estou bem no meio
de tudo o que eu deixei
e do que restou daquilo
que um dia foi.
e tu,
que tanto me atrai como,
na mesma medida,
me repele,
me faz pensar
se pelo menos sou
o suficiente
do que deveria ser pra ti.
sou o suficiente pra mim.
da cara de sono,
cabelos armados ao amanhecer,
olhos fundos de dores profundas
até as idéias complexas
acumuladas durante os anos,
que agora se precipitam
na simplicidade dos fatos.
não, tu não és quem eu procuro.
e como são improváveis
os encontros da vida.
pessoas não aceitam as falhas,
suas e alheias.
como são tolas
ao negar o erro,
ao querer o impossível.
e como é bom desejar o impossível,
até que as ilusões
abracem toda a roda viva
e parem o movimento.
mova-se,
mova-se como jamais se moveu.
beije a flor exótica
e espere o perfume
perfurar ácido ou belo,
mas inspire.
só não bata na minha porta
se eu não for a flor (es)colhida.
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