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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

queda livre



ele não responde,

ele não liga,

ele já não fala,

não ouço a sua voz.

quem é ele,

quem é ele,

quem é ele?



ele já não respira,

ele já não ouve,

ele não se move,

ele morreu.

ele não abre espaço,

ele não encontra caminho,

ele já não vive.



quem é ele?

quem é ele?

quem é ele?

ele se foi,

não voltou.

será que esqueceu?

será que pirou?

desistiu?

sonhou?



queméelequeméelequeméele?

terá o telefone estragado,

terá a caneta findado,

terá o suporte furado,

terá a linha quebrado,

terá a sorte azarada,

terá a sombra enviuvado,

terá a memória despedaçada,

terá a visão embaçada,

terá os poemas queimado,

terá as fotos aniquilado,

terá as desculpas escapado,

terão seus dedos enferrujado,



terá sua boca colada,

terá a pá de cal lançado?

terá? será?



bolero, violino,

cabaré de sonhos, café frio.

tu me deixou e meu riso virou rio.

meu desalinho desandou,

sou de linhas & manchas,

puxadas, pinceladas de fogo fátuo.

tufoiembora, eu não sei o que dizer.

te escrevo esse poema

que é pra não esquecer

que a minha rima pobre quer,

nas vias de fato,

relembrar teu nome

e que penso em ti

nem que seja pra lembrar

que já esqueci.



(pseudo-psicografado por um espírito exagerado, irreal e imaturo)



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