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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vidas que se chocam e culminam: Eis, Amores Brutos

O filme será exibido nesse sábado (19), das 20h às 22h, no Cine Teatro do Sesc. Faz parte de uma trilogia, na qual também estão incluídos os filmes 21 Gramas e Babel, do mesmo diretor

Do espanhol Amores Perros, Amor Cão no português de Portugal ou Amores Brutos na tradução brasileira, é um drama mexicano do ano de 2000, dirigido por Alejandro Gonzáles Iñarritu. Amores Brutos será exibido nesse sábado (19), das 20h às 22h, no Cine Teatro do Sesc Chapecó (Serviço Social do Comércio). O filme é recomendado para maiores de 16 anos. Outra exibição está programada para o dia 13 de março, também das 20h às 22h. Ambas as exibições têm entrada franca.

Auxiliar da biblioteca do Sesc, Cleber Bicigo conta que o filme faz parte de uma trilogia, na qual também estão incluídos os dois filmes: 21 Gramas (2003) e Babel (2006), do mesmo diretor. Iñarritu ainda dirigiu, entre outros filmes, o famoso documentário 11'09"01 - September 11 (2002).

“Os filmes têm um tempo narrativo não cronológico. É uma narrativa fragmentada. Dentro dos fragmentos, percebemos qual é a história que vai ser contada. No caso de Amores Brutos, ele começa com um acidente entre dois carros e, a partir disso, as histórias vão sendo desamarradas”, comenta Cleber. São personagens de classes sociais diferentes, cujas histórias de vida culminam nesse acidente. Depois do primeiro impacto em que as vidas se chocam, o filme remonta os momentos que levaram a chegar ao encontro entre os dois carros. “As vidas que se chocaram, em uma esquina, cada uma com uma história diferente a ser contada”, explica. A conexão dos três filmes está na narrativa. “O grande lance é a forma narrativa”, diz Bicigo.

Abrindo o debate

Quem complementa é a atriz e diretora chapecoense Inajá Neckel. “Não é um filme aristotélico (ou seja, linear). Não é nada aristotélico. Isso eu achei fantástico. Fui mais pela sensação quando assisti. Pela imagem e sensação. É terrível porque há uma impossibilidade dos personagens de lidarem com a situação”, revela a atriz. Inajá fala em especial da personagem Valeria – uma modelo que se envolve no acidente e, de cadeira de rodas, olha para a própria imagem do passado recente através de um outdoor.

Entre os filmes da trilogia, Amores Brutos é o favorito de Inajá. Ela salienta a parceria entre o diretor e o roteirista do filme, Guillermo Arriaga (indicado ao Ariel por Roteiro original). Arriaga, segundo Inajá, interferia na direção, embora tivesse a proposta da dramaturgia. “A dramaturgia é muito importante. É o diferencial do filme. As imagens são ótimas; os atores também, mas a dramaturgia é onde o filme dá o salto.” Ela enfatiza que o filme conduz o espectador e não dá muitas pistas do desfecho, ou seja, lança surpresas ao longo da história.

De certa forma, a trilogia marcada pelo tempo narrativo não cronológico, se assemelha ao trabalho de um diretor norte-americano muito conhecido: Quentin Tarantino, que procura uma visão não-linear dentro de suas produções. Entretanto, Cleber vê certa diferença entre os diretores. “Tarantino trabalha com a narrativa fragmentada, porém de uma mesma história; na trilogia de Iñarritu, a narrativa fragmentada é trabalhada na mesma perspectiva, mas são várias histórias diferentes que se unem, que culminam em um dado momento, em um único momento.”

SINOPSE

Na confusa cidade do México, um carro em alta velocidade provoca um acidente que destrói três vidas. Octavio, o adolescente ao volante, fugia das grandes confusões que deixou para trás, tendo ao lado seu cão Cofi, que sangra sem parar. Octavio ama sua cunhada, Susana, e Cofi é a fonte de renda dos dois. No outro carro, a modelo Valeria dirigia feliz. Ela tinha acabado de se mudar para viver ao lado de seu amor, o executivo Daniel. Depois do acidente, conhece o inferno. Até Richi, o cachorrinho de Valeria, assume a depressão e o desespero da dupla de recém-casados. El Chivo é uma testemunha do acidente. Ex-guerrilheiro comunista, atual matador de aluguel, ele é o modelo do desencanto e da amargura. Corre para o local do acidente, mas a única vida que lhe interessa ali é a de Cofi. Curiosamente, é o cachorro que perturba a sua vida, dando-lhe a chance de se reconciliar com o passado.

Um comentário:

Herman G. Silvani disse...

GRANDE perfil Fabi! quem dera que a maioria dos jornalistas dessa cidade fosse como Fabita! coragem e criatividade pra evocar e falar de coisas quase 'intocáveis'..
pronto, comentei!!