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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
“O pão da gente é isso”
Aqui estamos nós, os trabalhadores
Libertinagem & sadismo: ingredientes de um marquês
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Quanto vale uma vida?
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Trainspotting
confissões para a lua
Teatro & circo: ao ar livre, “Cirkito de los Badulakes” encantou o público
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Vidas que se chocam e culminam: Eis, Amores Brutos
O filme será exibido nesse sábado (19), das 20h às 22h, no Cine Teatro do Sesc. Faz parte de uma trilogia, na qual também estão incluídos os filmes 21 Gramas e Babel, do mesmo diretor
Auxiliar da biblioteca do Sesc, Cleber Bicigo conta que o filme faz parte de uma trilogia, na qual também estão incluídos os dois filmes: 21 Gramas (2003) e Babel (2006), do mesmo diretor. Iñarritu ainda dirigiu, entre outros filmes, o famoso documentário 11'09"01 - September 11 (2002).
“Os filmes têm um tempo narrativo não cronológico. É uma narrativa fragmentada. Dentro dos fragmentos, percebemos qual é a história que vai ser contada. No caso de Amores Brutos, ele começa com um acidente entre dois carros e, a partir disso, as histórias vão sendo desamarradas”, comenta Cleber. São personagens de classes sociais diferentes, cujas histórias de vida culminam nesse acidente. Depois do primeiro impacto em que as vidas se chocam, o filme remonta os momentos que levaram a chegar ao encontro entre os dois carros. “As vidas que se chocaram, em uma esquina, cada uma com uma história diferente a ser contada”, explica. A conexão dos três filmes está na narrativa. “O grande lance é a forma narrativa”, diz Bicigo.
Abrindo o debate
Quem complementa é a atriz e diretora chapecoense Inajá Neckel. “Não é um filme aristotélico (ou seja, linear). Não é nada aristotélico. Isso eu achei fantástico. Fui mais pela sensação quando assisti. Pela imagem e sensação. É terrível porque há uma impossibilidade dos personagens de lidarem com a situação”, revela a atriz. Inajá fala em especial da personagem Valeria – uma modelo que se envolve no acidente e, de cadeira de rodas, olha para a própria imagem do passado recente através de um outdoor.
Entre os filmes da trilogia, Amores Brutos é o favorito de Inajá. Ela salienta a parceria entre o diretor e o roteirista do filme, Guillermo Arriaga (indicado ao Ariel por Roteiro original). Arriaga, segundo Inajá, interferia na direção, embora tivesse a proposta da dramaturgia. “A dramaturgia é muito importante. É o diferencial do filme. As imagens são ótimas; os atores também, mas a dramaturgia é onde o filme dá o salto.” Ela enfatiza que o filme conduz o espectador e não dá muitas pistas do desfecho, ou seja, lança surpresas ao longo da história.
De certa forma, a trilogia marcada pelo tempo narrativo não cronológico, se assemelha ao trabalho de um diretor norte-americano muito conhecido: Quentin Tarantino, que procura uma visão não-linear dentro de suas produções. Entretanto, Cleber vê certa diferença entre os diretores. “Tarantino trabalha com a narrativa fragmentada, porém de uma mesma história; na trilogia de Iñarritu, a narrativa fragmentada é trabalhada na mesma perspectiva, mas são várias histórias diferentes que se unem, que culminam em um dado momento, em um único momento.”
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Boca Maldita: Café, futebol & mulher
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Atrás dos números, há vidas
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Ar de melodias
Sociedade Sonora e Trevo de Quatro Folhas invadiram o ar de melodias na Quinta Autoral de Música do Café Brasiliano, dia 10 de fevereiro.
Os dois faziam parte da extinta banda chapecoense Plug and Play. Tinham algumas ideias de composições e resolveram uni-las. “Eu pegava uma música minha e ele colocava algo nessa música. E vice e versa. Começamos a compor juntos. Novas músicas surgiram”, conta Winston. Algumas das músicas tocadas no café, na primeira apresentação da Sociedade Sonora, são ideias unidas de Tonho e Winston.
A Sociedade Sonora surgiu para dar vazão à grande vontade de tocar que os dois tinham. Uma brincadeira de violão, instrumento estudado por Winston, conhecedor de violão clássico. “Nunca fui regrado nessa questão de estudo, mas sempre tive vontade de criar algo meu. E o violão é um instrumento que permite isso.”
Brincadeira recente: são apenas seis meses de criação da Sociedade Sonora. “Pensei: ‘O que a gente pode fazer, entre eu e você, já que a gente gosta de tomar cerveja juntos, se reúne bastante nos sábados, domingos, fazendo experiências musicais? Tocar violão’”, fala Tonho.
Foi uma surpresa para Winston o que eles conseguiram fazer com dois violões e os rumos que a música tomou através desse trabalho. Conseguiram fazer na Sociedade o que não estavam conseguindo em outros projetos musicais paralelos. “Curtir o som pelo som. Fazer uma apresentação, não era a questão”, completa Tonho.
Músicas com nomes peculiares, como Labut e Bolinho de Chuva. A primeira, por exemplo, é um tratado sobre o trabalho, a invariabilidade do ciclo da busca pelo dinheiro, que traz frustração, na visão do letrista Antonio. “Tu entra no cansaço, na rotina. E a rotina é uma coisa que mata. Mas, às vezes, no meio dessa rotina você consegue despertar.” Bolinho de Chuva é uma música que remete a uma sensação de tranqüilidade de um dia de chuva e de ócio, que carrega em si toda a mística própria da música instrumental.
Como diz Tonho, a música instrumental beira à mística pelo fato de não usar a narrativa (letra) e possuir um título que transporta uma imagem. “A partir dessa imagem, associada ao movimento do som, cada um cria a sua história. O grande desafio da música instrumental é passar aquilo que está escondido no título, no movimento do som.”
A mística da música também mora na narrativa
“Me sinto feito pássaro novo, viajante, longe do ninho, não quero mais não ser gente grande, bom mesmo é ser passarinho!” O refrão de Pássaro Alado, colado na parede em cartolina e escrito à mão, vinha suave de Priscila Maboni, ex-integrante da banda Dorothy, que vestida de personagem de música, entra nas canções e lá se instala, até o show acabar. “Sou o personagem que está na música. Não tem como ficar imune à letra que você está cantando. Tu sente a música e canta.”
A história desse projeto é antiga. A primeira gravação com esse nome aconteceu em 2004. Tocavam/cantavam, em períodos de latência. O Trevo de Quatro Folhas é mais uma das vontades de Tonho, que não cabia nos projetos musicais que ele fazia parte. Um “plano b” particular, feito em casa, varando a madrugada. Músicas introspectivas, com o olhar de alguém parado observando o mundo. “Se eu te dissesse que tal música, foi feita de tal forma, com tal intenção e em tal dia, seria mentira. São histórias, minhas histórias. Coisas que eu vivi, por muitos anos, coisas tristes, divertidas...”
Algumas letras têm seis, sete anos de existência. Porém, mais da metade do show da Quinta Autoral, foi de músicas inéditas, que nunca foram tocadas ao vivo. “Nunca tocamos desse jeito. Desse jeito, nunca tinha acontecido.” Antonio conheceu Jakson, irmão de música, ainda no tempo dos Bauretes Quizofônicos – o primeiro que aderiu à idéia do Trevo de Quatro Folhas. Depois, veio Priscila. Aldriano e Rodrigo, Tonho conheceu recentemente, através de uma outra banda.
História de oito, nove anos, impossível de ser sintetizada em minutos desconfortáveis e gravados de conversa. Mas Tonho tenta. Diz que a banda une folk, elementos de rock, incluindo progressivo, e elementos aleatórios. Desses, alguns surgiram de Beirut, que se aproxima da música folclórica, pela composição dos instrumentos.
Com essa formação, a banda ainda não havia tocado, pois a formação atual data de três semanas, sendo que houve apenas dois ensaios com essa formação antes do show. Uma das apresentações memoráveis do Trevo de Quatro Folhas aconteceu no FEMIC (Festival da Música e da Integração Catarinense), porém com outra formação. “Essa é a melhor formação que a banda já teve”, lança Tonho, dizendo que o Trevo teve tentativas mais elétricas.
“Se eu tivesse que te resumir, o Trevo de Quatro Folhas é feito de coisas que eu deixei em segundo plano, não por culpa dos outros, mas por minha culpa. Eu sou o maior culpado”, afirma ele, que começou a fazer música no dia em que soube de um curso de violão no colégio. “O dia em que eu escolhi o violão, comecei a fazer música. Eu era criança. O dia em que eu escrevi a minha primeira poesia triste sobre o mundo, comecei a fazer música. E eu gosto do rock porque ele me dá a possibilidade de eu fazer o que quiser com a música. Isso que a gente fez, pode-se dizer que é rock. Mas pode-se dizer que não é”, revela Antonio. “Tudo o que somos, isso tudo, é o Trevo”, resume, por fim, Priscila.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Cara a cara com a “temida famigerada”!
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Olhar demorado para um cenário de abandono
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Tropeiro velho de guerra
sábado, 5 de fevereiro de 2011
para o inferno com o amor: uma história de erich fromm (hell)
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
As flores sombrias de Baudelaire
Em seus versos, Baudelaire enfatiza os sentimentos de uma alma atormentada, através de uma poética sepulcral, de tom triste, sombrio e também boêmio. Baudelaire deu origem aos chamados poetas malditos na França, tendo inventado uma nova estratégia de linguagem, pois incorporou a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do romantismo, criando assim a poesia moderna. Baudelaire, além de poeta, foi também crítico e marcou as últimas décadas do século XIX. Influenciou a poesia internacional com As Flores do Mal, surgindo, a partir do livro, o movimento simbolista.
Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris, em 9 de abril de
O livro que tenho é um texto integral, lançado pela Martin Claret, em 2003, que publicou As Flores do Mal na conhecida Coleção a Obra-Prima de Cada Autor. É dividido entre Spleen e ideal, Quadros parisienses, O vinho, Flores do mal, Revolta, A morte e Poemas acrescentados às Flores do Mal na edição póstuma.
O comprei no ano seguinte do lançamento, na faculdade. Seu estado deplorável conta histórias das noites em que foi devorado sem pudor. Ecoaram das gargantas na noite ébria “A uma mendiga ruiva”, “A alma do outro mundo” e principalmente “De profundis clamavi”, poema cujo título se remete ao Salmo 134: “Das profundezas erguerei a ti, Senhor, os meus clamores”. (De profundis clamabo ad te, Domine).
E que conexão sentia com aquele poema.
Imploro-te compaixão, ó meu único amor,
Do fundo deste abismo em que agora sucumbo.
É um universo morno, o horizonte de chumbo
Em que nadam na noite a blasfêmia e o horror.
E seis meses no céu plana um sol sempre frio,
E seis meses a noite é imensa e tumular,
É um país bem mais nu do que a terra polar,
– Sem verde, sem bosque e sem animal e nem rio.
No mundo não existe um horror comparado
Ao frio tão cruel deste sol congelado,
À noite imensa igual à do caos ancestral;
A sorte invejarei do mais vil animal,
Capaz de mergulhar no seu sono inconsciente,
Com os fios do Tempo a dobrar lentamente!
Em 31 de agosto de 1867, Baudelaire morre, sendo sepultado no Cemitério de Montparnasse, onde faz companhia a figuras como Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Guy de Maupassant e Man Ray. Sua vida, como a muitos de seus vizinhos de alcova, parece ter percorrido mais tempo do que a vida de nós, meros mortais, pela força da obra deixada, que dispensa demais elogios.