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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Os cafajestes (não) merecem o paraíso - Uma analogia descarada


É possível que o lugar ocupado por um cafajeste só seja devidamente medido quando, sem mais delongas, conseguimos tira-lo de nossas vidas. Um alívio em perceber que estamos, pela primeira vez desde os tempos remotos, condizentes com a nossa intuição. Não seria uma inverdade admitir que os cafajestes estimulam a nossa imaginação, nossa veia criativa; pois, para tolerar ou tentar compreender as atitudes de um cafajeste, nos lançamos em um descampado, porém rico e imaginativo, para nos convencer, da maneira mais poética e humana, de que não é possível existir ser vivente com tamanho despeito.
Senso de humor particular, estratégia amorosa pouco usual, medo de compromisso, trauma de infância, descaso materno ou paterno. Tudo isso entra em questão quando queremos justificar a personalidade de um cafajeste. Porém, pasmem as descrentes: os cafajestes existem, e estão entre nós. Hedonistas incuráveis, egocêntricos, quantitativos, apelativos, de olhares caninos, eles estão em toda parte. E haja psicanálise freudiana de botequim para explicar como é que eles surgem.
Senhoras bem-casadas, cuidem-se: eles podem estar entre vós. Nem todos possuem características semelhantes entre si e há aqueles que, como camaleões predadores do deserto, camuflam-se com zelo tal, que jamais, a mais desconfiada, neurótica e histérica balzaquiana ousaria por em xeque a sua conduta.
As chamadas mulheres do mundo, vividas, curtidas, também são vítimas corriqueiras dos cafajestes. Isso porque a carência e o excesso de pressão social é capaz de fazê-las admitirem um cafajeste para chacoalhar a solidão. Crentes de que “esse é diferente”, experimentam também o veneno amargo do cafajestino.
É claro que um mundo sem cafajestes seria um mundo menos boêmio, perderia o aspecto romântico ofertado pela canalhice. Não tentaremos aqui tirar os méritos dos cafajestes, canalhas e cachorros de espécies variadas. O universo feminino sem eles seria duro demais, sério demais, exato e previsível demais. Cafajestes ofertam ao mundo uma doce ilusão, que perdura mais ou menos o mesmo tempo que uma gripe. Entretanto, parasitas, muquiranas, se infiltram no frágil sistema emocional feminino e podem provocar estragos irreversíveis.
Mas dizem que mulher alguma pode considerar-se experiente nas intrincadas artes do amor sem ter passado, pelo menos uma vez na vida, pelas hábeis mãos de um cafajeste. E é provável que cafajeste algum passe pelo mundo à toa, ainda que com toda e única sede de prazeres que possui. Depois de um cafajeste, as mulheres são mais capazes de detectar investidas canalhas e, consequentemente, vislumbrar olhares mais bem intencionados.
Portanto, aos cafajestes de nossas vidas, agradecemos por toda a poesia, mas sigam adelante com essa indomabilidade dócil de cão sem dono bem longe de nós. Seguiremos com nossa poker face até que um novo caso seja escrito pelo destino.

(Inspirado em conversas noturnas com o grande Legramantti)

3 comentários:

Aline Pompermayer disse...

Cara, é batata quando estou apaixonada... e correspondida, fico num estado de felicidade tão inebriante que fico burra!

As minhas melhores ideias surgiram da depressão pós cafajeste!

Mas chega né?! Já tá doendo demais!

:)

Saulo Popov Zambiasi disse...

Humm... Sou completamente anti-cafajeste :)... E sinto, mas discordo de algumas coisas que você escreveu. Não subjugue os não-cafajestes. Você está nos colocando em uma posição não-romântica, chata e imbecilizada. É uma posição um tanto discriminatória e generalizada. Sou revoltado quanto a coisas assim, mas vou me conter a apenas esses comentários. Beijos e boa semana.

fabita . disse...

saulinho, meu amorrrrrrrr
entenda que esse foi um texto
magoado! já passou, já passou...
assopra :P