estranho perceber o quão humanos somos. contraditórios, carregadores de multidões. não há conceito que seja imutável; não há corpo ou espírito que não esteja sujeito a golpes do tempo, de traumas ou de misérias. e até o mais metódico, rotineiro e pacato caminhante mundano está suscetível a surtações. e existem infindáveis explicações para surtos humanísticos, mas nada muda o fato que ofendemos e somos ofendidos; somos expostos e expomos, pelo simples motivo de estarmos vivos. quantos adjetivos já não foram ditos e inventados para explicar as características inerentes ao ser humano? imagine que, ao invés de jogar um cara no lixo, dizendo que ele é um monstro, cafajeste, canalha, sem vergonha, tu dissesses apenas: “nossa, mas como tu és... humano!” simples e sem graça. adjetivo (in)correto que nem de longe saciaria a vontade louca de exorcizar os demônios da raiva. então, deixem que digam, que pensem e que falem. que os adjetivos mais escrotos sejam parte desse discurso ritualístico de exorcismo cotidiano, e que venha deus, a ironia ou o acaso castigar essas bocas-sujas, mas que elas tenham o direito de dize-lo, antes que tudo isso acabe em chamas. ou em câncer!
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