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domingo, 14 de março de 2010

fotografias em preto & branco



chove e faz frio no rio grande. o ar é seco, o dia é cinza. sinto falta da ilusão de ser amada. consciente das minhas limitações, das tuas, do mundo, sigo só para um café. sonny boy williamson na cabeça que se agita na estação do trem. lembro de quando passeamos juntos por aqui, das fotografias em preto & branco e dos rolos coloridos da analógica, lembro do deslumbramento diante do antigo, da arquitetura dos anos 30, das casas que fazíamos nossas. penso em onde possa estar agora, abraçando ombros de cabelos lisos, pretos e longos, arrastando nas calçadas. não sou eu que estou contigo. estranho. parecia que era para ser... e a lembrança não chega a doer e a tua solidão também é uma opção e a minha, condição. amor não se pede e não se deixa pedir. deixa estar, deixa morrer. lá vem o trem, o dia seguinte, a lotação para o nada, o frio, o frio... deixa eu devanear, poetizar, sozinha na terra antiga. sou tão pequena, tenho tanto para escrever. pequena demais para ser escolhida, grande demais para passar despercebida. mediana. sinto o corte do vento na cara, dilacerada de emoções velhas e pesadas. me escondo no manto xadrez, meus olhos captam um mundo invisível aos outros olhos, meu perfume espiral do outro lado do mundo. te espero chegar. beijo de até mais ver.

Um comentário:

Saulo Popov Zambiasi disse...

Belo texto, guria! :) Solitário, cinza, mas bonito. Tenha uma boa semana. Beijos...