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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Atípico e indecifrável

“Minha música, o que eu faço, a minha vida, sempre foi calcada no débilmentalzismo. Eu amo a débilmentalidade.”

Uma figura atípica. Quem conhece Astronauta Pingüim, sabe que esta é uma verdade. No Start Bowling Bar, em Carazinho, na última sexta, o músico deu uma entrevista exclusiva para o Blitz e mostrou um pouco de sua personalidade mítica e por vezes indecifrável.

Blitz – Qual é o seu nome verdadeiro?
Astronauta Pingüim – O nome que eu considero é Astronauta Pingüim, mas meu nome de batismo é Fabrício Carvalho, só que nem a minha família me chama assim. Pingüim é muito de infância, acho que eu tinha um jeito de andar diferente das outras crianças, aí me apelidaram de Pingüim. Eu não tenho como saber onde isso começou. Astronauta surgiu na época de adolescência. Assumi os dois nomes. Sabe aquela coisa de colégio, quando te chamam de um apelido e tu não gosta, mas é pior negar, porque aí é que vão te chamar?

Blitz – Astronauta Pingüim é um personagem?
AP – Não, não é um personagem. Sou eu mesmo. Gosto de toda essa indumentária. Não uso sempre porque às vezes não estou no clima. Não tenho uma cueca ou um par de meias, que não tenha sido minha mãe ou alguma namorada que me deu.

Blitz – Você tem várias namoradas?
AP – Quem me dera.

Blitz – Quem é o Astronauta Pingüim nas horas vagas? Soube que você vê cada programa...
AP –
Eu adoro o Ratinho. E acho que o mundo inteiro adora o Ratinho, só falta o povo admitir.

Blitz – Quando você começou a trabalhar com música?
AP –
Vou fazer 35 anos dia 11 de outubro e a música entrou na minha vida quando eu tinha uns oito ou nove anos de idade. Eu tenho um pai, muito querido. Nunca foi presente, mas sempre bancou o que eu queria. Lembro que em 1987, quando eu devia ter uns 12 anos, comecei a fazer música.

Blitz – Onde você nasceu?
AP –
Nasci em São Leopoldo, mas meu pai é mineiro. Sou de uma família ridícula. Se meu pai é mineiro, o que veio fazer aqui? Mas enfim... Moro agora em São Paulo, graças ao meu bom Deus e ao meu bom discernimento. Sou muito grato àquela cidade. Também sou muito grato à cidade de Carazinho. Adoro. Tenho um grande amigo aqui, (Ilario Junior Amaral da Silva) que me trouxe à Carazinho da primeira, da segunda e da terceira vez. Passo Fundo, Porto Alegre, São Leopoldo, adoro todas essas cidades. Mas no Brasil, São Paulo é a cidade que eu mais amo. Dou graças a Deus de morar na melhor cidade da América do Sul. Não tenho palavras para exemplificar minha gratidão por São Paulo.

Blitz – Recentemente, você toca com o baterista Ramiro Pissetti (ex Os Pistoleiros, Incríveis Animais que Tocam e atual Animales), não é?
AP –
Eu amo o Ramiro. Se tu soubesse o quanto eu amo o Ramiro Pissetti, o Glauco Caruso, outro baterista que toca comigo. Cleiton Martins, Cristiano Krause. Amo essas pessoas. Elas me dão suporte – palavra mais próxima do que quero dizer – para eu fazer a minha debilmentalzisse. Minha música, o que eu faço, a minha vida, sempre foi calcada no débilmentalzismo. Eu amo a débilmentalidade. Essas pessoas se privam, às vezes, por mim. O Ramiro então, um professor de uma faculdade, se priva de dar aulas para ir tocar comigo. Mas às vezes eu toco sozinho também, quando ninguém me dá bola. Eu toco baixo, toco bateria, toco guitarra...

Blitz – E essa proposta de ter você no teclado e voz, ao lado do baterista, tocando músicas próprias, mas também clássicas da Madonna, Cyndi Lauper e até Lulu Santos? Muita música das décadas de 1980 e 1990...
AP –
Não é uma coisa que eu tenha inventado, uma grande invenção.

Blitz – Quanto ao seu álbum Supersexxxysounds (2008)? Se encaixa no estilo Eletro Rock?
AP – Esse é o meu segundo álbum. Legal você chamar de Eletro Rock, porque ninguém chama. Eu acho que é, porque tem situações eletrônicas. Bem aquela dos anos 80 e 90. Ele é muito bom, mas o próximo vai ser ainda melhor.

Blitz – Ainda toca com o Júpiter Maçã?
AP –
Toquei com o Júpiter Maçã de 2000 a 2003, aí o Flávio Basso teve uns envolvimentos na vida dele e eu tive os meus e nos separamos. Voltei a tocar com ele em fevereiro de 2009 e estou até agora. Toco piano e órgão. Viajo bastante por causa do Júpiter, principalmente para o sul.

Blitz – Você participou do clipe recente do Júpiter Maçã, Modern Kid. Uma proposta bem diferente do que a banda já havia apresentado, mais moderna.
AP –
É uma proposta diferente, mas que eu não entendi. Te juro. Não sei quão mais moderna é essa proposta. Sei que me pediram para fazer um personagem naquele clipe que eu acho que não iria servir e eu não fiz, sou quase um manequim naquele clipe. E isso eu quis ser.

Blitz – O que a música representa na tua vida, na vida das pessoas?
AP –
Dependo da música, vivo dela; dependo das pessoas gostarem do que faço. É uma estratégia que vai se desenvolvendo de forma gradual. Não se trata da pessoa gostar da minha música e ponto. Não é só isso. Tu gosta da minha música e no próximo show eu vou te enxergar. No outro tu vai vir falar comigo. Essa é a grande coisa. Eu faço amigos nos shows. Tenho amigos que vieram me ver aqui. Eles estavam num show em Passo Fundo. Uma das coisas mais legais, uma das únicas coisas que valem a pena, é conhecer pessoas. O que vale é a parceria. Como todas essas pessoas não vão morar no meu coração? Eu quero mais é fazer amizade nesse mundo – uma das poucas coisas que são verdadeiras.

Conheça Astronauta Pingüim: www.myspace.com/astronautapinguim

(Publicado no Caderno Blitz em 21 de maio de 2010)

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