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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

miles davis


os sons dos carros na avenida central são abafados pelas janelas de vidro fechadas. aqui dentro, ninguém mais do que miles davis e o ar rarefeito da madrugada. tenho te esperado. vou do jazz ao blues, da bossa ao chorinho, e nada de ti. estou insone. minha cabeça mais parece um disco de vinil com largos furos, relembrando das frases desconexas que você disse, das tuas pausas e aflições, intermitentes. está bem, eu menti. não pude dizer-te a verdade, não sabia o que viria depois. se eu dissesse que te amava, tu poderia partir com teu sorriso de lagarto e nunca mais voltar. e, mesmo assim, você partiu, sem segundas ou terceiras intenções. mas eu te perdôo. queria até que tu soubesse que aceito o pedido. desculpe o estrondo, não compreendo a linguagem dos jogos modernos (estou aprendendo xadrez), não tenho anticorpos contra ciúmes fatais e não posso ficar longe de ti por mais de cinco segundos. eu sei, meu olhar “mata mais do que bala de carabina, que veneno estriquinina”, me uno intensa aos teus braços e saio sem me despedir. mas te amo. e se leres estas linhas, volte, assim que puderes. também não suporto esperar e desconfio até da minha aura. não deixe dúvidas e vestígios de dor.

com amor (ou quase isso), uma certa garota.

2 comentários:

Girino original disse...

inebriante, audaz, artista das palavras, lavreadoras de pensamentos ousados e requintado gosto por barbas ... e livros ... e psicotrópicos em geral!

Leonardo de Castro disse...

que visu...