gosto desse estado entre paixões
tão raro, tão calmo, tão tranqüilo...
a pele amarelada de sois
meu hotel de ilusões particular
gosto de aceitar as estações
as idades das coisas, os tempos, os climas
tempestades, relâmpagos, trovões
manhãs brandas, céu azul, chuva fina
gosto de enfrentar essa guerra
dos meus infernos & paraísos astrais
gosto do verde, do roxo-vivo, púrpura
das rosas-magentas, da ferida que não dói mais
gosto da essência das sementes, de regar botões
acariciar sua prole, prover seu pólen
me agrada a dança das águas
“nesse rio que corre em veias mansas dentro de mim”
gosto da madeira como elemento
das presenças que invadem a alma
do estado infantil do ser humano, não raso
do balanço da rede nas tardes de domingo
das formas barrocas, dos dedos de diva
do hortelã do teu crivo, gudang
fazendas floridas, estampas, desalinho
de todo esse vinho, do teu beijo de mil morfinas
dessa centelha de vida que me invade
desse festival divino à flor-da-pele
dos perfumes, dos risos, dos poemas
das cantigas de ninar, dos infantes
livre do que me dilacera
longe de ti, “minha grande, minha pequena obsessão”
já que da tua lembrança ficou o vapor
ecos & sombras de palavras que se foram
palavras não salvas, antigas
que de ti me faziam refém
mas de mim agora sou dona
pois me sinto minha e não mais tua
da minha boca, fruta vermelha
fica o gosto do que se foi
fruto fora de época, perfil de begônia
que não mais reinará no teu jardim
Um comentário:
querida . . .
amo.
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