o que diria plínio marcos se me encontrasse numa dessas noites sujas, ele, vendendo livros, andarilho, com uma garrafa de cachaça pelas bordas do fim e eu, medrosa e sóbria, com toda a minha mania de controle? quem sabe riria da minha cara de merda e falaria sobre os chefes & chefetes e suas bundas cravadas de espinhas grotescas esprimidas nas cadeiras de couro falso, enquanto eu me afastaria boquiaberta desejando minha cama, longe do mundo. riria da minha mania de dar o meu sangue pra tudo o que faço sem ao menos gozar um pouco do lado doce, ainda que no fundo de uma garrafa pelas bordas do fim. o que diria ele desses falsos intelectuais e de suas revistas de coluna social, das rodas literárias e de toda essa grande escrotice de elite que chamam de cultura, desses risos distorcidos, desse medo, desse medo? se me visse pelas ruas dessa capital do oeste, me convidaria para passar a noite no hotel mais fuleiro dos terminais e eu pegaria um táxi de volta pra minha alcova burguesa, preferindo, de novo e sem dúvida, meus lençóis imaculados. que grande marginal de merda eu daria ao dar de cara com plínio marcos... diria talvez que eu estou perdendo tempo em não ser um grande palhaço. e se caio fernando abreu, bem no meio dos mendigos e falos, desse de cara comigo? me daria um abraço nojento dizendo pra eu segurar a minha loucura com essas garras atrofiadas de dama da noite e continuaria se divertindo sem medo do fim. que espécie de desgraçada eu seria ao dar de cara com o velho bukowski na bodega da esquina, com a cara fodida de tragos e dores em pencas, me dizendo que a mosca no braço dele era mais interessante. e que grande marginal eu seria, com a cara no mundo, e que grande merda maior ainda eu seria se visse cazuza. ele diria que estou desperdiçando todo o meu mel, soltaria uma gargalhada bêbada e diria pra eu mandar o mundo se foder. que grande merda eu seria se visse cazuza.
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