Algo que tenho observado com certo espanto é a banalização das relações, a banalização do contato, do beijo, do sexo. Não quero parecer nostálgica ou saudosista, embora possa o ser, mas havia um tempo (e não faz tanto tempo assim) que certas intimidades eram como pactos sagrados entre duas almas, e não somente troca de fluidos, roçar de bocas & línguas, membros que se encaixam e se distanciam com a facilidade dos impulsos.
Vejo a rapidez com que o contato se firma, com que o pacto, já então efêmero, se dá, com uma roupagem de ritual banal, cotidiano. Etapas são puladas, como se houvesse apenas a necessidade física se consumando e a importância que se dá ao ato é tão rasa, que não sobrevive ao dia seguinte.
Minha percepção é mais ampla. Considero os afagos, os afetos, os contatos. Talvez eu tenha estacionado na época dos amores à moda antiga, quem sabe eu queira fossificar a lembrança e a relevância do primeiro amor, quando não havia apenas a necessidade do corpo, mas também a necessidade de se vivenciar e acreditar no amor, de planejar e conviver, de pensar em um futuro ao lado daquele ser que, gentilmente, cedia fluídos.
Os beijos vinham acompanhados de maquetes imaginativas de casas com grama verde, e eles eram dados debaixo de árvores frondosas, jamais entre fumaças & gritarias de uma noite de rock em um pub da cidade. Não sei, mas acho que prefiro permanecer com o amor à moda antiga, deixa-lo viver, nem que seja na memória corroída pelos anos.
Nessas horas, lembro-me daquela letra de música (daquela banda que nunca gostei muito) – formato mínimo – e entendo perfeitamente essa nova realidade de noites compartilhadas sem o mesmo calor dos sonhos que tínhamos nas antigas. O que para um é uma experiência divina e única, para outro é simplesmente mais uma, entre tantas.
Está cada vez mais difícil encontrar pessoas com parâmetros menos vazios, que tenham o desejo de compartilhar suas vidas e solidões. Dedicamos ao outro apenas uns momentos calculados, milimetrados, cronometrados de nossas existências. Não nos deixamos conhecer, conhecer nossa desordem diária, nossas crises de mau humor, nosso entusiasmo diante daquele ser, como se isso fosse repreensível, feio, ultrapassado.
Somos corpos, com toda essa vida contida, latentes por algo que não chega a acontecer. Nos encontramos e partimos, como formigas, criaturas minúsculas que promovem o desapego o tempo todo em nome de uma liberdade nem sempre doce. Talvez haja medo, talvez haja danos, mas as relações humanas, ainda que antigas, são a parte mais deliciosa dessa vida. E não conhece a vida completamente quem não se dá ou não tem outra vida, habitando concomitantemente com a sua.
Sim, estou cansada daqueles que passam sem deixar vestígios. Estou cansada das bocas nervosas, das mãos que não trazem flores roubadas, das histórias sem rastros de todas as noites. Sim, eu ainda quero o sagrado, a grama verde, nem que ela tenha começo, meio e fim, mas quero vê-la nascer fosforescente debaixo da árvore dos nossos sonhos.
Vejo a rapidez com que o contato se firma, com que o pacto, já então efêmero, se dá, com uma roupagem de ritual banal, cotidiano. Etapas são puladas, como se houvesse apenas a necessidade física se consumando e a importância que se dá ao ato é tão rasa, que não sobrevive ao dia seguinte.
Minha percepção é mais ampla. Considero os afagos, os afetos, os contatos. Talvez eu tenha estacionado na época dos amores à moda antiga, quem sabe eu queira fossificar a lembrança e a relevância do primeiro amor, quando não havia apenas a necessidade do corpo, mas também a necessidade de se vivenciar e acreditar no amor, de planejar e conviver, de pensar em um futuro ao lado daquele ser que, gentilmente, cedia fluídos.
Os beijos vinham acompanhados de maquetes imaginativas de casas com grama verde, e eles eram dados debaixo de árvores frondosas, jamais entre fumaças & gritarias de uma noite de rock em um pub da cidade. Não sei, mas acho que prefiro permanecer com o amor à moda antiga, deixa-lo viver, nem que seja na memória corroída pelos anos.
Nessas horas, lembro-me daquela letra de música (daquela banda que nunca gostei muito) – formato mínimo – e entendo perfeitamente essa nova realidade de noites compartilhadas sem o mesmo calor dos sonhos que tínhamos nas antigas. O que para um é uma experiência divina e única, para outro é simplesmente mais uma, entre tantas.
Está cada vez mais difícil encontrar pessoas com parâmetros menos vazios, que tenham o desejo de compartilhar suas vidas e solidões. Dedicamos ao outro apenas uns momentos calculados, milimetrados, cronometrados de nossas existências. Não nos deixamos conhecer, conhecer nossa desordem diária, nossas crises de mau humor, nosso entusiasmo diante daquele ser, como se isso fosse repreensível, feio, ultrapassado.
Somos corpos, com toda essa vida contida, latentes por algo que não chega a acontecer. Nos encontramos e partimos, como formigas, criaturas minúsculas que promovem o desapego o tempo todo em nome de uma liberdade nem sempre doce. Talvez haja medo, talvez haja danos, mas as relações humanas, ainda que antigas, são a parte mais deliciosa dessa vida. E não conhece a vida completamente quem não se dá ou não tem outra vida, habitando concomitantemente com a sua.
Sim, estou cansada daqueles que passam sem deixar vestígios. Estou cansada das bocas nervosas, das mãos que não trazem flores roubadas, das histórias sem rastros de todas as noites. Sim, eu ainda quero o sagrado, a grama verde, nem que ela tenha começo, meio e fim, mas quero vê-la nascer fosforescente debaixo da árvore dos nossos sonhos.
Um comentário:
'as mãos coladas, a mesma oração'. nostálgico ou mesmo saudosista, como colocas, é o que realmente transmite sabor, gosto, deixa marcas. mais somado de mais (apenas) não significa valor, emoção, aventura ou simplesmente dias calmos e leves abarrotados de sentimentos.
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