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sábado, 9 de abril de 2011

sobre a saudade



entre todos os temas em mente, a saudade é o tema principal desse sábado de outono. a saudade tomou conta do peito, da cabeça, do quarto, da casa toda, do quarteirão, da cidade, pegou um teletransporte e foi até você. nina simone não ajuda quando a saudade vem. ela a embala com aquele ar melancólico de fim de noite, em um bar prestes a fechar, onde eu sou a única mulher na mesa ainda esperando, esperando a saudade passar. sou difícil de tocar. poucos tocam. porque antes de tocar a mim, é preciso tocar na minha dor. e essa, essa dor, recheada de saudade, é quase intransponível. você quase, quase não pode entrar. meus olhos, sem os óculos, só miopia. meu abraço sem o teu, letargia. se eu gritar daqui dessa cama que já sente o frio chegar que te amo, você iria me escutar? quem sabe onde esteja, por mais alto que esteja o som, quem sabe você possa me escutar. você me tocou. como? ainda não sei. não somos tão parecidos assim, mas também nem tão diferentes. tenho te esperado durante todo esse tempo. meio sem querer, te esperei voltar. não deixei ninguém mais me beijar daquele jeito. minha boca ainda é tua. eu preciso apenas de um sinal para seguir e se ele surgir, quero que tudo mais vá para o inferno. foi meu bandini nos dias de glória. fui tua camila, quando já não tinha para onde voltar. lembro de uma noite que tu dizia que minha dor doía em ti; lembro da primeira vez que te olhei com olhos curiosos e que te vi retribuir. eu estava encostada em um muro de berlim, mochila nas costas, pronta para uma nova aventura que se tornou tortura, se não fosse por ti. ou seria você o maior motivo da minha tortura? eu sorri, você retribuiu, olhando para trás. te achei tão menino. e eu, tão mulher, me descobri menina nos teus braços. ninguém mais irá te abraçar daquele jeito, visceral. eu te amei 24 horas por dia. me julgue, se quiser, mas amei. e por alguns instantes, entre os boletins e tédios diários, talvez tenha sido amada. senti teu medo e teu medo te engoliu. teu medo quase, quase venceu o meu amor. quase. mas não venceu. te sinto perto de novo, quase posso te ouvir. ouvir aquilo que guarda lá nos porões censurados da tua alma. lá, onde o ar é carregado do silêncio mais denso, eu posso ouvir. e quando você ou eu voltar, vou quebrar o silêncio com a poesia que não viu sair de nenhum outro lugar. e nem verá.

pra ti.

Um comentário:

Renata Oliveira disse...

Bem, comecemos por minha adoração à ti. Sua escrita exerce fascínio em mim. Grande Fabita ! Alma beat ;D Não sei, teus ponts finais parecem virgulas, confudem a cabeça de lê e em mim dá curiosidade, raramente usa letra maiuscula.
Achei em vc um lado meu, gosto daqui !