De que tempos remotos seriam datadas as superstições? De que matéria são feitas para que perdurem tanto? Teriam um fundo de verdade as histórias contadas pelos nossos pais e avós? As mesmas que ouviram dos seus, e assim por diante, como uma louca imagem de um espelho em frente ao outro: infinita, e de incertos paradeiros curvilíneos.
E foram noites após noites de chuva e com cheiro de parafina, do fogo que queima a vela e acende a imaginação... A imaginação, e não seria esta a tal matéria de que são feitas as superstições? Diriam os simplistas, filósofos de boteco, que elas viriam do medo humano do desconhecido. O eterno receio do negro, o lendário medo da morte, ainda que a vida doa mais e seja comumente mais lenta; Diriam os crentes que elas viriam da mais pura e indiscutível verdade. Ora, quem desconfiaria do poder nocivo dos vãos das escadas pendidas nas paredes, dos gatos que cruzam as ruas furtivos e das temerosas sextas-feiras marcadas pelo tão afamado número 13?; “Uma mente doentia, alienada e ignorante”, lançariam os descrentes, munidos de cálculos, fórmulas e comprovações científicas provindas de cérebros altamente racionais, incompatíveis a quaisquer noções de fé.
No Tarot, o número 13 não é nada mais, nada menos do que o arcano da Morte, a mais temida das lâminas, que perambulam pelos séculos decifrando as engenhosas organizações sociais, do Imperador, passando pelo Hierofante, chegando ao Louco, o bobo da corte de todas as cidadelas do Mundo, aquele que de tão “bobo”, fala o que o povo vê, mesmo que com o pescoço em guilhotina eminente.
E o 6? Ah, o 6. Sua má fama é antiguíssima, dos tempos bíblicos, a-po-ca-lip-ti-ca! Sexta-feira, o sexto dia da semana: Que dia para estar aliado ao vilão dos números, o 13. Pior do que isso, somente se unido a uma seqüência de dois 6, aí sim. Meia, meia, meia (666): o Número da Besta. O que diria Pitágoras ou Einstein sobre tais atribuições? Chamem os matemáticos, porque disso, eu nada sei. Só do que me lembro dos tempos de escola é de uma frase nada amistosa que me vinha à mente: “Sorte desse cara que inventou a matemática de já estar morto; se não estivesse, eu mesma o mataria”.
Na tradições esotéricas da numerologia, o número 6 não é tão mal assim. Ele representa harmonia e o amor. O 13, é entendido pelo número 4 (1+3=4), um número bem menos excitante, já que fala de rotina e pragmatismo. É, e falando nisso, a escada, companhia rotineira de exímios pintores, lixadores de mão cheia e limpadores de translúcidas superfícies planas, só é nociva, na minha opinião, se aliada com más intenções à poderosa Lei da Inércia, a primeira de Isaac Newton, que diz que: “Um corpo em repouso irá permanecer em repouso até que alguém ou alguma coisa aplique uma força resultante diferente de zero sobre o mesmo”. Ou seja, se os pintores, lixadores e limpadores nervozinhos resolverem colocar determinada força em suas respectivas varinhas mágicas de cada dia e lançarem na sua cabeça. Aí sim, a Dona Inércia garante que o objeto não vai parar de cair até encontrar um obstáculo, ou seja, a sua cachola. Assim, garanto que passar debaixo de escadas é mesmo um tanto perigoso.
Quanto à discriminação ao negro do gato, a acho válida desde que o supersticioso em questão utilize a sua criatividade maléfica e preconceituosa contra o pobre bichano – Felis silvestris catus negrus – para baixar o Edgar Allan Poe que existe em si e (re)inventar um conto imortal, usando a matéria-prima das superstições, a imaginação: fonte indispensável de verdadeiras proezas nos campos da história, filosofia, religião, esoterismo, matemática, física e, é claro, das letras, para a qual me refugio sem saber de nada, nem dela, nem das outras, como uma supersticiosa e eterna espectadora da vida.
(Publicado no Folha Regional em 13 de fevereiro de 2009)
E foram noites após noites de chuva e com cheiro de parafina, do fogo que queima a vela e acende a imaginação... A imaginação, e não seria esta a tal matéria de que são feitas as superstições? Diriam os simplistas, filósofos de boteco, que elas viriam do medo humano do desconhecido. O eterno receio do negro, o lendário medo da morte, ainda que a vida doa mais e seja comumente mais lenta; Diriam os crentes que elas viriam da mais pura e indiscutível verdade. Ora, quem desconfiaria do poder nocivo dos vãos das escadas pendidas nas paredes, dos gatos que cruzam as ruas furtivos e das temerosas sextas-feiras marcadas pelo tão afamado número 13?; “Uma mente doentia, alienada e ignorante”, lançariam os descrentes, munidos de cálculos, fórmulas e comprovações científicas provindas de cérebros altamente racionais, incompatíveis a quaisquer noções de fé.
No Tarot, o número 13 não é nada mais, nada menos do que o arcano da Morte, a mais temida das lâminas, que perambulam pelos séculos decifrando as engenhosas organizações sociais, do Imperador, passando pelo Hierofante, chegando ao Louco, o bobo da corte de todas as cidadelas do Mundo, aquele que de tão “bobo”, fala o que o povo vê, mesmo que com o pescoço em guilhotina eminente.
E o 6? Ah, o 6. Sua má fama é antiguíssima, dos tempos bíblicos, a-po-ca-lip-ti-ca! Sexta-feira, o sexto dia da semana: Que dia para estar aliado ao vilão dos números, o 13. Pior do que isso, somente se unido a uma seqüência de dois 6, aí sim. Meia, meia, meia (666): o Número da Besta. O que diria Pitágoras ou Einstein sobre tais atribuições? Chamem os matemáticos, porque disso, eu nada sei. Só do que me lembro dos tempos de escola é de uma frase nada amistosa que me vinha à mente: “Sorte desse cara que inventou a matemática de já estar morto; se não estivesse, eu mesma o mataria”.
Na tradições esotéricas da numerologia, o número 6 não é tão mal assim. Ele representa harmonia e o amor. O 13, é entendido pelo número 4 (1+3=4), um número bem menos excitante, já que fala de rotina e pragmatismo. É, e falando nisso, a escada, companhia rotineira de exímios pintores, lixadores de mão cheia e limpadores de translúcidas superfícies planas, só é nociva, na minha opinião, se aliada com más intenções à poderosa Lei da Inércia, a primeira de Isaac Newton, que diz que: “Um corpo em repouso irá permanecer em repouso até que alguém ou alguma coisa aplique uma força resultante diferente de zero sobre o mesmo”. Ou seja, se os pintores, lixadores e limpadores nervozinhos resolverem colocar determinada força em suas respectivas varinhas mágicas de cada dia e lançarem na sua cabeça. Aí sim, a Dona Inércia garante que o objeto não vai parar de cair até encontrar um obstáculo, ou seja, a sua cachola. Assim, garanto que passar debaixo de escadas é mesmo um tanto perigoso.
Quanto à discriminação ao negro do gato, a acho válida desde que o supersticioso em questão utilize a sua criatividade maléfica e preconceituosa contra o pobre bichano – Felis silvestris catus negrus – para baixar o Edgar Allan Poe que existe em si e (re)inventar um conto imortal, usando a matéria-prima das superstições, a imaginação: fonte indispensável de verdadeiras proezas nos campos da história, filosofia, religião, esoterismo, matemática, física e, é claro, das letras, para a qual me refugio sem saber de nada, nem dela, nem das outras, como uma supersticiosa e eterna espectadora da vida.
(Publicado no Folha Regional em 13 de fevereiro de 2009)
3 comentários:
Superstição é para quem acredita. E é com base nisso que pode-se dizer que a vida de todas as pessoas é uma grande superstição. Pegando como exemplo: um simples gato preto atravessa na frente de alguém, momentos antes de ocorrer algo ruim. Este fato gera, para aquele que pode perceber, a associação negativa na mente com relação ao gato, e isto se dá muitas vezes pelo fato em si,ter sido atípico, mas foi uma associação.
E o que somos nós, senão um emaranhado de associações?
No entanto, ao contrário do gato preto, algumas coisas são tão mecânicas e típicas, que não conseguimos perceber e isto se deve ao sono em que todos se encontram.
Coisas simples e triviais de nossas vidas podem provar que a superstição está em tudo e muitas vezes não conseguimos enxergar como sendo uma superstição, mas não deixa de ser. "Dormimos bem!; foi a cama"; Chamei a atenção de alguém e gostei!; foi a roupa, o perfume"; "Disse a verdade para alguém e fui mal interpretado ou mal tratado!; nunca mais farei isso"; e por aí vai.
Acreditamos no que achamos certo e evitamos o que acreditamos ser errado, o que nos amedronta, isto é superstição; A loucura está no fato de que muitas vezes o errado de um pode ser o certo de outro.
texto não corrigido.
Suponho que ao questionar sobre a possibilidade de eu e você nos conhecermos, tenha visto em minhas palavras algo familiar. Estou certo?
Certo ou errado, entrei em seu blog por acaso e sendo assim não sei se a conheço, afinal pouco consta aqui sobre você(nome, endereço,rótulos). Mas independente de tudo podemos trocar conhecimentos, não sobre nós, mas sobre a vida, a fim de expandirmos nossa percepção sobre as coisas.
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