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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

não

não, não me mandem dormir,

não, não me mandem abaixar o som,

não mandem calar,

apagar o cigarro ou o cio.

eu não vou, hoje não.

quero cutucar o teu medo,

aquele que tu não pode sequer

bloquear, deletar, excluir.

não me mande parar,

hoje eu não vou.

vim pra bagunçar tuas certezas,

bem no meio da noite.

não quero o permitido,

não quero o absolvido,

o absoluto.

feche a janela,

eu ainda estarei lá.

desligue o telefone,

eu ainda vou te ouvir.

se tu não gosta do jogo,

estará perdido.

se tu não sabe jogar,

terá o meu tiro.

te encontro nos néons

do meu filme noir.

te encontro em david goodis

ou em hqs monocromáticas.

te encontro

e por que te encontro?

não te encontro

e por que do desencontro?

te prolongo no meu tango,

é personagem do meu sonho,

é figuraviva do meu fim,

és meu & delira.

velha dor em brasa,

velho amor em cena,

velho gosto amargo

na boca de gim.

mais uma terça-feira,

mais uma noite de insônia,

mais uma bofetada

do destino,

bang-bang, mescalina,

viúvanegra, feridaviva.

venha dor, deixe verter.

é a dor mesclada de cor

é a cor, virada em tons.

é o amor, te dilacerando

de novo.

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