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sábado, 5 de fevereiro de 2011

para o inferno com o amor: uma história de erich fromm (hell)

comumente, pessoas me procuram. represento uma espécie de fetiche. elas querem saber como é ultrapassar os limites do meu silêncio, do meu corpo. raramente eu cedo às investidas. desse canto do mundo em que vivo há alguns anos, vejo o pior lado do ser humano. tenho a audácia de dizer até que amor é mito; monogamia também. é claro que sou contraditória e não raro caio nas armadilhas do amor romântico. é claro que espero o sagrado, como qualquer menina que cresceu lendo contos de fadas. mas, é em horas como essa, que percebo essas faces distorcidas dos seres humanos, que ouço vozes inexistentes que só eu ouço, que constato erich fromm (hell). o psicanalista alemão, filósofo e sociólogo, citado por mim em uma crítica literária intitulada “o amor é uma arte”, que viveu entre 1900 e 1980, já sabia antes de eu nascer o que eu percebo agora. ele sabia que o amor depende de sutilezas, de algumas necessidades atendidas, de alguns fatores que preservem a sobrevivência orgânica e social de um individuo. não quero generalizar, mas a maioria das pessoas ama aquilo que lhe convém, ama um conjunto de características que são assimiladas e aceitas, ama a própria imagem refletida no outro, o espelho de si mesmo, inventado, melhorado, distorcido. ouvi milhares de vezes pessoas dizendo que me amam, dizendo que são minhas amigas, que sentem saudades, pessoas que me abraçam, me beijam, me querem por perto. pois eu digo: e se eu não tivesse passado pelas experiências pelas quais tive acesso, elas me amariam? se eu não soubesse escrever, não tivesse tido a chance de estudar, se morasse na favela, se precisasse me prostituir para viver, roubar, matar, se elas soubessem o que se passa pela minha cabeça, elas me amariam? se conhecêssemos a rotina de uma pessoa, soubéssemos o que ela faz quando está só, se ela tivesse uma doença incurável e transmissível, por mais que seu espírito/alma, ou o que for, fosse o mesmo maravilhoso espírito/alma, toparíamos ter um filho ao lado dessa pessoa? é a sobrevivência orgânica que impera. se a mesma pessoa com aquele magnífico espírito/alma pesasse 30 ou 300 quilos, seria amada? é a sobrevivência social que impera. já pensei e escrevi sobre isso e muito mais do que isso, mas nunca organizei em um texto. não que agora esteja organizando, mas enfim. são questionamentos que eu me faço a respeito das condições sociais em que as pessoas estão submetidas, que favorecem ou não a dita felicidade, o acesso ao amor. ainda lembrando de fromm, acredito que não podemos ser ignorantes em termos de amor. se deixar levar pelos sentimentos sem pensar sobre eles, acreditar em algo que não conhecemos. voltando a um aspecto comentado no início, desconfio da existência do amor e da monogamia, porque são conceitos engolidos e reproduzidos por nós sem nenhum critério. da forma que conhecemos esses conceitos, o que posso dizer é que eles não são duráveis. o amor da forma que conhecemos é ilusão momentânea; a monogamia é insustentável. minhas experiências me dizem isso; os anos me disseram isso. se eu negar a tudo, estarei escarrando na cara de uma sociedade que quer me ver de vestido branco no altar sagrado; mas se eu aceitar, estarei cuspindo na minha própria cara, nas minhas experiências desse lado do mundo. nem opostos, nem semelhantes podem ser fieis ou felizes para sempre.

3 comentários:

Saulo Popov Zambiasi disse...

Achei o texto um pouco perdido em devaneios... Eu, em minha humilde opinião, acho que o amor é construído. As pessoas amam você pelo que você constrói com elas, pelo que você passa com elas, pelo que você representa para elas. É fácil ter milhares de amigos, mas amigos de verdade (verdadeiros amores na vida) levam um certo tempo para se construir. Não confundir com paixões, essas são efêmeras. E não, talvez seus amigos atuais não te amariam em diversas das situações que você citou, mas você teria outros amores, em outro contexto. De qualquer forma, não menospreze o amor dos seus amigos por ti. Talvez sejam sinceros... Beijos.

Rart og Grotesk disse...

As pessoas amam de maneiras diferentes, algumas te amam de verdade, independente daquilo que vc fez em sua vida, outras dizem que tem amam, mas logo isso passa, ou fingem que te amam para conseguirem algo em troca.
Mas acredito tbm como no comentário de Noctis que o amor é construído aos poucos.
Boa semana!Bjos
http://artegrotesca.blogspot.com

Eutímicas ás Avessas disse...

Concordo. Sim, concordo muito.



:-)