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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

silêncio vasto devorando a noite. sou tão pequena debaixo do céu. que estrela é essa tão sem brilho, tão igual, mas ainda assim tão digna de amor quanto qualquer outra? ah, se eu soubesse dos astros, se eles te trouxessem até mim, se as estações da lua, certeiras setas noturnas, oráculos pendentes, me dissessem sem dúvidas o dia da tua chegada... te esperaria, mergulhada no nosso ritual. pronta, mãe das águas, a espera do teu abraço terroso. e eu me inundo nessa espera, me despenco no vasto de mim. mas para que previsões se meu peito conhece as senhas, minha intuição te desvenda, minha voz te despe antes da chegada? mesmo assim, tenho te pensado, te medido, percorrido florestas ancestrais atrás de ti, bardo louco da floresta que saiu de viagem naquele amanhecer xamânico. desertos, descampados, grutas & vales passaram pela minha rota, correndo atrás do sonho, que deslizou dos teus cabelos sem roteiro. tu despertou e partiu, cantando aquela velha canção. passou pelas montanhas & serras & cordilheiras & muralhas, pelos montes & praias distantes. não deixou pistas, mapas, fósseis, suspiros ou fios de esperança nos rastros. meus cálculos se perdem em cada milha que teus passos engolem, minhas rédeas, de porosas pérolas vermelhas, se partem sem rascunho ou esboço. eu, de prosas & de versos, mapas astrais, flores carnais, te desenho no céu dos meus horrores, mas me basta a delícia de estar viva para te esperar, papoula roxa no vento, cérebro de hai kais e mil e uma histórias para contar. noites imensas nos serão pouco, saliva, tato ou (in)decências. quero o mundo todo inerte para nós, para caminharmos sem fim pela noite, sorvendo e coagulando o sangue do universo. te cobrirei de bálsamos místicos, de névoas, serões, brumas, orvalho & calor. quebrarei minhas armaduras avaras, minhas máscaras de ferro e meus espartilhos de nervos. serei eu, em ti, por mim.

(sem revisão ou nexo para um amor que partiu)

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