De um quintal invejável, abarrotado de plantas alucinógenas, animais pitorescos & flores libidinosas, o Bordel das Capitus era a miragem em meio ao deserto dos andarilhos errantes, desde os tempos mais remotos.
Aromas de verão furta-cor exalavam das molduras de clorofila, de frutas cítricas à chorinhos de forró sambados, que embalavam os cantos do bordel – um verdadeiro mardi grass de semblantes de todas as partes do mundo: saqueadores holandeses, alemães nazi-fascistas & ogros ítalos mãos-de-vaca. Cafetões, estupradores & ladrões, que chegavam & partiam com a mesma leveza dos seres do ar, malignos elfos viajantes, espécies variadas do mesmo caráter de grafia nauseabunda, de murchar as rosas mais vibrantes.
Um carnaval de máscaras & de cores, incapaz de maquiar a expressão sofrida das putas tristes, nem à doses generosas de caipirinhas ou de milhares gols do Rei Pelé, mas que até enganava bem, desviando a atenção da situação precária do casarão secular, prestes a ruir em pleno rico quintal verdejante, o mais generoso da América do Sul ou de quaisquer das américas, inventadas ou ainda não.
Mordida por um diabo, Lola, a atual dona do meretrício, assim como as anteriores, ensinava às suas doces (ou não tão doces) damas da noite as melhores maneiras de agradar tais trogloditas que ali pousavam: sempre sorridentes, resignadas, & solícitas, independente da proposta ou investida, oferecendo os cangotes perfumados, como gueixas dos trópicos calientes, mães comestíveis dos mares do sul.
Aromas de verão furta-cor exalavam das molduras de clorofila, de frutas cítricas à chorinhos de forró sambados, que embalavam os cantos do bordel – um verdadeiro mardi grass de semblantes de todas as partes do mundo: saqueadores holandeses, alemães nazi-fascistas & ogros ítalos mãos-de-vaca. Cafetões, estupradores & ladrões, que chegavam & partiam com a mesma leveza dos seres do ar, malignos elfos viajantes, espécies variadas do mesmo caráter de grafia nauseabunda, de murchar as rosas mais vibrantes.
Um carnaval de máscaras & de cores, incapaz de maquiar a expressão sofrida das putas tristes, nem à doses generosas de caipirinhas ou de milhares gols do Rei Pelé, mas que até enganava bem, desviando a atenção da situação precária do casarão secular, prestes a ruir em pleno rico quintal verdejante, o mais generoso da América do Sul ou de quaisquer das américas, inventadas ou ainda não.
Mordida por um diabo, Lola, a atual dona do meretrício, assim como as anteriores, ensinava às suas doces (ou não tão doces) damas da noite as melhores maneiras de agradar tais trogloditas que ali pousavam: sempre sorridentes, resignadas, & solícitas, independente da proposta ou investida, oferecendo os cangotes perfumados, como gueixas dos trópicos calientes, mães comestíveis dos mares do sul.
E elas davam conta do recado. Mas hora não recebiam a bufunfa, hora eram violentadas. Só que isso não parecia incomodar, principalmente as putas velhas de guerra. Já as novas, faziam cena no começo, greve de sexo ou ameaçavam sair do bordel. Porém logo esqueciam das mazelas – derramadas em lágrimas & ranhos nos roupões de cetim vermelho apodrecido – fazendo compras nas mais caras butiques & armazéns da província.
Não raro as capitus recebiam propostas falsas de casamento, se apaixonavam perdidamente por um gringo, querendo seguir viagem com algum deles, ou ainda emprenhavam, dando vida à criaturas mestiças & órfãs de pais vivos. Tais fatos resultavam em acúmulos de ilusões nas negras olheiras, de sonhos de cunho fajuto, que se perdiam no tempo.
Com as caras inchadas de cachaça & desilusão, encaradas no espelho do banheiro fedendo à incenso indiano, as messalinas não viam outra saída a não ser se agarrar em crenças baratas, de imagens & de santos, idolatrados em um cômodo sagrado do casarão. Deuses & deusas importados do outro lado do oceano, que vieram de gaiato na bagagem da coroa portuguesa centenas de anos antes, agora eram os seus confidentes mais íntimos que, se tivessem bocas falantes, contariam as histórias mais cabeludas da paróquia.
De qualquer forma, vomitar os pecados aos pés dos santos parecia funcionar, ainda que todos eles se repetiriam dia após dia nos leitos de colchas de retalhos, maculadas pelos fluidos mais variados dos corpos viajantes que ali se deleitavam & saiam. Afinal, seus ídolos deveriam ter a mesma memória de peixe, a esperança de asno & a alegria de uma hiena para sobreviver no solo tupiniquim, rejeitado por Carlota Joaquina, caso contrário morreriam na praia, multicor pelo óleo do petróleo roubado.
E com os pecados nos ombros de deus, as despensas & os guarda-roupas obesos de futilidades que não preenchem sequer um dos vazios violentos, de sorrisos largos & fáceis, as cortesãs seguem embriagadas & rastejantes: usadas, abusadas, porém confiantes, de que um dia chegue ao bordel um jovem com alma de poeta, algo entre Pessoa & Cruz & Souza, que as tire para bailar & as leve finalmente para o altar.
Não raro as capitus recebiam propostas falsas de casamento, se apaixonavam perdidamente por um gringo, querendo seguir viagem com algum deles, ou ainda emprenhavam, dando vida à criaturas mestiças & órfãs de pais vivos. Tais fatos resultavam em acúmulos de ilusões nas negras olheiras, de sonhos de cunho fajuto, que se perdiam no tempo.
Com as caras inchadas de cachaça & desilusão, encaradas no espelho do banheiro fedendo à incenso indiano, as messalinas não viam outra saída a não ser se agarrar em crenças baratas, de imagens & de santos, idolatrados em um cômodo sagrado do casarão. Deuses & deusas importados do outro lado do oceano, que vieram de gaiato na bagagem da coroa portuguesa centenas de anos antes, agora eram os seus confidentes mais íntimos que, se tivessem bocas falantes, contariam as histórias mais cabeludas da paróquia.
De qualquer forma, vomitar os pecados aos pés dos santos parecia funcionar, ainda que todos eles se repetiriam dia após dia nos leitos de colchas de retalhos, maculadas pelos fluidos mais variados dos corpos viajantes que ali se deleitavam & saiam. Afinal, seus ídolos deveriam ter a mesma memória de peixe, a esperança de asno & a alegria de uma hiena para sobreviver no solo tupiniquim, rejeitado por Carlota Joaquina, caso contrário morreriam na praia, multicor pelo óleo do petróleo roubado.
E com os pecados nos ombros de deus, as despensas & os guarda-roupas obesos de futilidades que não preenchem sequer um dos vazios violentos, de sorrisos largos & fáceis, as cortesãs seguem embriagadas & rastejantes: usadas, abusadas, porém confiantes, de que um dia chegue ao bordel um jovem com alma de poeta, algo entre Pessoa & Cruz & Souza, que as tire para bailar & as leve finalmente para o altar.
(Alegoria sobre o Brasil, elaborada para a disciplina de Comunicação Comparada II)
3 comentários:
Muito massa teu blog. Bom demais.
Por acaso você sabe onde anda Efraim Medina Reyes? O blog dele foi desativado e não tenho o endereço de um novo site, já que o fracasolimitada.com
ainda não está no ar.
Um grande abraço.
Obrigado por tua visita lá no anjo baldio. Eu adoro o Efraim, tenho 3 livros dele. Chegamos até a coversar por e-mail, mas ele sumiu...
Voltarei aqui mais vezes, um grande abraço e vida longa.
Ôi Fabita, descobri que o Efraim está por aqui no my space
http://profile.myspace.com/index.cfmfuseaction=user.viewProfile&friendID=142020209
Até mais.
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