, de comprar um fusca e me mandar para o nada. talvez eu esqueça de mim, de ti, de como era viver. da vida.

Um comentário:

Saulo Popov Zambiasi disse...

Gosto do antigo, mas anseio pelo novo. Gosto de tecnologia, gosto de ler no meu Smartphone. Menos uma árvore derrubada e menos volume de livros para ficar mofando no meu pequeno apartamento! :) Beijos e boa semana.