O livro pode ser antigo, mas é atemporal. A edição que tenho em mãos é do ano de 1971, publicada pela Editora Itatiaia, mas o li como se tivesse sido lançado ontem, afinal, trata do amor – esse sentimento universal que vai além dos vincos das datas. “A Arte de Amar” traz o sentimento esmiuçado pelo raciocínio privilegiado do psicanalista alemão, filósofo e sociólogo, Erich Fromm (1900-1980).
Ele acredita que dedicamos tempo demais tentando ganhar dinheiro e prestígio, enquanto o amor é visto como um luxo, pois “só” traz proveito à alma. E diz mais: se um músico, médico ou carpinteiro precisa aprender a arte da música, a arte médica ou a arte da carpintaria antes de exercer sua função, porque, antes de tudo, não aprendemos a amar, já que todos nós estamos sujeitos a dar e receber amor? Acreditamos que já nascemos prontos nesse aspecto, mas Fromm mostra que nos falta muito discernimento sobre o que é o amor.
Nossa tendência é suprir necessidades: a necessidade de superar a separação, de deixar a prisão em que se está só. Chegamos a ver o outro como mercadoria. “Assim, duas pessoas se apaixonam quando sentem haver encontrado o melhor objeto disponível no mercado, considerando as limitações de seus próprios valores cambiais.”
Em uma de suas passagens, o autor descreve com precisão o que acontece quando julgamos amar alguém. “Se duas pessoas estranhas uma à outra, como todos somos, subitamente deixam ruir a parede que as separa e se sentem próximas, se sentem uma só, esse momento de unidade é uma das mais jubilosas e excitantes experiências da vida. (...) Contudo, tal tipo de amor, por sua própria natureza, não é duradouro.”
Fromm aponta que após as duas pessoas se tornarem mutuamente conhecidas, a intimidade perde o caráter miraculoso, o que mata a excitação inicial. A “loucura” da primeira fase dos relacionamentos, é espelho de uma grande solidão anterior. No frenesi de ansiedade causada pela separação, do vazio que sentimos desde o nascimento, buscamos a chamada “metade”, como se pudéssemos encontrar no outro tudo o que nos faltava, o que gera ainda mais ansiedade e frustração.
Ressalta ainda que a procura pelo orgasmo reveste-se de uma função semelhante ao alcoolismo e do vício em drogas. “Torna-se uma tentativa desesperada para fugir da ansiedade engendrada pela separação”. Dessa forma, Fromm observa que “o ato sexual sem amor nunca lança uma ponte sobre o abismo entre dois seres humanos, senão momentaneamente.”
3 comentários:
Uau!
Já quero (Muito) ler!
E q arte.
Entao publiquei minha opinao sobre Os Amantes do Café Flore no Esconderijo em forma de post. Depois observe.
Extraordinário filme. Obrigado de novo.
Um beijo do observador.
Cheguei aqui guiada pelo google quando procurava informações sobre esse livro. Aí ler você me deixou foi com muito mais vontade de lê-lo. E de quebra, estou presa na leitura de outras coisas que vi por aqui.
haha
beijos.
Postar um comentário