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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Matéria recente da qual fui fonte, escrita para o Jornalismo na Pauta - Jornalismo Unochapecó

 LINGUAGEM
MUITO ALÉM DO LEAD
       A escrita jornalística envolve elementos
   próprios para repassar a informação

Lydiana Rossetti

Concordância, coesão, sintaxe, acentuação, ponto, parágrafo. Regras do bom Português que regem a maneira de qualquer brasileiro escrever. Para os jornalistas, além dessas, há aquelas criadas exclusivamente para esses profissionais. A linguagem jornalística não é restrita apenas nas respostas de : quem, quando, onde, como e porquê.
O jornalista não escreve apenas, ele conta uma história. Por isso sua linguagem deve ser o mais clara possível, para que o receptor da mensagem entenda a informação que se pretende passar.
Para a jornalista Fabiane de Carli Tedesco, que atua na empresa Nova Comunicação, a linguagem do jornalista não precisa ser tão séria e tão chata. Ela acredita que é possível escrever uma matéria pequena, responder o lead e escrever de forma diferente, sem cometer o famoso nariz de cera. “ Dá para ser objetivo e principalmente intenso”, afirma Fabiane.
Via de regra, o texto jornalístico tem que ser objetivo, imparcial, claro, além de respeitar as normas da Língua Portuguesa. A forma de escrever “jornalismo” aprendido hoje nas universidades é o mesmo que o de ontem. Possui, por exemplo, as mesmas referências bibliográficas, de autores como Nilson Lage e Juarez Bahia.
 A coordenadora e professora do curso de Jornalismo da Unochapecó, Mariângela Torrescasana, acredita que a forma de escrever no jornalismo de anos atrás comparado com o de hoje, não mudou. O que mudou foram as ferramentas utilizadas para escrever, a forma de redigí-lo talvez tenha mudado, com a inserção de novos vocábulos decorrentes da presença da tecnologia nos meios. “A linguagem básica; o valor notícia; relação com fontes; objetividade; clareza; nitidez continuam valendo independente do meio”, observa Mariângela.
A nova maneira de escrever
A partir da década de 1960 nasce na imprensa um estilo de escrever chamado “Novo Jornalismo”. No Brasil este estilo foi muito usado nas revistas Realidade e O Cruzeiro. Trata-se de uma linguagem mais próxima da literatura, em que o texto é passado de uma forma menos “séria”, em que envolve mais o leitor. Mariângela relembra da época de faculdade em que nas noticias diárias os professores não permitiam escrever de forma literária ou contextualizar o fato. Simplesmente falava o que tinha que ser dito e pronto, apenas nas reportagens a linguagem podia ser diferenciada.
Tanto ela quanto a professora da disciplina de Técnicas de Reportagem da Unochapecó, Angélica Lüersen, acreditam que hoje existe uma abertura maior do uso da linguagem literária nos veículos. A jornalista Fabiane pode comprovar isso, quando trabalhou por algum tempo no jornal Voz do Oeste, de Chapecó, onde  teve a oportunidade de colocar o jornalismo literário, que tanto ama, em matérias diárias, corriqueiras.
Para estas jornalistas, o jornalismo e a literatura são parentes próximos. Mariângela afirma que um jornalista que lê, escreve muito melhor. O vocabulário é mais abrangente e consegue “fisgar” o leitor como num livro. Portanto, não é só os meios que começaram a aceitar a escrita diferenciada no jornalismo diário, mas o próprio público. “ Quando leio um texto literário me sinto abraçada. Parece que ele me pega pela mão e me leva junto”, conta Angélica.
Transcrever a informação
Estar rodeados por tecnologias e sem poder perder tempo, virou rotina, não só para os jornalistas. Para o radialista, Edson Florão, hoje em dia “se paga o preço da velocidade”, pelos profissionais se acomodarem na busca pela notícia se tornam meros porta-voz da informação. Também prejudica, segundo ele, a linguagem, que fica menos embasada e mais superficial.
Angélica também acredita que a linguagem jornalística não sofreu alterações no decorrer dos anos, mas a forma de construir o texto, faz com que haja diferentes formas de narrar um mesmo fato. E a construção é a escolha da técnica utilizada para apresentar a informação ao leitor. Isto deriva muitos dos meios. Para a internet é uma técnica, para o impresso, rádio e TV são outras.
De acordo com Mariângela e Edson, só existe uma boa matéria, independente do estilo, técnica ou veículo utilizado, se houver uma boa apuração dos fatos, vivência com as fontes, e um texto que repasse informação de forma clara e objetiva.

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