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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

vitrô



estou sozinha outra vez no velho vitrô
tomo um café que me custou r$ 1,50
e fumo um cigarro barato qualquer
ao meu lado, um velho grisalho & barrigudo
que traga cavernoso um cálice de cachaça
enquanto observa o movimento esbaforido
deve ser freguês, pois a garçonete o chama de “seu”
pedindo a ele se quer o sanduíche de sempre
responsável por boa parte da pança disforme
são quase oito horas da noite de sexta
e meu corpo é um misto da chuva da tarde
com a fumaça da semana inteira
agora o cheiro de fritura se une
a esse enredo aromático decadente
meus óculos embaçados já não vêem
o amor que antes vira tantas vezes
e os meus ouvidos são de caos
captando sons variados de trânsito
programas de auditório & cães uivantes
e é nessas noites que penso em ti
nessas & em tantas outras
por que você foi partir?

Um comentário:

Canceriano sem Lar disse...

crítica direta e intensa, bem ao seu estilo... gostei