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sábado, 22 de maio de 2010

ácido

estou bem no meio

de tudo o que eu deixei

e do que restou daquilo

que um dia foi.

e tu,

que tanto me atrai como,

na mesma medida,

me repele,

me faz pensar

se pelo menos sou

o suficiente

do que deveria ser pra ti.

sou o suficiente pra mim.

da cara de sono,

cabelos armados ao amanhecer,

olhos fundos de dores profundas

até as idéias complexas

acumuladas durante os anos,

que agora se precipitam

na simplicidade dos fatos.

não, tu não és quem eu procuro.

e como são improváveis

os encontros da vida.

pessoas não aceitam as falhas,

suas e alheias.

como são tolas

ao negar o erro,

ao querer o impossível.

e como é bom desejar o impossível,

até que as ilusões

abracem toda a roda viva

e parem o movimento.

mova-se,

mova-se como jamais se moveu.

beije a flor exótica

e espere o perfume

perfurar ácido ou belo,

mas inspire.

só não bata na minha porta

se eu não for a flor (es)colhida.

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