minha mão está seca. sabia que esse dia iria chegar. ela não tece mais, vê? ela rasga espelhos, ela torce imagens, mas ela não tece. quando ouço billie holiday, a diva do jazz, de dentro do carro, e vejo aqueles botecos sobreviventes noturnos, eu já não abro meus olhos com encanto. vê, meus olhos não tecem mais. e quando vejo um ser que me faria bater mais forte o peito, eu logo esqueço, pois, vê, meu peito não tece mais. desde os malditos 27 feitos, desde o maldito livro impresso, eu não teço, apenas tateio a dita nova fase. eu perdi, eu morri, vocês estão certos. vocês, montados nessa arrogância destrutiva, estão certos. cavei minha cova das letras. vê, aqui jaz a sombra pútrida do que fui. sente, o cheiro de coisa velha e morta invade o ar. não, não. não escrevo mais. não, não. não vejo mais. não, não. não me apaixono mais. centaura alada, sagitário minando o mapa, os planetas, o descendente filosófico me trouxe até aqui. mas vê, ele não quer mais imperar. sinto a necessidade de comunicar, mas comunicar o que? os gêmeos ascendem e requerem as palavras, mas eu não as tenho para dar. não sou como vocês, que falam sem saber o motivo. só falo o que a psiquê me diz, o que meu corpo tem de pérolas do espírito, só falo dos mitos manifestos, das musas que carrego e atraio. mas agora, agora tudo é passado. meu eu-divino espera o caminhante que me trará uma nova história para morar no peito, nos dedos e nos olhos. mas vê, ele tarda a chegar. e eu nunca fui tudo aquilo e nunca serei. serei apenas eu, embriagada de eus. para sempre.
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