A partir da “coisa sacra”, fez-se uma versão popular. Construção mais brincada da Paixão de Cristo, festiva, sem os aspectos da dor e do sofrimento. A Paixão de Cristo reinventada, com pitadas de humor. “Não quero ser cagüeta, mas Judas foi para os lados de Nonoai”, lançou João Teité, interpretado por Carlinhos Tabajara. Teité, talvez o personagem mais marcante da história, é uma alegoria do povo, que acredita nas promessas, que guarda apenas a fome no estômago e a esperança na alma.
Na peça, escrita por Luis Alberto de Abreu, um Jesus Cristo, interpretado por Edimar Rezende, de All Star vermelho e coroa de girassóis de plástico, em frente a um painel da Santa Ceia, de mãos, alimentos e bebidas vivas e toda a poesia que existe em uma mesa farta.
Maria, representada pela atriz Mara Cavalheiro, em um manto azul cintilante, lamentava a morte do filho, Jesus, que carregava chagas de fita de seda vermelha, cuja boca dizia ser o homem a vitória de Deus.
Ao final da peça, os espectadores se viram como criadores de novos mundos, em espelhos dispostos no largo do palco – um quase carro alegórico inspirado em toda a cultura nordestina e seus cordéis encantados.
(Publicado no Caderno Comportamento em 14 de agosto de 2010)
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