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domingo, 6 de março de 2011

diálogo ilusório

(entre escritora & leitor)

ele diz:
?!

ela diz:
conversamos com tempo
meu querido
correria
aqui

ele diz:
tudo bem, fica bem!
 
ela diz:
fico feliz
que queira minha humilde obra
e um autógrafo
um dia ainda vamos nos encontrar

ele diz:
não sou freqüentador assíduo do teu blog, pouco freqüento e leio, mas é o bastante para admirar.

ela diz:
sou só uma garota solitária que encontra na escrita um pouco de alento

ele diz:
fico feliz que tenhas lançado o livro, sei o quanto deve ter sido prazeroso pra você.

ela diz:
na verdade
ele está lançado
não do jeito que gostaria
mas está lá
para quem quiser
apreciar

ele diz:
apreciarei com prazer e feliz por ser uma obra de uma garota que conheço. distante. mas que sei o seu valor. torço sempre pela sua "calmaria", garota.
e como disse,  um dia vamos nos encontrar, fico feliz ao ver você escrever isto.

ela diz:
um dia terei minha calmaria
uma casa no campo, filhos, maridinho, horta & jardim. rede na varanda & som de violão ao entardecer. quem sabe nesse dia, a escrita me seja algo menos doloroso.

ele diz:
será sim.

ela diz:
por enquanto
sou andarilha
moro em hotéis baratos & pensões
de cidade em cidade
procurando paz no meio da solidão extrema

ele diz:
e cada segundo de paz é uma eternidade.

ela diz:
estou cansada, sabe?
sim, estou cansada daqueles que passam sem deixar vestígios. estou cansada das bocas nervosas, das mãos que não trazem flores roubadas, das histórias sem rastros de todas as noites. sim, eu ainda quero o sagrado, a grama verde, nem que ela tenha começo, meio e fim, mas quero vê-la nascer fosforescente debaixo da árvore dos nossos sonhos.

ele diz:
moça, eu só te vejo cansada. é sempre a impressão que tenho, queria ver/sentir essa impressão totalmente contrária

ela diz:
não há esperança de melhora
há anos
só a solidão
me invade
pessoas surgem

ele diz:
mas a esperança é que nos desgraça. desculpa a forma que falo, é que nunca gostei dela.

ela diz:
e me usam, se aproveitam de mim
como um fetiche
fica um vazio

ele diz:
tenha fé, apenas fé. sempre.

ela diz:
que jamais pode ser preenchido apenas por um corpo sem a alma do amor

ele diz:
tens que respirar outros ares e adormecer todo o passado que te cansa.

ela diz:
o meu amor, aquele que abandonei, casou com outra esses dias
me doeu
saber que ainda estou só

ele diz:
não és só nesse sentimento no mundo, se te conforta. mas... só "substituindo" tudo isso que ainda sente, é que irá amenizar essa dor de solidão de agora.
menina, calma sempre.

ela diz:
diga para as minhas noites vazias terem calma
e para as minhas manhãs
que despertam tão sós
terem calma
porque elas me atormentam
o amor que tenho aqui dentro me atormenta
me atormento ao saber
que entre as seis bilhões de pessoas do mundo
nenhuma está ao meu lado
com todo esse amor
e toda essa poesia

ele diz:
digo mais, digo para não sufocar-te todo esse sentimento.

ela diz:
não há ninguém em sintonia
e olha que tento
e tudo o que tenho é mais solidão

ele diz:
doa aqueles que necessitam, aqueles que nunca mais verás

ela diz:
são corpos que roçam e fluídos que são trocados

ele diz:
aqueles que precisam pois não tem de ninguém

ela diz:
para que no dia seguinte
eu não mereça
nenhuma palavra
mesmo que eu tenha dado os melhores orgasmos da vida de alguém
me sinto uma garota de programa às vezes
saciando vontades
sendo que as minhas
não são jamais saciadas
nem com todo o dinheiro
e o assédio do mundo

ele diz:
mas isso há de ter um fim. tudo isso ruim que atormenta você
não podemos é nos cansar
e desistir de sonhar
infelizmente parece que fomos feitos para a dor

ela diz:
eu, de experiências, habilidades, especialidades, no auge da minha intensidade, tenho corpos enroscados ao meu, como gatos carentes em uma noite, e ausências, recusas e silêncios no dia seguinte
meus amores não ganham sequer a aurora

ele diz:
feliz aquele que ganhará
e feliz te fará

ela diz:
eu queria ser aceita, amada, desejada
até ter os cabelos brancos
e rugas na cara
com qualquer corpo
peso, altura
queria ter a alma acarinhada
por alguém semelhante a mim
que me mostre que há amor, fidelidade
que não há somente violência no mundo
traição
e abandono
quem me ganhar terá um céu dos mais delirantes
mas poucos se aventuram

ele diz:
mas chegará, tenhas calma, paciência, fé.      
não há de ser assim para sempre

ela diz:
poucos são os que se aventuram
muitos são os medrosos
aqueles que se deixam levar pela sobrevivência orgânica e social
eu não vivo no meu corpo, na minha cidade, apenas
vivo no universo
minha alma preenche o universo
ela o ganha
a cada novo verso
logo, vou morrer
pelos meus vícios
talvez sem ganhar um tostão pelos
meus escritos
quando te pedirem de mim
diga que ela amou demais
e talvez nunca tenha sido amada
por isso morreu
pelos seus vícios

ele diz:
não será assim.

ela diz:
abarrotados da dor mais doída

ele diz:
não sem sentir todo o amor que mereces

ela diz:
eu fracassei
escolhi a liberdade
e me arrependi

ele diz:
não, não fracassou.

ela diz:
escolhi o amor do mundo
ao invés do amor de um homem apenas
me tornei promíscua
quero saciar os corpos com a minha boca
como se precisasse

ele diz:
mas a liberdade que escolhestes é necessária para o ser
não se torne o que leio você escrever aqui

ela diz:
ser útil, como se precisasse arrancar um pouco de vida desses corpos todos
e experimentá-la
com a língua
e depois engolir, como se pudesse gerar vida com essa rainha na barriga, tal qual zaratustra
se arrependeu
de me tirar da minha alcova
não é?
nunca toque em mim
ou posso
te desnortear
por toda uma vida

ele diz:
qual seria o norte de um desnorteado?! não tens como me desnortear.

ela diz:
te encherei a cabeça de dúvidas

ele diz:
quero que sintas amor por si.

ela diz:
e o corpo novo de desejos impraticáveis
desejará entrar em um mundo jamais pisado
e se perderá
quando perceberes
estará em uma obra de literatura de cabaret

ele diz:
conheço esse mundo

ela diz:
sendo vendido por poucos tostões na estante da livraria mais barata
ainda vou me matar, meu querido

ele diz:
não vais.

ela diz:
ideias fixas me atormentam
tenho que seguir rituais
para qualquer vil atividade
não vivo sem minhas correntes

ele diz:
não és tola a ponto de dar teu corpo à terra como um troféu, sem lutar até o fim.

ela diz:
nem mais respiro sem elas
meu corpo?
usado pelos trogloditas do mundo
ganhará a terra
e os vermes
mais cedo ou mais tarde
ganhará a terra
e o pó
antes mesmo de gerar
uma cria
digna de minha poesia
nenhum homem irá gerar uma cria no meu ventre
tenho 27 anos e todo o desespero do mundo

ele diz:
lembra de tudo isso que estas me falando hoje! vou te encontrar um dia, verás o quando se enganou

ela diz:
meu peso, minha assimetria, meu padrão renascentista, não ganhará moldura de arte

ele diz:
farei 24 esse mês e nada tenho, a  não ser o mesmo desespero
és arte

ela diz:
ganhará uma moldura de madeira barata, feita apenas de verniz
que será corroída
pelas bactérias
desse corpo gasto
adeus, meu amigo
se um dia puderes me amar
venha até mim
ou deixe eu ir até você
do contrário
não mexa na minha solidão
e na minha dor
não a toque

ele diz:
não tiro ninguém de uma solidão e abandono, pois a solidão volta

ela diz:
se não puderes substituí-la pelo amor mais puro

ele diz:
e ainda mais forte

ela diz:
se puderes amar uma alma
que sofreu desde que encarnou nesse corpo
me chame
do contrário
me deixe quieta
até definhar
de amor
solitário

ele diz:
nunca estarás sozinha

ela diz:
até gastar meus pulsos
com a escrita
e com o prazer solitário
mais sórdido

ele diz:
sempre estive aqui

ela . diz:
você é um bebê
eu sou uma senhora devassa
que te engolirá
na primeira oportunidade

ele diz:
para retribuir o que um dia fizestes por mim quando eu estava aos prantos

ela diz:
ainda acabarei em um cabaret

ele diz:
não apenas retribuir, quero fazer amar, que cada um sinta-se amado(a)

ela diz:
ouvindo a boemia dentro da carcaça
bebendo o vinho mais forte
para afogar a dor
abrindo-me para estranhos

ele diz:
como num jogo, eu desafiaria você, e falo desde já que não sairei derrotado, tão pouco você que me fala tudo isso agora

ela diz:
deitando nos colos imundos
dando de mamar aos órfãos de um puteiro
uma mulher como eu
merece a solidão
minhas madeixas e unhas vermelhas, me dizem que nasci para as paixões
meu corpo branco nasceu para a dor

ele diz:
para, chega!

ela diz:
minhas tatuagens contam histórias de um submundo podre

ele diz:
não és nada disso garota
e provo
na minha oportunidade que eu puder vê-la diante de meus olhos

ela diz:
eu sou os personagens que crio
prazer, lolita.
sou o que quiser

ele diz:
és uma perdida! mas não derrotada. diferencie.

ela diz:
vou me perfurar com lanças de aço até ver meu corpo em sangue

ele diz:
como queria vê-la nesse instante.

ela diz:
como a mulher mais linda da cidade
como cass
a mais linda e a mais perdida
vendendo o corpo por uns trocados
até cortar o pescoço
por um escritor de quinta
fui abandonada pelo meu pai. freud deve explicar meu apreço por velhos grotescos
e comprometidos
fui feita em um maverick, sabes?
nasci filha bastarda
gerada na saída de um enterro
em uma estrada de chão

ele diz:
quem é você?

ela diz:
está aí: meu desejo de aventura & morbidez
meu gosto pelo proibido
consegui a habilidade de levar um homem a loucura com apenas um beijo ou toque das mãos
deveria ganhar um prêmio
por isso?
isso não dá prêmios de literatura
lolita, lucy
ou quem quiser ser
o mesmo apreço por homens, se repete pelas mulheres
uma doença?
quem sabe

ele diz:
não.

ela diz:
bissexualidade
ou devassidão
está apavorado?
é só o começo
mas vou te poupar

ele diz:
prazer, talvez, por que não? é errado? proibido?! 
não me poupe se um dia eu vê-la diante de mim

ela diz:
jamais me lerá sem sentir alguma reação
queres comprar meu livro?
esteja pronto:
vais criar as fantasias mais loucas
e não as saciará
sem mim

ele diz:
tudo bem, se preciso, buscarei você onde estiver

ela diz:
não sou como a sua amiguinha
sou um vício fatal
não sou assexuada
não escondo meus desejos
em deus
não escondo minhas vontades

ele diz:
que deus guria, que deus?!

ele diz:
o deus
das meninas
puras
que são devassas
disfarçadas
engraçadinhas

ele diz:
a amiguinha?!

ela diz:
de nelson rodrigues
não admitem seu fogo
o escondem em deus
como se isso bastasse
olham o amor pelo buraco da fechadura
são personagens de reportagens policiais e nem sabem
estão ali
furacões latentes
atrás de prazer e morte
mas não se admitem
eu me admito

ele diz:
talvez, elas se admitam, sim.

ela diz:
no quarto escuro
debaixo dos cobertores
da moralidade
com suas mãos pelos corpos de falsas virgens
me compreende?

ele diz:
perfeitamente. talvez quem melhor te compreende nesse assunto em relação a elas

ele diz:
eu quero ver o sangue, sempre quis ver o sangue jorrar
não o quis guardar nas entranhas
desde a infância, o quis jorrando
e assim o fiz

ele diz:
mas não foi essa pessoa que conheci, parecia outra, onde esteve essa de hoje?

ela diz:
aos 15, me transformei em mulher
escondida
para poucos
escolhidos
mas você tocou
na minha dor
agora agüente
pode agüentar a verdade?

ele diz:
não agüento a mentira

ela diz:
então, estaremos bem

ele diz:
quem lhe disse?

ele diz:
meu corpo já lateja
preciso saciá-lo

ele diz:
mas avante, garota.

ela diz:
morra de medo
fuja
se esconda
faça o que quiser

ele diz:
não fuja, não morra.
não se esconda
avante

ela diz:
o que quer de mim agora?
o que quiser
pode pedir
estou só e aproveitando minha solidão
essa é a tua hora

ele diz:
sinceramente, só queria uma companhia, na qual a sua seria agradável demais para o que mereço para me acalmar

ele diz:
estou sendo dispensada?
posso ir?

ele diz:
nunca
serve um nunca?
para suas perguntas?

ela diz:
o que fará agora?

ele diz:
irei ao teu encontro.

ela diz:
ariano, regido por marte, o deus da guerra, o que fará?
pois venha
espero que se arrependa

ele diz:
não vai me querer diante de si

ela diz:
eu vou querer até a última gota
não falarei nenhuma palavra
traga o livro

ele diz:
então, terei que seguir teu silêncio

ela diz:
autografo com teus fluídos
e os meus
numa fusão
se tiver coragem nesse corpo, venha
se tiver ainda mais, volte
e se tiver toda a coragem do mundo
fique

ele diz:
já foge?

ela diz:
vou saciar esse corpo

ele diz:
fala do meu?

ela diz:
o meu
com as tuas lembranças
e o teu
a hora que quiseres
me fale
o que acontece
nele
nesse instante?

ele diz:
nada, não acontece nada. mas isso não me diz nada

ela diz:
e na tua mente
o que acontece?
nada?
então não cumpri meu dever como escritora

ele diz:
que se tiver de saciá-lo da forma que fala, saciará plenamente e então caberá a mim saciá-la de uma forma superior a que me ofereceu
mas você sempre cumpre seu dever, sim
tenhas certeza

ela diz:
meu dever só estará cumprido
quando ver corpos em ereção, tal qual bukowski
e mentes excitadas
tomadas por paixão
e corações disparados
enquanto isso não acontecer
serei medíocre

ele diz:
medíocre ?
com tudo isso que me fez passar nessa manhã de domingo?

ela diz:
medíocre.
o que te fiz passar, meu caro leitor?

ele diz:
fez perder-me ainda mais nessa realidade
querer sair
não acreditar

ela diz:
se te deixei com vontade de ler da primeira até a última linha, cumpri o meu dever

ele diz:
e ir... ir.  até o chão cair

ela diz:
vir até mim?

ele diz:
sim.

ela diz:
ótimo

ele diz:
e irei.

ela diz:
estou satisfeita
por hora
como escritora maldita e amadora
tenho parte do meu desejo saciado
é um trabalho árduo o da arte

ele diz:
hoje eu fui usado como uma puta de cabaret. mas você me saciou, obrigado.

ela diz:
um trabalho sexual
entre escritor e presa
obrigada
a arte é sexual
toda ela é

ele diz:
concordo plenamente

ela diz:
você foi minha presa da vez
nesse domingo, te comi com todas as forças
pode partir assustado
mas jamais indiferente
bebê
não sabe onde se meteu

ele diz:
quer isso garota?

fabita . diz:
aconselho a procurar por outras garotas mais amenas
amenidades aqui não existem

ele diz:
não me meti em nenhum lugar diferente de onde já me encontro
podes ter certeza

ela diz:
provocou conversa, se perdeu

ele diz:
me faz voltar aos 17 anos, onde passei a ser perdido em minha vida.
talvez eu não me deixe se perder mais.

ela diz:
deus do fogo, deus da guerra, me teve nessa manhã. escondemos o sol com a nossa noite.
minha noite em plutão

ele diz:
pensamos muitas vezes ser predadores, mas por ventura acabamos presa.

ela diz:
foi presa
fiz um homem de presa
quem disse que só eles podem
violentar?
violentei
mas com poesia
te invadi
eu sinto

ele diz:
se te deixo saciada, aceito-me dizer que fiquei perdido.

ela diz:
perdido?
explique

ele diz:
não é o que me diz? que não devo procurar conversa, pois irei me perder? como se ao te ler me sentiria usado, uma presa em agonias e assim ficaria do início ao fim, e assim permanecerei e em ti nada irá causar
então, se nada te causa, tudo isso que foi dito aqui. aceito tê-la somente saciada e nada  mais.

ela diz:
você é incrível
mas me causou
imensa vontade
de te fazer encontrado
filosófico?
nonsense?
ético?

ele diz:
agradeço, me fez sorrir.

ela diz:
escrita espontânea
nada jornalística
e sim literária

ele diz:
acredito.

ela diz:
venha me ver, guri
se assim quiser
e venha logo

ele diz:
sou um guri mesmo frente a ti, que tenho tanto carinho.

ela diz:
um bebê
se hospede em um hotel e me chame
não vou tratar de amenidades

ele diz:
pretendo ir com uns três amigos no final do ano, mochilar na argentina. pensei logo em ti, irei precisar de dicas, ajuda sua, garota.

ela diz:
só de intensidades
faremos do hotel quase um consultório das letras

ele diz:
daí, não perderei a oportunidade, seja no rs, em sc ou na argentina, irei ao teu encontro

ela diz:
mulher, me chame de mulher

ele diz:
é estranho, mulher... mulher.
falarei seu nome então.

ela diz:
“mulher?”. ele sempre me chamava de “mulher”. “é você, mulher?, ele perguntava ao telefone. “você pode, mulher?”, “mulher, você vai?”, “você quer, mulher?”. de modo que eu quisesse imaginar, como uma idiota, minuto a minuto, que só havia uma “mulher” no mundo, e que era eu. “mulher”... “mulher” para não cair no erro de trocar os nomes das amantes, para não se dar o trabalho de guardar a individualidade de cada uma, procurando enquadrá-las todas em um substantivo simples de gênero que conotasse à feminilidade própria da presa, feita simplesmente para amar.

inspirado em um trecho de “fim de caso”, de graham greene.

ele diz:
ahá, assim, acertei em cheio ao falar que te chamarei pelo nome.

ela diz:
bebê, és um grande homem
nunca te disse
nunca te dei a chance
mas o é
cortou a veia certa
e eu jorrei até o fim

ele diz:
tenho receio de ti, já estivemos bem próximos, mas também já estivemos muito distantes. é sempre inesperada a forma como irá me tratar.

ela diz:
depois de hoje
teu acesso será livre
bata e entre
ou entre sem bater

ele diz:
sei que não será sempre assim. mas entenderei.

ela diz:
não será
és sábio
mas se souber cativar o teu espaço
será

ele diz:
assim terei de viver te cativando, uma... duas... três... n vezes.
pois não me recordo, de mais de uma vez, que entrei sem bater a porta
e fui recebido

ela diz:
e não é isso o amor?
cativar dia após dia
para ganhar o mel prometido,
até que o mel seja destinado a um único ser?

ele diz:
mas por que fazer recomeçar sempre?
todas as vezes tive de ir do início para conseguir acesso a ti.

ela diz:
eu sei
sou difícil
me perdoe
agora vou

ele diz:
és fantástica

ela diz:
um beijo
onde escolher
um beijo de uma dama da noite que te espera

ele diz:
sim!

ela diz:
com o cálice em punho
vertendo fogo

ele diz:
que assim seja.

3 comentários:

Renata Oliveira disse...

Gata, se é foda.

Zahar disse...

Gosto muito dos seus textos. Também sou jornalista e estou começando a escrever mais - fora do padrão lead/sublead/corpo/pé, eu quero dizer. Algumas questões tangenciam os temas do teu blog. Se puder dá uma olhada: http://copyluwak.blogspot.com/2011/03/sao-bento.html e http://vikingleaks.blogspot.com/

ecp disse...

O meu amigo Zahar me indicou esse texto, disse lembrar de mim... é, ok, me identifiquei de leve...