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terça-feira, 29 de junho de 2010

solstício de inverno


sei que vou repetir incontáveis vezes ainda, olhando para o céu dos teus olhos: não é justo, não é justo e não é justo. e quem foi que disse que o mundo é justo? estou me dissolvendo num sol lilás retrógrado, ouvindo rock progressivo e bebendo whisky nessa terça-feira do velho oeste. o sopro difuso acariciou as montanhas e chegou até mim, décadas engoliu, décadas fermentou etílico. fecho os olhos e estou numa grama verde interminável. o céu é amarelo, minha aura é vermelha. veja. palavras ecoam; poemas bailam no ar com os pirilampos diurnos. eles são viajantes de outros mundos. seus corpos, naves espaciais. teu rosto se apaga lentamente. pouco a pouco, não lembro mais de ti. vê, você sumiu. espero amigos para o chá, que será servido nos campos de morango para sempre. minha constelação combina com a tua; meu nanquim celestial, meu universo em relevo, de veludo rosa, de ruído macio, minha casa na colina, lendas uivantes, tudo paira no labirinto da minha cabeça, árvore crescente no suplício da manhã. não entre, não bata, me deixe onde estou. parada no ar do meu cobertor, miúdos corpos na cama vazia do jardim. silêncio e respiração profunda. absurdos & saudades, vivências passadas, outras moradas. vaga, vaga esqueleto de fendas. vaga impróprio. vaga solo no solstício de inverno. tua estação floresce primaveras. teu cabelo é colorido, tua roupa, transparente. vaga. teu licor violenta gargantas. teu licor, violeta. não teremos fim enquanto sonharmos. não teremos fim com nossos corpos em frangalhos. não viraremos pó, não seremos consumidos pela terra, não nos matarão, não nós, jamais nós, espíritos de luz.


(trecho irracional de uma mente em relaxamento)

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