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domingo, 20 de fevereiro de 2011

confissões para a lua



vivo entre ele e o mundo; entre o instinto e a razão. não aprecio distância e frieza. estou confusa. o que eu sou? minhas escolhas e opções me fazem perdida. me fazem o que? o que fez com a minha cabeça? o que eu fiz com ela? o desejo chega em tríades. move miríades. eu sou fogo, sou água, ar, terra. mas o elemento mais forte é o fogo e ele me consome. sobrevivo. procrastino meus atos. me tornei atriz. desde quando? no palco, meu teatro muda a cada subida de cortinas. eu sou veludo vermelho. não posso me conter. me jogando em todas as direções, como se precisasse um pouco de cada um para poder sobreviver. de repente, tudo some. meus rituais de magia branca, abandono em um canto do quarto de luz acesa na madrugada. às vezes, penso que sou a única com a luz ligada do quarto nessas horas da noite; às vezes penso, que somente eu permaneço adolescente aos 27, com as idéias fixas de sempre, com os mesmos gostos para blues & rock, jazz & mpb. ele surgiu. gaita na boca de blues, o corpo em furacão. ele me entende. será que me entende? às vezes calo, às vezes metralho ouvidos de palavras sem fim; às vezes gêmeos, às vezes escorpião. quase sempre, centaura. acordo meio mulher, meio bicho. meu desejo não tem rédeas. não aprecio a frieza, mas também não aprecio a busca pelo prazer pelo mero prazer. pela manhã, desperto lúcida e com a consciência nas alturas; adormeço em tremores de palavras em ecos falsos. minha mandíbula se abre no ritmo de uma alucinação que não era esperada. realidade e imaginação fazem festa na minha mente corroída. esquizofrenia e psicose na bula do meu cérebro de mil amoras e café preto. não. não fale comigo. não entendo felicidade e constância. não assumo, não me dôo. estou sendo perseguida há anos por uma criatura de carne. mas eu não sou apenas carne. vê, sou alma. mas só de alma, meu corpo não vive. preciso alimenta-lo de vida, ainda que a vida de mim não nasça. teria dias e mais dias de ócio e ainda assim, não me encontraria. o pensamento e a escrita não trazem respostas. é a loucura batendo na porta. bate, bate, bate. me quebra inteira. no vácuo de mim e das frases, crio um novo cenário de horror. não sei no que acreditar. nem rezas, nem bocas em silêncio, me dizem o que fazer. sou oráculo de mim. todas as bocas e todos os corpos não me dão respostas. todas as linhas dos meus livros de gaveta não me preenchem. ausência, distância, recusa, silêncio. fiz um roteiro de palhaço dentro da taça de medusa. quero ver os teus cabelos me trazerem o vinho até à boca. não quero a arte branca; não quero a arte permitida. quero a transgressão; a arte que não tem nome, nem palco, nem script. já ouviu falar da arte dos vagabundos? vagabundos fazem arte. o sonho de um vagabundo, é arte sacra nos becos do mundo. a música urbana dos guetos é arte viva. o stencil dos muros, o grafite nas unhas; a fuga dos homens da lei, eis a arte. meus amores são todos brutos; minha arte é toda torta. meu amor me homicida. minha voz tornou-se roca de arte. minha arte, tornou-me oca e irreparável. você chegou, vou descansar. deitar no teu ombro e cantar canções de ninar. deixa eu ser santa no teu ombro de deus assexuado. fui embora, para não voltar. finito.

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