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domingo, 9 de janeiro de 2011

chá, chocolates & rosquinhas

meu querido,

acabo de assistir o filme que me indicou: “mary and max – uma amizade diferente”. me identifiquei. vi muitos de meus rituais e solidões ali. me bateu uma vontade de resgatar a minha velha máquina de escrever vermelha e mandar-te cartas. mas a máquina emperrou o rolo de tinta e eu então parti para o computador. estava ouvindo “luz negra”, na voz de cazuza, na vitrola, mas ela foi desligada sorrateiramente pela mão de uma pessoa de ouvidos frágeis. agora, o ouço também aqui. mas, não abandonei a ideia da carta. o que acha? é meu melhor e único amigo nesse momento. não me pergunte o motivo, pois posso ter um ataque de ansiedade, como os de max (risos). nesse instante, minha doce valentina veio violeta deitar em minha cama. minha máquina de escrever também foi recuperada. devo dizer que minha carta está sendo interrompida por presenças e pedidos de atenção. minha solidão, violentada. a porta, fechada a sete chaves, aberta; a luz, até então morta, ascendida; o ventilador agitador de ideias, amigo íntimo nos meus verões, desligado; a janela que não havia despertado, escancarada. me sinto constantemente invadida pelas presenças humanas. e a tua presença que me invade primeiro o coração, ainda não chegou em casa. seria bem recebida, garanto. agora, me aventuro em um soul com pegadas de rhythm and blues. gosta de blues? minha vida é meio blue sem você. não, isso não é uma cantada. sabe, não gosto de vozes adocicadas e agudas. gosto das roucas e das graves. tenho uma dessas, mas solto suspiros doces de vez em quando, quando penso em ti, quando sonho contigo acordada projetando um futuro lindo, com cheiro de flores roubadas. escrevi minha crítica literária da semana pensando em ti. tentei escrever pra ti também, mas você chegou na hora certa. ficou só aquele texto não terminado (te espero chegar. a chuva sacrifica o telhado ao som de david bowie na vitrola que, de quando em quando, cisma com riscos antigos e se repete em um eco profético. a noite é mais vazia e mais triste sem você. a casa estaria silenciosa, se não fosse a tempestade repentina. relâmpagos clareavam o céu de esperanças da tormenta que já chegou. minha escrita, sempre ela, o meu refúgio na tempestade.) uma das coisas que sinto, ao pensar em você, é o desejo do eterno. queria poder ser dona do termômetro do tempo e determinar nossa eternidade. pobre mortal, é o que sou. hoje ouvi dizer que endeuso pessoas. será que isso é, de todo, ruim? meu endeusamento é natural, acontece sem eu perceber. como andar de bicicleta ou calhambeque. uma espécie de botão contido em mim que é apertado involuntariamente. posso estar endeusando você, mas não se preocupe, isso passa. meu parceiro das madrugadas, vou me despedindo dessa carta-frustrada-que-era-para-ter-sido-escrita-na-máquina-de-escrever. tem algum antídoto contra falsidade e “venditismo” alheios? estou precisando. me mande dentro do envelope. no mais, te amo.

com amor,
sua garota.

ps.: estou tentando parar de fumar. ainda não estou conseguindo. mas se eu conseguir, como chamarei meu blog? “chá, chocolates & rosquinhas”?

Um comentário:

Saulo Popov Zambiasi disse...

Estou torcendo para você parar de fumar. Se esforce, ok!? Beijos.