vai, agora pega as tuas tralhas, põe o meu nome na tua lista e some daqui. não se esqueça de fechar a porta e de não me aparecer nunca mais. sim, meu bem, fácil assim. nojo, tenho nojo. tua cafajestagem, o que passa por essa cabeça suja, teu hedonismo, teu implicantismo, tudo me enoja. toma vergonha nessa cara, desiste desse teatro de quinta, benzinho, e vê se desaparece. sou a vítima que tu não se deu o trabalho de conhecer; sou as muitas caras do que tu jamais vai encarar. pesadelo, querido, teu pior pesadelo. pode me chamar assim. quando sozinho contigo depois da farra tua cara tu olhar no reflexo encardido, meu nome tu vai ver, bem assim: PE-SA-DE-LO, tatuado no espelho barato do banheiro. cansei desse barco furado perdido no meio do nada, desse movimento nauseante, desse vai e não vai. não sei nadar, mas vou me atirar nas águas desse desconhecido. eu, sempre tão incisiva, dei pra ter medo do corte. mas agora não, quero deixar essa correnteza me levar e que ela seja impulso divino e que me leve à terra firme ou me que mate de uma vez, salamandra explorando diques, desenho em nanquim diluindo no escuro das águas. porque nem toda ponte é real, porque há miragens também no lago. a prisão faz da ilusão um caminho, o medo faz do barco furado um refúgio, de onde não se vê salva-vidas...
(monólogo de um futuro que não virá ao som de dead kennedys)
(monólogo de um futuro que não virá ao som de dead kennedys)
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